Passados 16 anos, Nova York volta a sofrer o impacto de um atentado com mortos. Decerto qualquer episódio defrontado com o 11 de Setembro de 2001 se torna menor, mas as oito vítimas de um terrorista a bordo de uma caminhonete em Manhattan provam que não há lugar no mundo capaz de se declarar imune a esse mal.
Identificado como Sayfullo Saipov, 29, o autor do ataque valeu-se de um método que infelizmente tem se mostrado bastante eficaz. Impedir alguém de usar um veículo como arma beira o impossível, dada a simplicidade da ação. Não por acaso, os últimos grandes atos de terror se deram dessa maneira.
Deter uma pessoa com tal propósito exige, claro, intenso trabalho dos serviços de inteligência. Relatos iniciais davam conta de que Saipov planejava sua ação infame havia semanas e tinha contato com pessoas monitoradas por agentes de contraterrorismo.
De fato, autores de ataques do gênero em regra deixam algum rastro da premeditação, não raro percebido por investigadores.
Muitas vezes, contém-se o potencial agressor a tempo, mas não existem recursos financeiros nem humanos bastantes para debelar 100% das ações, mesmo para um país com um aparato de segurança como o dos Estados Unidos.
Como o poder público não pode nem deve se conformar à ideia de que o terrorismo é um fenômeno inevitável, o presidente americano, Donald Trump, prometeu um basta. Seu plano improvisado de reação, porém, apresenta chances escassas de sucesso.
O republicano quer extinguir uma modalidade de concessão de vistos por sorteio, pela qual o imigrante obtém residência permanente se figurar entre os 55 mil estrangeiros escolhidos ao acaso todo ano. Natural do Uzbequistão, Saipov foi um desses agraciados.
O fim desse benefício, contudo, não impedirá que possam atentar contra o país os ilegais ou mesmo aqueles com cidadania americana —caso de Faisal Shahzad, que tencionava explodir um carro-bomba na Times Square em 2010.
Trump falou em ampliar o programa de "monitoramento reforçado" sobre imigrantes, uma ação ainda pouco detalhada. E a Casa Branca luta para fazer valer o decreto que barra a entrada de cidadãos de oito nações, alvo de seguidas contestações na Justiça.
Para o mandatário, "não se pode permitir que o Estado Islâmico retorne ao país". Primeiro, não se sabia ainda ao certo se Saipov era membro ou havia sido inspirado pela milícia. Ademais, acreditar na possibilidade de fechar as fronteiras para o terror soa ingênuo quando qualquer um pode se tornar um assassino ao volante.
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