segunda-feira, 20 de julho de 2020

Ricardo Noblat - Por que Bolsonaro defende mais armas para todos

- Blog do Noblat | Veja

Um exército particular para correr em seu socorro

Deitados em berço esplêndido, por leniência ou cumplicidade, os militares assistem o presidente Jair Bolsonaro armar o país, pois é disso que se trata. Em 2009, segundo levantamento do jornal GLOBO, 8.692 armas foram registradas por cidadãos comuns.

No ano passado, o número saltou para 61 mil. Este ano, até abril, 33.776. A manter esse ritmo, o ano fechará com mais de 100 mil novas armas registradas. Dos 27 Estados brasileiros, incluindo o Distrito Federal, só houve queda no Amazonas.

Tantas armas nas mãos de civis para quê? Segundo o candidato Bolsonaro, para que defendam a própria vida. Seria uma obrigação do Estado, como está escrito na Constituição… Mas, e daí? Como o Estado falha e o crime avança, cada um que se vire.

Bolsonaro presidente passou a dizer que o povo deve se armar para defender sua liberdade. Mas liberdade de quê? Liberdade de expressão, que Bolsonaro invoca quando se fala das fake news que rolam nas redes sociais? Ora, existem leis que asseguram isso!

Na célebre reunião ministerial de 22 de abril último, o presidente alegou que o povo precisa armar-se para desobedecer ordens absurdas como a de um soldado que algemou uma mulher porque ela se recusou a respeitar o isolamento social em São Paulo.

Quer dizer: no entendimento de Bolsonaro, a mulher poderia ter reagido ao policial informando-o de que também estava armada. Ou sacando o revólver para que não restasse dúvida de que estava armada. Ou, no extremo, atirando no policial, sei lá.

Bolsonaro seria apenas ignorante ou maluco se pensasse que de fato uma população armada estaria menos sujeita à violência. Ele mesmo, à época de deputado, foi assaltado por dois bandidos no Rio. Entregou tudo que tinha sem reagir, até uma pistola.

Deu sorte. As estatísticas mostram que um civil armado corre mais risco de morrer do que um civil desarmado. O fator surpresa está sempre do lado do bandido. É por isso que um policial armado, por mais bem treinado que seja, nem sempre reage a um assalto.

Então Bolsonaro pensa no quê ao pregar mais armas para todos? A tal pergunta, ele já ofereceu a mesma resposta em pelo menos duas ocasiões – a primeira, no ano passado, ao discursar em um quartel do Rio Grande do Sul; a segunda, na reunião ministerial de abril.

Bolsonaro quer armar os brasileiros para que eles evitem a implantação de uma nova ditadura no país. Ditadura de esquerda, naturalmente. Imagine se Lula viesse com a história de armar o povo para impedir a instauração de uma nova ditadura no país…

Na verdade, o que Bolsonaro gostaria é que os brasileiros que o seguem peguem em armas para defendê-lo em caso de necessidade. Por caso de necessidade, entenda-se: a ameaça de impeachment. Ou a ameaça de derrota nas eleições de 2022.

Por ora, Trump recusa-se a dizer se reconhecerá os resultados das eleições de novembro próximo se for derrotado. Outro dia, Bolsonaro disse ter provas de que houve fraude na eleição de 2018, e que por isso foi obrigado a disputar o segundo turno.

Cadê as provas? O gato comeu!

Nem Haddad salvaria o PT da derrota para prefeito de S. Paulo

PSOL escolhe Boulos e Erundina
Melhor o PT já ir se acostumando com a ideia de colher mais uma derrota na eleição para prefeito de São Paulo. O PSOL indicou, ontem à noite, Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), para disputar a sucessão de Bruno Covas (PSDB). A deputada federal Luiza Erundina será sua vice.

Salvo Jilmar Tatto, o candidato do PT a prefeito, ninguém mais no partido acredita em suas chances de vencer a eleição. Dá-se de barato nas vizinhanças de Lula que o próprio PT acabará votando em massa em Boulos. E que a história só poderia ser diferente se Fernando Haddad, ex-prefeito, concordasse em concorrer.

Hipótese descartada. Haddad está convencido de que seria derrotado. Prefere guardar-se para a eleição presidencial de 2022. Diz que apoiará Lula para presidente, mas sabe que ele não será candidato. Está impedido pela Justiça. De resto, Lula insiste em dizer aos amigos que quer mais é cuidar do resto da sua vida.

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