Como esperado, PIB do 1º trimestre revela fraqueza; expectativa de melhora ficou nebulosa
Em meio aos abalos trazidos pela paralisação dos caminhoneiros, o anúncio de que a economia brasileira cresceu apenas 0,4% no primeiro trimestre do ano —na comparação com o final de 2017— foi recebido quase como notícia velha.
Os dados, tomados de forma isolada, até mostraram alguma melhora. Consumo e investimento se mantiveram em alta, de 0,5% e 0,6%, respectivamente, e a maioria dos setores produtivos já vinha operando em terreno positivo.
Mesmo assim, as já cambaleantes projeções para o avanço do Produto Interno Bruto em 2018, situadas entre 2% e 2,5% até recentemente, tendem a cair mais.
Elas se baseavam na expectativa de aceleração gradual ao longo do ano, trajetória posta em dúvida pelo movimento paredista —mas não somente por ele.
Normalizar a produção e o abastecimento ainda deve tomar várias semanas, comprometendo os resultados do 2º trimestre. Por outro lado, também é plausível que o impacto da paralisação venha a se mostrar menor do que parece hoje, no calor dos acontecimentos.
A experiência de outros países mostra que abalos pontuais —caso de problemas climáticos e greves— na maior parte das vezes não alteram a tendência de médio prazo da atividade econômica.
No Brasil, entretanto, o efeito dos caminhoneiros se soma a outras perturbações que já contaminavam a confiança de famílias e empresas. Entre eles estão o desemprego ainda elevado, a precariedade dos postos de trabalho gerados, o lento crescimento da renda e a escassez de crédito, sobretudo para pessoas jurídicas.
Mais recentemente, desde abril ao menos, o ambiente financeiro também tem se deteriorado. Desvalorização do real e alta das taxas de longo prazo no mercado elevam os custos de financiamento, com impacto negativo sobre as intenções de investir e contratar.
Entre as razões estão fatores internacionais, como os juros em alta nos Estados Unidos, e locais, caso da incerteza eleitoral.
Ainda que o bem-sucedido boicote dos caminhoneiros não abra caminho para novas turbulências econômicas e políticas, o fato é que dificilmente haverá entusiasmo nesse panorama.
Combalido, o governo Michel Temer (MDB) permanece refém dos acontecimentos e tem pouca margem de manobra. Não consegue nem mesmo evitar novos danos às contas públicas, como ficou demonstrado por sua capitulação diante dos paredistas.
Ao que tudo indica, a economia não deslanchará antes do desfecho das eleições e sem que haja clareza do próximo mandatário a respeito de como enfrentará os grandes e urgentes problemas nacionais.
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