Tema precisa ficar longe de ideologias, para se concentrar no bem-estar da população
Em junho de 1992, cerca de 180 chefes de Estado ou governo, entre eles os maiores PIBs do planeta, participaram, no Rio, da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco-92). O histórico encontro abriu perspectivas de um destino menos sombrio para a humanidade. Entendia-se que não seria possível crescera qualquer custo, degradando o meio ambiente, esgotando os recursos naturais e ameaçando o bem-estar das futuras gerações. Duas décadas e meia depois, com o mundo alarmado pelos efeitos das mudanças climáticas, a agenda ambiental está ainda mais na ordem do dia. Não por proselitismo, mas por sobrevivência.
Os relatórios da ONU sobre os efeitos da ação do homem no meio ambiente são alarmantes. Um estudo da OMS apresenta doesta semana durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas( CO P -24), na Polônia, revela que nove em cada dez pessoas respiram ar contaminado. A poluição causa 7 milhões de mortes por ano em todo o mundo, resultando em gastos globais de US$ 5,11 trilhões. Os 15 países que mais emitem gases de efeito estufa consomem até 4% de seu PIB para tratar os impactos desse mal.
Outra notícia preocupante, divulgada paralelamente à COP-24, é que as emissões de dióxido de carbono (C02), que contribuem para o aquecimento global, registraram em 2018 o maior aumento dos últimos sete anos, pondo em risco o cumprimento das metas do Acordo de Paris, que tenta pôr um freio a essa calamidade.
Segundo a ONU, atingir as metas do Acordo de Paris, reduzindo-se apenas a poluição do ar, poderia salvar até um milhão de vidas por ano em todo o mundo até 2050. Cientistas sustentam que sairia mais barato cumprir o pacto do clima do que mitigar as inevitáveis consequências das emissões.
Num contexto em que esse debate ganha cada vez mais importância, o presidente eleito Jair Bolsonaro parece ir na contramão, seguindo a corrente do presidente dos EUA, Donald Trump, e de líderes direitistas mundo afora. A seu pedido, o atual governo desistiu de sediar a Conferência do Clima em 2019, abrindo mão de um protagonismo conquistado desde a Rio-92.
Também não favorece a imagem do país o enfraquecimento de órgãos ambientais fiscalizadores. No início do mês, Bolsonaro disse que pretende acabar com a festa de multas do Ibama. Ora, elas punem quem desmata, polui, faz pesca ou caça predatória ou extrai recursos ilegalmente.
O debate que já dura algumas décadas, e dados consistentes sobre o impacto do homem no ambiente, deveriam ter afastado as ideologias do tema. A preocupação com a preservação da natureza não é de direita ou esquerda. É assunto de interesse da humanidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário