sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Claudia Safatle - A economia pode virar o jogo eleitoral

Valor Econômico

Se Bolsonaro conseguir ser reeleito, Guedes continuará ministro da Economia

A economia vai virar o jogo nas eleições de 2 de outubro, acreditam fontes oficiais. Paulo Guedes, ministro da Economia, estava certo quando disse a interlocutores internacionais, durante a reunião do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), em junho, que eles teriam que rever os números da economia para baixo enquanto o Brasil faria a revisão para cima, dizem essas mesmas fontes. De fato, enquanto o mundo desenvolvido se avizinha da recessão, o Brasil deverá crescer algo próximo a 2%, ao invés do 1,5% estimado anteriormente, sustentam os economistas do governo.

Mas aqui tem um porém: um maior crescimento da atividade em 2022 está reduzindo o tamanho da recuperação da economia para 2023.

A pesquisa Focus, do Banco Central, aponta esse fenômeno tanto para o PIB quanto para a inflação, medida pelo IPCA. A mediana das expectativas para o PIB deste ano era de 1,93% na semana anterior e hoje é de 1,97%. Para 2023, a expectativa é de uma variação de 0,40%, em comparação com 0,49% na semana anterior.

Esses são dados da última pesquisa Focus, feita na semana passada. Olhando as expectativas para o IPCA, chega-se ao mesmo processo gradual de melhora para este ano e piora paulatina para o próximo.

Assim, a inflação que seria de 7,30% na semana anterior hoje caiu para 7,15%. Mas para 2023 houve uma ligeira piora, com a inflação saindo de 5,30% para 5,33%. Há quatro semanas, a expectativa era de uma variação de 7,96% para o índice de preços deste ano e de 5,01% para o IPCA de 2023.

Embora não se possa desconsiderar que a recessão na Europa e nos Estados Unidos irá atingir a economia brasileira, há um argumento de que desta vez a eventual recessão mundial nos afetará menos, pois o país está em uma posição de dar segurança alimentar para o mundo e têm fontes renováveis de energia.

O país conta, ainda, com cerca de R$ 800 bilhões de investimentos contratados para os próximos dez anos, que vão gerar emprego e renda para a população.

A taxa de juros que teve um novo aumento, para 13,75% ao ano e deverá ter mais uma elevação, é que está segurando o crescimento que poderia ser de 4% ao ano, o dobro das projeções do governo.

Guedes preconiza um papel relevante para o Brasil no pós-pandemia e no pós-guerra da Rússia com a Ucrânia. Por sua posição geográfica o Brasil está próximo dos Estados Unidos e da Zona do Euro, uma das exigências da economia mundial do pós-pandemia que comprometeu as cadeias de produção e o fornecimento de insumos e bens. E é um país amigável, exigência do pós-guerra.

“Paulo Guedes continuará como ministro da Economia do próximo governo caso o presidente Jair Bolsonaro seja reeleito”, assegurou uma fonte que está convencida de que Guedes permanecerá no comando da pasta por mais quatro anos, podendo, assim, implementar seu programa liberal e fazer as privatizações que não conseguiu no primeiro mandato.

A taxa de desemprego formal caiu de 14,9% para 9%. As fontes criticam os “mas, porém...” que sempre vem na sequência de uma boa notícia. Há, também aqui, um porém: o desemprego cai, mas essa queda vem acompanhada de redução dos rendimentos, argumentam os que veem com reservas os dados do governo.

A inflação, sobretudo dos alimentos, traz sérios transtornos para a vida das pessoas e aumentou o contingente de brasileiros que passam fome. Foi acertada a decisão de aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 - embora a inflação já tenha se apropriado desse aumento - assim como a de reduzir os impostos sobre os combustíveis, salientam fontes oficiais.

O resultado dessas medidas é uma bem-vinda deflação no mês.

Aqui também se vê o porém: essas são medidas de curta duração, porque a previsão é de que tanto o aumento da transferência de renda quanto a redução de preço dos combustíveis durem somente até dezembro. Outra questão que se coloca é o impacto fiscal se o próximo governo quiser perpetuar o aumento do auxílio.

Quando os interlocutores de Guedes alertavam para os problemas do país, com as rachaduras institucionais que o presidente Bolsonaro anda apregoando aos quatro ventos, o ministro da Economia chamava a atenção para que não subestimassem a força da democracia brasileira.

“O mercado de trabalho continua forte, a arrecadação de impostos e contribuições quebra recordes e o país tem recorde de exportações e de fluxo de comércio”, prosseguiu o ministro.

Para um bom contingente de assessores da economia, as polêmicas criadas por Jair Bolsonaro e seu proclamado gosto pela ditadura militar são “pura retórica” que tiveram um resultado interessante até agora, ao expor a “militância” de alguns ministros da Suprema Corte.

Eles negam a possibilidade de danos maiores à democracia e atribuem ao presidente Bolsonaro um jeito peculiar de ser. Ele é provocador e tem apreço pelo confronto, dizem.

Será mesmo que é só isso?

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Esse Guedes tira votos de Bolsonaro porque ele não é simpático e não entende bulufa de administração e de leis.

Anônimo disse...

Você tem toda razão, a afirmação do ministro Paulo Guedes está sendo confirmada no dia dia nas ruas e até nas pesquisas tendenciosas
O FMI disse que o mundo passará por uma situação econômica sombria, e que o único país que está fora dessa perspectiva negativa é o Brasil, isso a imprensa do consórcio não comentou

ADEMAR AMANCIO disse...

A economia do País vai de vento em popa.
Tá.