Aproximação de tucano com presidente enfrenta resistência no PSDB e entre aliados
“Voto você não recusa. Outra coisa é fazer coligação política. Vai perguntar se o presidente Lula vai recusar o voto do Collor.”
Um constrangido Fernando Henrique Cardoso tentava justificar assim o apoio de Anthony Garotinho (então no PMDB) ao tucano Geraldo Alckmin no segundo turno da eleição presidencial de 2006.
FHC era contra a união, mas foi driblado por uma ala do PSDB seduzida pela ideia de que a aliança ampliaria a estrutura de campanha de Alckmin.
A matemática política, porém, não é uma ciência exata. Os votos do ex-governador fluminense, enrolado em suspeitas de irregularidades, nunca chegaram. Pelo contrário: Alckmin conseguiu a proeza de sair do segundo turno com um resultado pior do que no primeiro.
A disputa de 2018 pode ser a prova dos nove do peso das máquinas partidárias e alianças nas eleições. A estrutura política e o espaço na propaganda de TV valerão mais do que as mensagens dos candidatos?
Alckmin pareceu apostar na primeira alternativa ao telefonar para Michel Temer na sexta (4).
Os dois ensaiam uma aproximação que pode levar a uma aliança entre MDB e PSDB para evitar a fragmentação da centro-direita nesta campanha.
Originalmente refratário à união com um presidente impopular e investigado por corrupção, Alckmin mudou de ideia. Temer promete entregar um bloco de partidos que daria estrutura (verba federal, palanques nos estados e apoio de prefeitos) e tempo na TV para tirar do chão a candidatura do tucano.
É uma jogada de risco às vésperas de uma disputa marcada pela rejeição à política tradicional. A proposta enfrenta resistências entre tucanos (FHC não gosta da ideia) e outros potenciais aliados (o DEM, por exemplo, ficou contrariado).
As primeiras imagens de Garotinho ao lado de Alckmin em 2006 rodaram o país e abriram uma crise na candidatura tucana. Agora, resta saber se Temer será um investidor oculto da campanha ou se exigirá posição de destaque na fotografia.
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