quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Bernardo Mello Franco - O brado sequestrado

O Globo

Presidente submete Bicentenário ao calendário eleitoral e convoca militares para comício à beira-mar

Depois de sequestrar a bandeira do Brasil, a camisa da seleção e outros símbolos nacionais, o bolsonarismo se apropriou do Dia da Pátria. A captura será oficializada hoje, no bicentenário da Independência.

O capitão pôs o Sete de Setembro a serviço da campanha à reeleição. Submeteu a data cívica aos interesses do calendário eleitoral.

Por ordem de Bolsonaro, a comemoração foi deslocada do centro do Rio para a orla de Copacabana, ponto de encontro de seus apoiadores. O desfile no Rolls-Royce presidencial foi cancelado. Dará lugar a uma motociata à beira-mar.

Não será uma festa para todos. O clima de violência política recomenda que eleitores de outros candidatos evitem a Avenida Atlântica. De vermelho, só os salva-vidas da praia — e olhe lá.

Os militares vão participar alegremente do comício. Os canhões do Forte de Copacabana devem disparar de hora em hora. A Marinha promoverá uma parada naval, e a Aeronáutica fará uma exibição da Esquadrilha da Fumaça.

O Exército promete um espetáculo da brigada paraquedista. Espera-se que não repita o fiasco de ontem, quando três soldados se feriram nos ensaios da patriotada. Numa cena patética, um soldado ficou pendurado nos galhos de uma árvore. Precisou ser resgatado com a ajuda de uma escada.

O Comando Militar do Leste culpou rajadas de vento pelos acidentes. Não poderá responsabilizar a natureza por novos estragos à imagem das Forças Armadas.

A cúpula militar ajudou a eleger Bolsonaro. Em troca do apoio em 2018, garantiu privilégios, abocanhou salários acima do teto e ocupou áreas centrais do governo. Essa sociedade foi renovada com a indicação do general Braga Netto como candidato a vice na chapa à reeleição.

Com o sequestro do Bicentenário, o país perde a chance de rediscutir o significado da Independência e as mistificações produzidas pela história oficial.

O capitão gostaria de ser Dom Pedro: um governante despótico, bruto com as mulheres e que outorgou sua própria Constituição. Que ninguém espere novidades do seu discurso de hoje. No lugar do brado retumbante, ele deve repetir velhas ameaças à democracia e ao sistema eleitoral.

 

 

 

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Milhões e milhões de brasileiros que foram as ruas festejar o bicentenário da independência conclamar as liberdades e apoiar o presidente Bolsonaro ,
transformaram a Esplanada do Planalto no mar de verde amarelo homens, mulheres, crianças, velhos, pessde todas as classes sociais , raças e credos irmanados no sentimento de patriotismo e na defesa da democracia e da família brasileira
Isso se repetiu em todas as capitais e grandes cidades no Brasil, manifestações caudalosas de norte a sul do país deixando claro a vontade do povo na luta por Deus, Pátria, família e liberdade
O PT e a sua claque hoje sentiram um choque de realidade e suas narrativas, com a suas pesquisas fajutas, se tornam agora patética
Pelo andar da carruagem Bolsonaro se reelege no primeiro turno, pode Jair se acostumando

Anônimo disse...

Pelo andar da carruagem puxada por Bolsonaro, sua candidatura está fazendo água e um rastro de esgoto está escorrendo por onde ele passa. A fedentina é medonha...

ADEMAR AMANCIO disse...

Tudo é muito patético,no sentido torto do termo.