O Globo
Presidente brasileiro teve de ouvir, ‘em
casa’, pitos dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel
Boric
Em poucas áreas o governo Lula dá tantos
sinais de envelhecimento de ideias quanto em política externa. Aguardado por
governos do mundo todo e de diferentes matizes políticos com a expectativa de
uma nova fase de inserção global do Brasil graças às novas diretrizes,
sobretudo concernentes à política ambiental, o presidente decidiu tomar o
caminho, também nesse front, de revisitar um passado que a ele parece mais
glorioso que aos que olham de fora. O resultado tem sido frustração e um grande
grau de constrangimento.
Depois do vaivém retórico relativo à possibilidade, nunca transformada num plano de ação factível, de que o Brasil liderasse um grupo de países para buscar o fim da guerra da Rússia contra a Ucrânia, que teve no desencontro com Volodymyr Zelensky no Japão um último capítulo meio pastelão, Lula resolveu usar uma cúpula de que era anfitrião para lustrar a biografia de Nicolás Maduro e reescrever a História atual da Venezuela, produzindo justamente aquilo que apontou nos críticos ao ditador vizinho: uma narrativa falsa.