O Estado de S. Paulo
Prisão de ex-ministro deixou Brasília em estado de ebulição em meio à ofensiva contra a Petrobras
O impacto da prisão do ex-ministro da
Educação Milton Ribeiro, acusado de favorecimento de pastores na distribuição
de verbas, deu impulso extra para o governo e lideranças do Centrão abrirem de
vez a caixa de Pandora e ampliarem os gastos no pacote de medidas de redução do
impacto da alta dos combustíveis.
O mandado de prisão preventiva, que
arrastou o presidente Bolsonaro para o escândalo de corrupção a poucos meses da
eleição, deixou Brasília em estado de ebulição numa semana em que a ofensiva
estava toda direcionada para colocar a Petrobras no córner.
A estratégia política de buscar a renúncia do presidente da estatal com a ameaça da CPI, aumento da tributação e mudanças na política de preços da companhia tinha como principal objetivo provocar um estado tal de confusão para garantir o subsídio aos caminhoneiros e motoristas de táxi.
A equipe econômica resistia e só tinha dado
sinal verde se os gastos ficassem dentro do teto de gastos. Com a tentativa de
mudança na Lei das Estatais, Guedes passou a negociar a bolsa-caminhoneiro e o
aumento do vale-gás patrocinados pelo presidente da Câmara, Arthur Lira. A
conta já passou do teto de R$ 50 bilhões aceito pelo Ministério da Economia, e
o auxílio prometido aos caminhoneiros, que estava em R$ 400, subiu para R$ 1
mil.
O céu é o limite e, pela enésima vez, o
governo se vê envolvido na discussão sobre a necessidade de decretar o estado
de calamidade para garantir a concessão do benefício sem riscos de questionamentos
jurídicos em torno da lei eleitoral. As soluções vêm e voltam para o mesmo
lugar. Como a coluna mostrou no sábado, a concessão do subsídio seria o
resultado final da declaração de guerra contra a petrolífera.
Lira já começou a tirar o bode da sala que
colocou ao falar de aumento de tributação das petroleiras (ele havia prometido
dobrar a taxação da Petrobras). A proposta da CPI está com a coleta das
assinaturas travada.
O que fica no radar e não sai é a proposta
mudança na Lei das Estatais. Deve avançar mais cedo ou mais tarde.
Na Petrobras, a mudança na Lei das Estatais é a grande preocupação. Na guerra com Bolsonaro, a visão convergente na empresa é de que os políticos querem lotear as diretorias com indicações políticas em busca de apoio para a reeleição. O que os governistas querem é seguir na frente de batalha contra a estatal, até para tirar o foco do escândalo no MEC.
Um comentário:
Políticos e Pastores,uma dobradinha que não combina,é pólvora e gasolina.
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