sábado, 6 de maio de 2017

Comércio e serviços derrubam emprego no Rio

De cada 100 vagas formais fechadas no país no 1º trimestre, 81 foram eliminadas no estado

Daiane Costa | O Globo

O fechamento de postos de trabalho no comércio e nos serviços no Estado do Rio, que somou 39 mil no primeiro trimestre do ano, fez do estado o que mais destruiu vagas formais no país. De cada cada 100 postos de trabalho com carteira assinada fechados no período em todo o Brasil, 81 foram eliminados no Rio. A conta é do economista da UFRJ Mauro Osório, a partir dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, divulgados mês passado.

Entre os oito setores econômicos verificados pela pesquisa, enquanto no Brasil apenas dois tinham saldo negativo no período, ou seja, demitiram mais do que contrataram, no Rio todos ficaram no vermelho. Comércio e serviços juntos responderam por três quartos do total (52,2 mil) de vagas fechadas no estado. E, na contramão das previsões para o país, de acomodação da taxa de desemprego até o fim do ano, no estado a tendência é de crescimento — hoje, no Rio, está em 13,4% —, tendo em vista o aprofundamento da crise financeira estadual.

— É um desempenho que não surpreende porque, em termos de dinamismo econômico, o estado sempre foi lanterna, desde a transferência da capital para Brasília, nos anos 1960. A exceção foi o período entre 2008 e 2014, quando, graças a uma combinação de fatores, como a recuperação do petróleo, turismo, investimentos em obras e modernização da máquina estadual, houve uma expectativa de inversão de tendência, que foi frustrada com a crise nacional e do estado — avalia Osório.

Os setores de comércio e serviços sentem mais a crise por dependerem diretamente da renda disponível da população. E, com os atrasos de pagamentos dos salários do funcionalismo público, a renda no estado caiu consideravelmente, ressalta Manuel Thedim, economista do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets):

— A massa salarial (total dos rendimentos) do funcionalismo público é de mais de R$ 3 bilhões por mês.

Nenhum comentário: