Em apresentação a investidores, presidente adotou discurso otimista sobre a sua permanência no cargo
Mariana Sanches, Silvia Amorim | O Globo
-SÃO PAULO- O presidente Michel Temer fez uma apresentação ontem a investidores e tentou demonstrar otimismo sobre sua permanência no cargo e a recuperação da economia. Em discurso sobre a área econômica, na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2017, em São Paulo, Temer ignorou a crise política e disse que não existe um “plano B” para o Brasil.
— Chegaremos ao fim de 2018 com a casa em ordem — afirmou.
Aos convidados, o presidente apresentou seus planos como a única opção para a retomada econômica.
— A cada passo, o que nos guiou foi o sentimento de responsabilidade. Se querem um futuro melhor, não há plano B. Afinal, a responsabilidade é de todos.
Por quase meia hora, Temer fez um retrospecto das ações de seu governo nas áreas social e econômica e reafirmou a importância das reformas que ainda tramitam no Congresso. A uma semana do julgamento da chapa Dilma-Temer pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode tirá-lo do cargo, o presidente não mencionou em todo o seu discurso a crise política pela qual o país atravessa.
O presidente referiu-se apenas à crise econômica, reconhecida por ele como a mais grave que o Brasil enfrentou, mas disse que é um fato já superado:
— Vocês puderam encontrar aqui uma economia em recuperação e um governo determinado a completar reformas que estão transformando o país.
Temer disse poder ser considerado “ousado” por tentar tirar do papel as reformas trabalhista e da Previdência:
— Muitos me dizem que estou tendo uma coragem extraordinária. Eu acho que é um pouco mais. É quase uma ousadia. Ao longo dos últimos anos, esboçaram ideias relativas à modernização da legislação trabalhista, e, evidentemente, da reforma previdenciária. Mas sempre foi difícil levar adiante.
Temer ainda alegou que, por cumprir um mandato tampão, poderia ter deixado as reformas de lado:
— Seria muito cômodo que eu assumisse o governo e deixasse as coisas como estavam para que o meu sucessor pudesse levar adiante as reformas fundamentais para o país.
De forma indireta, Temer criticou medidas econômicas tomadas no passado pela sua antecessora, a ex-presidente Dilma Rousseff.
— Houve momentos de medidas simplesmente populistas — criticou.
Segundo o presidente, não será permitido que esse tipo de política volte a ser implantada:
— Nós não permitiremos que voltem a colocar em risco o presente e o futuro dos brasileiros. Nosso compromisso com o país é inquebrantável.
Diante dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDVB-CE), Temer dividiu com o Congresso as realizações de seu governo:
— Eu digo sempre que, em um presidencialismo democrático, quem governa é o Executivo juntamente com o Legislativo. O Legislativo não é um apêndice do Poder Executivo, mas é integrante do governo nacional e, portanto, governamos juntos.
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