Ex-presidente classifica gestão de extrema-direita, mas não vê riscos
- O Globo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse que é oposição ao presidente Jair Bolsonaro (PSL), mas torce para o governo não cometer grandes erros. Em entrevista à Rádio França Internacional, veiculada na segunda-feira, FH afirmou considerar a gestão de Bolsonaro como de extrema-direita, mas ressaltou que não vê riscos para a democracia no Brasil.
Questionado sobre uma declaração anterior, de que faria oposição se o Brasil elegesse um governo de extrema-direita, o tucano respondeu que tem “discrepâncias grandes com a visão de alguns setores do governo”.
—Eu seria oposição de qualquer maneira. Não votei nele porque não concordo com as ideias que ele expressou durante a campanha. Agora, isso não me leva a dizer que o governo vá ser um governo que quebre as regras democráticas. Isso é outra coisa.
Por outro lado, FH disse que torce para que não haja erros na gestão.
— Oposição não pode ser destrutiva, no sentido de dizer que tudo o que vai ser feito pelo governo é errado porque vem do governo. O que não tiver errado, por que eu vou ficar contra? Eu digo errado no sentido do bem-estar do povo, do crescimento da economia, da manutenção das regras democráticas.
A posição de FH não é unanimidade no PSDB. O partido ainda não discutiu qual será seu posicionamento oficial em relação ao governo federal. O governador de São Paulo, João Doria, por exemplo, fez campanha para Bolsonaro no segundo turno e tem pregado apoio a bandeiras do governo federal. Atualmente, a tendência é que a sigla apoie projetos como a reforma da Previdência, mas não faça uma aliança automática com o governo.
FH credita a vitória de Bolsonaro à “irritação da população com a corrupção”, o que levou, em sua opinião, ao fim de um ciclo político montado a partir da Constituição de 1988, e à existência de uma “violência espraiada no país”.
— Eles (eleitores) queriam ordem. (A eleição de Bolsonaro) Foi mais em função de simbolizar a ordem e não estar vinculado a processos corruptivos. O que não quer dizer que o governo não tenha dentro dele elementos de direita. Tem. De extrema-direita.
Embora não tenha votado em Bolsonaro, FH disse que também não votou em Fernando Haddad (PT) no segundo turno porque não concorda com as posições do PT, que levaram “a este descalabro em que nós estamos”.
— Não achei que valesse a pena comprometer minha posição de pensamento por uma candidatura que se dizia progressista, mas que tem em si as marcas do desastre que houve no Brasil: a estagnação da economia e a pauperização, não intencional, mas como consequência de muitos malfeitos e muita corrupção.
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