Blog do Noblat / Metrópoles
Negar a tragédia social é uma forma de
genocídio tão grave quanto ignorar a epidemia
A economia de um país não caminha por muito
tempo sobre uma sociedade sem justiça social; tanto quanto a justiça social não
caminha sobre economia ineficiente. A negação da necessidade de sociedade justa
e a negação da necessidade de economia eficiente são dois negacionismos que
condenam o Brasil a surtos de crescimento sem sustentabilidade social, ou
surtos de avanços sociais sem sustentabilidade econômica.
A história do último século oscilou entre políticas econômicas sem sensibilidade social e políticas sociais sem conhecimento das regras da economia. Tivemos milagres econômicos que logo esbarraram na desigualdade como a riqueza se distribuía, na falta de educação de base, no transporte público caótico, na sua saúde e moradia precárias. Também tivemos momentos de políticas sociais que esbarram na falta de eficiência econômica levando a inflação, juros altos, endividamento, depredação ecológica.
Sem sensibilidade social, tivemos governos
que não aumentaram o salário mínimo, mesmo quando a riqueza crescia, outros que
sem conhecimento econômico propõem aumenta-lo mesmo sem base econômica que permita
sem a ilusão de inflação. Há relação da sociedade com a economia que exige
sensibilidade social, mas também respeito a certas regras econômicas.
Sem distribuir renda nem investir no
social, a sociedade se desagrega e a economia quebra por demanda limitada, por
violência, por desequilibrio ecológico, baixa produtividade, insatisfação.
Distribuindo sem considerar limites nem restrições a economia e os benefícios
sociais são devastados pela inflação, pela ineficiência, pelos desequilíbrios.
A sociedade justa e a economia precisam estar casadas pela responsabilidade
política usando a variável tempo para realizar seus propósitos nos prazos
possíveis, sem abandonar a eficiência econômica nem os propósitos sociais: sem
negativismo social nem econômico, com sensibilidade social e conhecimento
científico. Negar os limites definidos pela ciência econômica pode matar ainda
mais e por mais tempo do que negar vacina para lidar com a epidemia. Negar a
tragédia social é uma forma de genocídio tão grave quanto ignorar a epidemia.
*Cristovam Buarque foi senador, ministro e
governador
6 comentários:
Uma AULA de Brasil... Parabéns ao autor e ao blog que divulga seus textos!
Mais que senador, ministro e governador, Cristovam foi e sempre será professor!
"A negação da necessidade de economia eficiente são dois negacionismos que condenam o Brasil a surtos de crescimento sem sustentabilidade social, ou surtos de avanços sociais sem sustentabilidade econômica."
Sim. Verdade verdadeira. Mas o diabo está nos detalhes. Quem diz o q é "negar a necessidade de economia eficiente" como diz o Buarque?
Eu sou defensor de uma economia eficiente. O JEGUES, do bolsonaro se diz defensor tb. Haddad tb, claro. Bozo tb. Mourão idem. Leman (da Americanas - escreve assim o nome?) tb.
Enfim, todos DEFENDEMOS UMA ECONOMIA EFICIENTE.
E o diabo esperando os detalhes e salivando pelo desastre. Inegavelmente, Lula foi o responsável pelo melhor período q este país já passou, ponto.
Não foi FHC ou o genocida ou o vampiro ou jegues. Facilmente comprovado pelos índices de.cada um.
Mas as pessoas negam os fatos. E O DIABO SALIVA.
Quantas platitudes. De boas intenções o inferno TÁ CHEINHO, CHEINHO.
"A sociedade justa e a economia precisam estar casadas pela responsabilidade política usando a variável tempo para realizar seus propósitos..."
Sim, verdade. Porém, eu q passo fome tenho uma urgência diferente de quem come bem.
Claaaaaaaaro! Claro, porra!
Quem dita o ritmo dessa galé chamada Brasil? Eu tenho pressa, cacete. Buarque tb, mas diferente do meu.
QUEM TEM RAZÃO, PORRA?
Ele, q come, ou eu q passo fome?
Pensem! Pensem, caraio!
Maaaaaas, a variável tempo é importante. É q eu eu creio q os tambores desta galé Brasil TEM Q BATER MAIS RÁPIDO - simplesmente porque tem gente passando fome, porra! Não dá pra aceitar o tempo do sr. BUARQUE.
O comentário acima é ridículo e parece que nem leu o texto, pois esse jeito de falar fingindo ser intelectual e ainda dizer que passa fome. O texto não diz nada demais quando observa que não existem milagres e não se pode considerar apenas uma única visão de mundo e sim que é preciso haver equilíbrio. Não sei se usa "galé" para demonstrar alguma sabedoria ou é só ridículo mesmo. Sobre o tempo que diz não ter é bom saber esperar para não falar besteira.
Concordo com o Anônimo das 19:25 sobre a importãncia da variável tempo. O professor Cristovam não detalhou isto, assim como não detalhou outras questões, provavelmente por seu espaço ser limitado.
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