“A força das religiões, e notadamente da
Igreja Católica, consistiu e consiste no seguinte: elas sentem intensamente a
necessidade de união doutrinária de toda a massa “religiosa” e lutam para que
os estratos intelectualmente superiores não se destaquem dos inferiores. A
Igreja romana foi sempre a mais tenaz na luta para impedir que se formassem
“oficialmente” duas religiões, a dos “intelectuais” e a das “almas simples”.
Esta luta não foi travada sem que ocorressem graves inconvenientes para a própria
Igreja, mas estes inconvenientes estão ligados ao processo histórico que
transforma a totalidade da sociedade civil e que contém, em bloco, uma crítica
corrosiva das religiões. E isto faz ressaltar ainda mais a capacidade
organizativa do clero na esfera da cultura, bem como a relação abstratamente
racional e justa que a Igreja, em seu âmbito, soube estabelecer entre
intelectuais e pessoas simples. Os jesuítas foram, indubitavelmente, os maiores
artífices deste equilíbrio e, para conservá-lo, eles imprimiram à Igreja um
movimento progressivo que tende a satisfazer parcialmente as exigências da
ciência e da filosofia, mas com um ritmo tão lento e metódico que as modificações
não são percebidas pela massa dos simples, embora apareçam como
“revolucionárias” e demagógicas aos olhos dos “integristas”.”
*Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do
Cárcere, v.1. p. 99. Civilização Brasileira, 2006.
Um comentário:
A igreja católica parou no tempo,achar que a vida humana começa no útero materno é acreditar num Deus que joga dados aleatoriamente.
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