O Estado de S. Paulo
11 de agosto, dia da democracia, com leitura do manifesto em universidades de todo o País
Alguém precisa explicar para o presidente
Jair Bolsonaro que eleição não é igual à Mega Sena, não é (só) questão de sorte
e azar, muito menos guerra, vida ou morte, liberdade ou prisão. Talvez assim
ele possa dormir um pouco melhor e parar de fazer ameaças, dia sim, dia não, e
de cometer atos falhos, como ontem.
Do presidente, num evento evangélico:
“Estou buscando impor, via Forças Armadas, que foram convidadas, a nós termos
eleições... É a transparência”. É confuso, como sempre, mas a palavra-chave é o
verbo “impor”. Ele admitiu que usa Exército, Marinha e Aeronáutica para impor
suas certezas e crenças sobre o processo eleitoral.
É assim que o maior adversário de Jair Bolsonaro é Jair Bolsonaro. É por esticar demais a corda que ele vem perdendo eleitores de 2018, setores do empresariado e do mundo financeiro, a ponto de ter de cancelar uma visita à Fiesp e um jantar com endinheirados na próxima quinta-feira, em São Paulo. Além de dividir a Polícia Federal, Abin, Itamaraty e as próprias Forças Armadas. Ou seja, as carreiras de Estado.
Com mais de 700 mil assinaturas de
diferentes áreas da sociedade civil – com a lamentável, e injustificável,
ausência do agronegócio –, o manifesto pela “Democracia Sempre” começou em São
Paulo, como de costume, mas ganhou asas e há correntes na internet para que o
documento seja lido em outras universidades pelo País afora, quinta-feira, na
mesma hora do Largo de São Francisco,
da USP. Uma oração nacional pela
democracia, com cuidado para evitar retaliações por parte de chefes e reitores
e reações de bolsonaristas violentos, até armados.
Enquanto Bolsonaro afasta eleitores, o
governo, o Congresso e a sua campanha se embolam para impedir a vitória do
ex-presidente Lula em primeiro turno, reduzir a distância entre os dois nas
pesquisas e garantir competitividade para o presidente na reta final. Para
isso, chutam o pau da barraca, as leis, a prudência e a responsabilidade – não
só a fiscal – e vai começar, no dia 8, a execução dos R$ 41 bi da PEC da
reeleição.
É uma arma eleitoral poderosa, mas, se o
País se mobilizou pela democracia após Bolsonaro transformar embaixadores em
figurantes do seu teatro antipatriótico, o que acontecerá se ele insistir em
transformar o desfile militar do Dia da Pátria em ato pró-reeleição, impondo
(!) a oficiais e soldados o papel de militantes políticos? A toda ação
corresponde uma reação e há quem analise que o 7 de Setembro de Bolsonaro
poderá ser decisivo para dar a Lula o que ele mais quer: a vitória em primeiro
turno.
Um comentário:
O Agronegócio é constituído de uma gente grossa e cafona como Bolsonaro,com direito à trilha-sonora-sertaneja.
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