- Folha de S. Paulo
O termo, nascido em uma caçamba de lixo, é usado como salvação para o Brasil
Em meados da semana, enquanto o Brasil caminhava para ser o país com maior taxa de contágio por coronavírus do mundo, o deputado federal Daniel Silveira (PSL), integrante da bancada dos marombados, divertia-se no Twitter inflamando seus seguidores de extrema direita: "Está na hora de Ucrânizar (sic) o Brasil! Quem sabe o que foi feito por lá, entenderá". Erro de português é praxe, quase um selo de qualidade, em postagens do tipo.
Eleito pelo Rio, o ex-PM Silveira é aquele que virou subcelebridade política ao quebrar a placa em homenagem a Marielle Franco. Atualmente é um dos principais alvos do inquérito aberto pelo STF para investigar atos contra a democracia. Um dos 10 ou 12 deputados lembrados por Bolsonaro na mensagem que o ex-ministro Moro apresentou como prova de interferência do presidente na Polícia Federal.
Ucranizar é linguagem de sarjeta. Refere-se à crise de 2013, quando parte da população da Ucrânia se reuniu em protestos violentos que derrubaram o governo. Na ocasião, manifestantes enfurecidos cercaram o Parlamento. Um deputado foi agarrado e empurrado de cabeça para baixo numa caçamba de lixo, cena que viralizou na internet. Desde então o país do Leste Europeu vive mergulhado em caos econômico e político, com milícias paramilitares combatendo nas ruas.
Em meio à pandemia, há quem proponha guerra civil. É o caso de Roberto Jefferson, o mensaleiro condenado por corrupção. De repente, ele ressuscitou --e, incrível, sem o olho roxo-- como novo aliado de Bolsonaro no centrão. Numa entrevista, Jefferson candidatou-se a ministro da Segurança Pública: "Quem faz a base de Bolsonaro? Policial civil, policial militar, bombeiro, policial rodoviário, policial federal, militar na ativa, militar reformado. Uma base forte e disposta à luta. Uma base de leões. Se tiver que defender o chefe leão, esse grupo vai".
Ucrânia perde.
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