Para o presidente da Câmara, congresso deve articular uma agenda de combate aos efeitos do coronavírus com ‘aqueles que tem uma cabeça racional no governo’
Suzana Corrêa | O Globo
SÃO PAULO — O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, declarou nesta sexta-feira que as dificuldades para a realização de reformas e a retomada econômica no país se devem ao descompromisso do governo Bolsonaro com a defesa da democracia e do meio ambiente.
Em evento no Instituto FHC sobre a agenda parlamentar de 2020, o deputado também atribuiu o baixo crescimento à atuação de ministros que promovem ‘desequilíbrios’ no cenário nacional e defendeu acordo no Congresso para enfrentamento dos efeitos do novo coronavírus no país.
— Ontem mesmo recebi um grupo de investidores estrangeiros e faltaram quatro europeus. O líder do grupo disse: ‘olha, infelizmente os investidores europeus foram impedidos de vir ao país por causa do tema da sustentabilidade’. Há um mau humor claro dos investidores em relação ao Brasil por esse tema — afirmou. — Precisamos ser pragmáticos para não perder o que construímos na área ambiental e garantir a retomada do diálogo com esses investidores.
Maia também comentou a lentidão para encaminhamento das reformas administrativa e tributária pelo Executivo e defendeu união do Congresso em agenda que combata os efeitos da crise do novo coronavírus na economia.
— Em conversa com o presidente Davi (Alcolumbre, do Senado) mais cedo, ele me disse que vai propor – e acho que ele está no caminho correto, já que o governo não propôs – uma reunião da equipe econômica com o Congresso Nacional, para que a gente possa compreender qual o tamanho da crise (econômica) que o Brasil vive e quais os impactos que virão da crise com o coronavírus. — disse.
O deputado afirmou ainda que, "com aqueles que tem uma cabeça racional no governo", o Congresso deve organizar calendário de medidas sobre o assunto, que definiu como “uma sinalização importante pra sociedade e os atores econômicos.”
A contribuição de ministros do governo no cenário de incertezas também foi alvo de críticas do parlamentar.
— O grande problema é que o próprio governo vem gerando uma insegurança grande para a sociedade e os investidores. As pessoas estão deixando de investir no Brasil pelo motivo do meio ambiente e da questão democrática. Eu não acredito que o governo vá avançar nisso, pelas minhas conversas com o presidente. Na hora que as redes sociais caminham desse jeito, na hora que um ministro, que diziam no início que iria garantir o equilíbrio, passou a ser o ministro do desequilíbrio, é claro que isso vai gerando inseguranças.
O parlamentar criticou também as pressões do ministro da Economia, Paulo Guedes, para que o parlamento aprove uma série de projetos em 15 semanas:
— Agora o ministro Guedes diz: ‘temos só 15 semanas’. Querem mais uma vez transmitir (a urgência) para o parlamento. É claro, perderam o ano passado inteiro. Só que a (reforma) tributária não chegou, a administrativa não chegou, a (PEC) Emergencial só chegou em novembro — criticou.
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