Vandson Lima e Andrea Jubé | Valor Econômico
BRASÍLIA - Dois 'quase filiados' ao DEM são as novidades no MDB na montagem dos palanques para a disputa pelos governos estaduais em 2018. A sigla, segundo seu presidente, senador Romero Jucá (RR), quer lançar o maior número de candidaturas próprias possíveis e já conta com pré-candidatos em pelo menos 16 Estados.
Depois de ser convidado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a mudar de partido, com a garantia de concorrer ao governo de Minas Gerais pelo DEM, o deputado Rodrigo Pacheco passou a contar com o aval de Jucá para buscar o posto pelo próprio MDB. A pré-candidatura foi discutida entre Jucá e o vice-governador de Minas e presidente do MDB mineiro, Antônio Andrade, em uma reunião antes do Natal.
Pacheco postula a candidatura em meio a um partido dividido, em que metade da bancada federal e a maioria da bancada estadual prefere manter a aliança com o governador Fernando Pimentel, do PT. Dos seis parlamentares da bancada mineira do MDB, três são contra a candidatura própria: Saraiva Felipe, Newton Cardoso Júnior e Mauro Lopes. Este último é pai do presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, fiel aliado de Pimentel no Estado e que lidera a bancada estadual do MDB, favorável à reeleição do petista.
Um interlocutor de Pacheco disse ao Valor que ele trabalha para viabilizar sua candidatura pelo MDB, com apoio de Jucá e do vice-governador Antônio Andrade, que rompeu com Pimentel. No entanto, se até abril - quando expira a janela para troca de partidos -, o MDB não definir o impasse e sinalizar pela manutenção da aliança com o PT, Pacheco deve aceitar o convite de Maia e migrar para o DEM. Jucá defende o nome de Pacheco, mas já esclareceu que não vai barrar alianças estaduais do MDB com o PT. A decisão final será sacramentada na convenção estadual da sigla, que só ocorrerá em junho, próximo ao registro das candidaturas.
A candidatura de Pacheco seria o segundo revés nas pretensões de Maia causado pelo MDB. O primeiro, que ele chegou a classificar como uma "facada nas costas", foi a ida do senador Fernando Bezerra Coelho para a sigla do presidente Michel Temer.
Bezerra e o primogênito, o ministro de Minas e Energia Fernando Filho, estavam acertados para deixarem o PSB rumo ao DEM, mas foram seduzidos pela oferta de se tornarem caciques do MDB pernambucano, desalojando o grupo encabeçado pelo deputados Jarbas Vasconcelos. Enquanto Fernando Filho ainda deve aguardar a janela partidária de abril para definir se de fato irá ao MDB, Fernando Bezerra Coelho já se filiou, tornou-se vice-líder do MDB no Senado e passou a compor uma frente com PTB, PSDB e o próprio DEM para construção de uma candidatura de oposição ao atual governo, de Paulo Câmara (PSB).
"Estamos caminhando para uma composição com essas forças. Decidimos que em abril bateremos o martelo, definindo a posição de cada um na chapa. Mas minha pré-candidatura ao governo está colocada sim", confirma ao Valor Bezerra Coelho.
Mais difícil será o arranjo para posicionar o MDB no Rio de Janeiro e na Bahia. Devastado após os escândalos envolvendo, respectivamente, o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, ambos presos, a legenda ainda não tem destino certo nestes Estados. "Estamos trabalhando com muita responsabilidade e muito cuidado. No Rio estamos discutindo ainda como fazer, assim como na Bahia", afirma Jucá.
Uma possibilidade seria a candidatura do ex-prefeito da capital Eduardo Paes, neste momento trabalhando para o Banco Mundial. Há, no entanto, várias dificuldades. A primeira é a condenação do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, que tornou Paes inelegível por oito anos por abuso de poder político-econômico - cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral. A segunda dificuldade vem do próprio desejo de Paes de se desvincular dos vários escândalos que derrubaram a cúpula do MDB fluminense. Por conta disso, ele tem mantido conversas para migrar ao PP ou PTB.
De certo, o MDB lançará no Pará o atual ministro da Integração Nacional, Hélder Barbalho, no momento favorito nas pesquisas de intenção de voto.
Da mesma forma, o senador Roberto Requião deve se candidatar no Paraná. No Maranhão, após a derrota histórica do PMDB no primeiro turno de 2014, para Flávio Dino (o candidato era Lobão Filho), a ex-governadora Roseana Sarney tenta retomar a hegemonia do clã e buscará comandar o Estado pela quinta vez.
Três governadores do MDB buscarão ainda a reeleição no próximo ano: Ivo Sartori, no Rio Grande do Sul; Renan Filho, em Alagoas; e Marcelo Miranda, em Tocantins.
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