Líderes do PSDB atenderam a apelo e defenderam projetos em evento para investidores
Mariana Sanches e Silvia Amorim | O Globo
-SÃO PAULO- Em ação combinada com aliados, o governo Michel Temer transformou um evento organizado ontem para investidores em ato de demonstração de força do presidente a uma semana do julgamento na Justiça Eleitoral que pode tirá-lo do cargo. Num clima de otimismo com a economia, a crise política foi ignorada por Temer, ao discursar sobre o cenário brasileiro. As principais lideranças do PSDB atenderam ao apelo do presidente feito na noite anterior, em uma reunião em São Paulo, e levaram especialmente aos estrangeiros uma mensagem positiva sobre o futuro do país.
Dos quatro ministros que estavam no palco com Temer na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2017, organizado pelo governo em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), dois eram do PSDB. O apoio tucano ao peemedebista também teve o reforço do governador Geraldo Alckmin (SP) e do prefeito de São Paulo, João Doria.
Apesar das incertezas que cercam a aprovação das reformas trabalhista e da Previdência por causa da crise política, o tom dos discursos aos investidores foi o de que o governo terá êxito no Congresso. Único ministro a discursar, o tucano Aloysio Nunes Ferreira, das Relações Exteriores, foi um dos primeiros a puxar o coro:
— O presidente Temer não faz apenas um governo de transição; inaugura uma nova geração de reformas do Estado brasileiro. Faz um governo ousadamente reformista, que dialoga com o Congresso, onde tem sólido e majoritário apoio — afirmou o ministro.
Aloysio também foi o único tucano a fazer menção às dificuldades políticas de Temer e, mesmo assim, minimizou seu impacto na economia. O PSDB decidiu esperar até o próximo dia 6, data da retomada do julgamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da chapa DilmaTemer para tomar uma posição sobre permanecer ou desembarcar do governo.
— Há turbulência política, mas não turbulência institucional — disse Aloysio.
Alckmin arrematou a mensagem dos demais tucanos e reafirmou que o PSDB estará com o governo em defesa das reformas.
— Quero destacar nosso empenho com as reformas. O Brasil não quer populismo — disse o governador de São Paulo.
O prefeito João Doria fez um apelo aos investidores, em nome, segundo ele, da esperança no país:
— O Brasil é mais forte que qualquer crise. Já superamos muitas, inclusive as mais graves. Não será diferente agora. Mantenham suas esperanças no Brasil. Mantenham seus investimentos aqui.
Temer fez reunião com o ex-presidente Fernando Henrique e o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), anteontem à noite, antes de um jantar com grandes investidores que vieram ao Brasil para participar do evento. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, também participou da conversa.
Segundo relatos de tucanos, o presidente voltou a fazer um apelo à responsabilidade de todos os partidos da base com a governabilidade e a busca de uma solução para a crise política que atinge o país desde a revelação das delações do empresário Joesley Batista, da JBS, que gravou Temer no Palácio do Jaburu e resultou na instauração de inquérito sobre corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça.
O ministro da Secretaria de Governo, Antônio Imbassahy, do PSDB, disse ontem que não houve mudanças em relação ao posicionamento da legenda no governo Temer depois da reunião entre o presidente, FH e Tasso.
— A posição permanece inalterada, é a posição que o Tasso havia anunciado. De apoio ao governo, às reformas e na expectativa de algo que possa melhorar a situação — afirmou Imbassahy, considerado o artífice do encontro.
RODRIGO MAIA: “PRESIDENTE CORAJOSO”
Em linha com o apoio dado pelos tucanos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), afirmou que Temer é um “presidente corajoso”. O deputado classificou o conjunto de propostas apresentadas pelo governo para modificar as regras previdenciárias como “coração das reformas”:
— O senhor (presidente) conte com a Câmara dos Deputados para que possamos acabar com o populismo e falar a verdade aos brasileiros que, sem a reforma da Previdência, não haverá um futuro correto e digno para os brasileiros. Sem a reforma trabalhista não geraremos milhões de empregos.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB), também adotou discurso de busca pela estabilidade e de empenho para aprovar as reformas porque essa é “a vontade dos representantes do povo no Congresso”. Segundo ele, os parlamentares estão cientes do “seu papel” com o futuro do país e que as reformas, embora propostas pelo peemedebistas, não são mais uma agenda de governo:
— A posição do Congresso é de reafirmar aos investidores estrangeiros e brasileiros a firmeza do Congresso em fazer as reformas — disse Eunício.
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