Por Alessandra Saraiva e Rafael Rosas | Valor Econômico
RIO - O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) voltou a ser alvo de denúncias que questionam nomeações feitas para seu gabinete, quando foi deputado estadual no Rio de Janeiro. O assessor Fabrício Queiroz teria nomeado parentes - a mulher e a mãe - do capitão da Polícia Militar Adriano Magalhães da Nóbrega, supostamente ligadas a uma milícia. O policial teve ontem a prisão preventiva decretada no âmbito da operação "Os Intocáveis", deflagrada pelo Ministério Público do Rio e o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), com o objetivo de desarticular a milícia que atua em Rio das Pedras, na zona oeste do Rio. Nóbrega está foragido.
Parentes de suspeito de integrar milícia trabalharam em gabinete de Flávio
O senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL) voltou a ser alvo de denúncias que questionam nomeações feitas por ele em seu gabinete na época em que era deputado estadual no Rio. Mais uma vez o assessor Fabrício Queiroz está no centro das nomeações, que agora envolvem parentes do ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega. Ele teve ontem a prisão preventiva decretada no âmbito da operação "Os Intocáveis", deflagrada pelo Ministério Público do Rio e pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) com o objetivo de desarticular a milícia que atua em Rio das Pedras, na zona oeste da cidade. Nóbrega está foragido.
Adriano, que foi capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope), é apontado como um dos integrantes do Escritório do Crime, grupo apontado como responsável por diversas execuções no Rio na última década. Segundo o MP, não está descartada a ligação de acusados na operação de ontem no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Em entrevista ao "Jornal Nacional", o deputado federal eleito Marcelo Freixo (Psol) disse que não se pode garantir que os presos ontem tenham relação com o caso Marielle, uma vez que a investigação do assassinato da vereadora está a cargo de Delegacia de Homicídios e não da Gaeco. Adriano foi expulso da PM em 2014, por fazer serviço de segurança a um contraventor.
O ex-PM foi homenageado com a medalha Tiradentes em junho de 2005 pela Assembleia Legislativa do Rio a pedido de Flávio Bolsonaro. Além disso, o hoje senador eleito empregou em seu gabinete Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, respectivamente mãe e mulher de Nóbrega. Ambas foram exoneradas, a pedido, em novembro.
Flávio divulgou nota em suas contas nas redes sociais afirmando que é vítima de campanha difamatória, com objetivo de atingir o presidente Jair Bolsonaro, seu pai. Segundo ele, as nomeações da mãe e da mulher de Nóbrega seriam indicações de Queiroz, seu ex-assessor apontado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como responsável por movimentações atípicas de R$ 7 milhões em três anos. Convidado a prestar esclarecimento ao Ministério Público do Rio, Queiroz alegou motivos de saúde - trata-se de um câncer - para não comparecer.
"Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar", afirmou Flávio no Instagram e no Twitter. "Sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos".
De acordo com o Ministério Público do Rio, as investigações, realizadas por meio de escutas telefônicas e notícias de crimes, recebidas pelo canal Disque Denúncia, evidenciariam que Adriano e outros 12 alvos de mandados de prisão na operação "Os Intocáveis" estariam envolvidos em atividades de grilagem, construção, venda e locação ilegal de imóveis; receptação de carga roubada; posse e porte ilegal de arma; extorsão de moradores e comerciantes, mediante cobrança de taxas referentes a "serviços" prestados; ocultação de bens adquiridos com atividades ilícitas, por meio de 'laranjas'; falsificação de documentos; pagamento de propina a agentes públicos; agiotagem; utilização de ligações clandestinas de água e energia; uso da força como meio de intimidação para manutenção de domínio territorial na região.
O MP informou ainda que, segundo as investigações, o ex-capitão Adriano seria o líder da organização criminosa, juntamente com o major Ronald Paulo Alves Pereira e o tenente reformado da PM, Maurício Silva da Costa. Na denúncia, o MP requer a condenação dos denunciados, com variações conforme a atuação de cada um, por promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa, com pena de reclusão de três a oito anos, e multa; e por crimes de homicídio com reclusão de 12 a 30 anos.
A defesa de Fabrício Queiroz, divulgou nova nota à imprensa na qual corrobora a versão de Flávio e afirma que Queiroz foi o responsável pela nomeação da mãe e da mulher de Nóbrega para trabalharem no gabinete do senador eleito. Além disso, confirma que foi Queiroz que sugeriu a Flávio a moção de homenagem ao ex-PM.
O advogado ressaltou que Queiroz e Nóbrega se conheceram quando trabalharam juntos no 18º Batalhão de Polícia Militar e que seu cliente não tinha conhecimento do suposto envolvimento do ex-PM com a milícia. A moção de homenagem ao ex-PM na Assembleia Legislativa aconteceu em função "dos elevados índices de êxito na condução das ocorrências policiais registradas" por sua equipe na PM". Além disso, diz que a mãe e a mulher de Nóbrega foram convidadas a trabalhar no gabinete de Flávio porque Queiroz se "solidarizou com a família que passava por grande dificuldade", uma vez que Nóbrega à época estava preso por assassinato, acusação da qual foi inocentado.
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