O Estado de S. Paulo
De olho em 2026, governadores de direita viram as costas até para debate de segurança
Na mesma semana, ou melhor, no mesmo dia, os
dois assassinos de Marielle Franco e Anderson Gomes foram condenados por júri
popular, no Rio, e o presidente Lula e representantes do Judiciário e do
Legislativo se reuniram com governadores, em Brasília, para discutir um pacote
antiviolência, tão fundamental para um País com legislação ultrapassada e
mergulhado numa séria crise de segurança pública.
Apenas quatro dias das eleições municipais, porém, a polarização nacional voltou com tudo. Nada justifica que governadores de oposição a Lula tenham se negado a participar de um debate que não é partidário e ideológico, mas de interesse do Brasil, dos Estados e da população pela qual eles são responsáveis. O crime organizado é nacional, até transnacional.
Ratinho Júnior (PSD) e Jorginho Melo (PL) não
deram as caras, sequer enviaram representantes. Romeu Zema (Novo) e até Eduardo
Leite (PSDB) mandaram, não os seus secretários de Segurança, mas os
vice-secretários – “subs do subs”. Também pré-candidato à Presidência em 2026,
Ronaldo Caiado (União) foi, mas já chegou na base do “não li e não gostei”.
Ele protagonizou os momentos de tensão,
insistindo que
“no meu Estado, ninguém reclama de segurança
pública, nunca teve sequestro, assalto a banco, Cantagalo”. Lula, que elogiou a
pamonha e o empadão goiano, ironizou: “Eu tive a oportunidade de conhecer hoje
o único Estado que não tem problema de segurança: Goiás”.
Assim, quem agiu de acordo com o que se
espera de um governador foi Tarcísio de Freitas. Participou, ouviu, concordou,
discordou e se dispôs a apresentar sugestões. Descolou-se da acidez dos demais
e vestiu o figurino moderado – sua estratégia, seja para 2026 ou 2030. À saída,
me disse que “a PEC não resolve, acho que isso ficou claro para todo mundo,
mas, por outro lado, abriu-se a discussão para que propostas sejam desenhadas”.
O pacote de Lewandowski é importante,
necessário e surgiu a pedido dos próprios governadores. Segurança é atribuição
dos Estados, mas é urgente criar instrumentos para participação e algum nível
de coordenação federal, replicando no SUSP (Segurança Pública) o modelo do SUS
(Saúde), ampliando a atuação de PF e PRF, criando um banco nacional de dados e
padronizando documentos e procedimentos.
Jair Bolsonaro não para de gritar: “O
candidato sou eu!”. Falta combinar com os (muitos!) russos, a começar da
Justiça Eleitoral, que decretou sua inelegibilidade, e do Supremo, que vai
julgá-lo por articulação de golpe, joias e atestados falsos de vacina, mas
principalmente com Tarcísio, Caiado, Zema, Ratinho... O grito é de desespero.
3 comentários:
Bolsonaro pode estar acabado, mas as metástases permanecem.
Outros Bolsonaros virão... Esqueci o nome daquele candidato que rima com boçal e lamaçal,rs.
O rato do PR e o Anãozinho Mello de SC demonstraram sua falta de cidadania.
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