- O Globo
O que Oprah e Luciano Huck têm em comum. A televisão de entretenimento no domingo trouxe ao debate dois fatos políticos importantes, aqui e nos Estados Unidos, por motivações idênticas, levando a especulações sobre candidaturas presidenciais de Luciano Huck e Oprah Winfrey, ambos, guardadas as devidas proporções, apresentadores de programas de grande audiência em seus países.
Odesgaste dos políticos profissionais é um fenômeno presente em vários países do mundo, e já teve sua consequência máxima ao ajudar a eleger Donald Trump presidente dos Estados Unidos. Daí a especulação sobre Oprah, que na festa do Globo de Ouro fez um discurso típico de candidata, e foi ajudada pelo apresentador da noite, o ator e comediante Seth Meyers, que foi sutil ao sinalizar essa possibilidade.
Ao se referir a ela, que recebia naquela noite o Prêmio Cecil B. DeMille, lembrou que em 2011 contara algumas piadas sobre o atual presidente no jantar dos correspondentes da Casa Branca, sobre como ele não tinha qualificação para ser presidente, e alguns garantem que naquela noite ele se convenceu a concorrer. “Então, se isso for verdade, só quero dizer: Oprah, você nunca será presidente! Você não tem o que é preciso!”.
Já Faustão, em seu programa, foi mais direto, perguntou se Huck seria candidato à Presidência da República. A resposta foi quase uma declaração de que se apresenta para a corrida sucessória: “Neste momento, se eu me isentar de tentar melhorar, eu estaria sendo covarde. Daí a querer ser presidente, não quero que seja uma pretensão minha e não quero ser pretensioso de maneira alguma. (...) O que estou fazendo, e vou continuar fazendo, é tentar mobilizar uma geração inteira, não importa se é de direita ou de esquerda, não acredito mais nisso. E não queria fazer isso pelos partidos políticos, porque eles estão derretendo, temos que ocupar de novo (...).”
“(...) Minha missão este ano é tentar motivar as pessoas a que votem com muita consciência, e que a gente traga os amigos que estão a fim para ocupar a política, senão não vai ter solução. Eu jamais vou ser o salvador da pátria. (...) O que o destino, que Deus espera para mim, eu vou deixar rolar. (...) Mas eu vou participar, eu vou botar a mão na massa, eu quero ajudar, eu acredito muito no Brasil e contem comigo para tentar melhorar essa bagunça geral aqui.”
Oprah Winfrey também não se fez de rogada. Primeiro se colocou, lembrando sua infância humilde e os problemas raciais nos Estados Unidos: “Em 1964, eu era uma pequena garota sentada no chão de linóleo da casa da minha mãe em Milwaukee, observando Anne Bancroft apresentar o Oscar de melhor ator. Ela abriu o envelope e disse cinco palavras que literalmente fizeram história: ‘O vencedor é Sidney Poitier.’”
Em seguida, declarou-se uma pessoa verdadeira: “O que eu sei com certeza é que falar sua verdade é a ferramenta mais poderosa que todos nós temos”. E se colocou como representante das mulheres de todos os níveis sociais, que na cerimônia do Globo de Ouro estavam sendo homenageadas numa campanha contra o assédio sexual.
Lembrou Recy Taylor, mulher negra sequestrada e estuprada por seis homens brancos em 1944, que morreu dez dias atrás, aos 98 anos. “Ela viveu, como todos nós vivemos, muitos anos em uma cultura tomada por homens brutalmente poderosos. E, por muito tempo, as mulheres não foram ouvidas. Esse tempo acabou.”
Assim como Huck, também Oprah enviou uma mensagem de esperança para as meninas americanas: “Quero que todas as garotas saibam, aqui e agora, que um novo dia está no horizonte. E quando esse novo dia finalmente chegar, será por causa de muitas mulheres magníficas, muitas das quais estão aqui nesta sala esta noite, e alguns homens fenomenais, lutando para garantir que eles se tornem os líderes que nos levarão ao tempo em que ninguém nunca mais tenha que dizer ‘eu também’ novamente”.
A motivação para que se especule sobre a possibilidade de dois astros da TV virem a ser candidatos à Presidência de seus países tem a mesma raiz, o desgaste da política tradicional, mas reflete situações quase opostas. Nos Estados Unidos, a experiência com Trump apresenta resultados negativos nesse primeiro ano de mandato, sua popularidade está em baixa e os Democratas procuram uma alternativa para impedir sua reeleição, mas não há grandes nomes políticos à vista.
Já aqui, o desgaste da política tradicional leva a que uma renovação de quadros seja ansiada pelo eleitorado. Luciano Huck foi visto como potencial candidato à Presidência, e depois anunciou que não concorreria. Seus comentários no domingo foram interpretados como uma retomada de uma possibilidade de candidatura. Mas lá o Partido Republicano não está pensando em processar a Oprah, ou o Seth Myers, ou a NBC
Um comentário:
O Luciano deixou bem claro que não será candidato.
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