Manifestações a plano B são repudiadas, e ordem é reafirmar candidatura do ex-presidente, mesmo preso
Sérgio Roxo | O Globo
SÃO PAULO - Apesar da pressão de aliados e lideranças do próprio partido, a direção do PT interditou completamente, neste primeiro mês da prisão do ex-presidente Lula, qualquer debate interno sobre rumos eleitorais alternativos para a disputa de outubro. Comandados pela presidente da legenda, a senadora Gleisi Hoffmann (PR), os dirigentes montaram uma verdadeira patrulha que reage imediatamente com vigor a falas que sugerem a possibilidade de construção de um plano B. A ordem é reafirmar que Lula será candidato ao Palácio do Planalto, mesmo que esteja preso.
Internamente, qualquer um que cogite a hipótese de colocar em discussão uma alternativa ao ex-presidente passa a ser tachado de “traidor de Lula”.
— O pessoal não dá nem chance de você falar qualquer coisa. É como uma patrulha — afirma um petista, que considera o apoio do partido ao pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, uma boa alternativa para a disputa presidencial.
E justamente os dois nomes cotados para o plano B do partido, o ex-ministro Jaques Wagner e o ex-prefeito Fernando Haddad, são os que mais têm sofrido com a vigilância petista. No 1º de Maio, Wagner disse que o PT “pode” aceitar ser vice de Ciro se Lula for impedido de concorrer. Foi o suficiente para Gleisi reagir. Na quinta-feira, depois de visitar Lula ao lado do próprio ex-ministro, a presidente do PT disse que o pré-candidato do PDT “não está na pauta” do partido. Já Haddad tem incomodado por causa de suas movimentações. Ele se encontrou com Ciro duas vezes nos últimos dois meses.
Mas a forma de controle também desagrada. Até dirigentes que defendem a candidatura de Lula como única alternativa avaliam que Gleisi tem saído do tom nas suas reações e, dessa forma, afastado ainda mais aliados que poderiam engrossar a defesa do ex-presidente. Para um integrante da cúpula do partido, a postura é consequência justamente da ausência do líder petista por causa de sua prisão no dia 7 de abril.
— O Lula faz muita falta. Sempre que alguém seguia por um caminho mais radical ele chamava para conversar. Nós já temos problemas demais atualmente para ficar arrumando briga com o Ciro. E as lideranças do partido têm o direto de se expressar. Não pode disparar o relho desse jeito — pondera.
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