terça-feira, 12 de novembro de 2024

Quem tem medo da PF? - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

A ação federal no caso do delator morto em São Paulo é tão essencial como foi no de Marielle no Rio

O assassinato audacioso de um delator do PCC, à luz do dia, no aeroporto internacional do principal Estado do País, confirma brutalmente o quanto o crime organizado está ganhando a guerra, faz o que quer e está infiltrado nas instâncias de poder e nas polícias. Logo, é fundamental acelerar o pacote antiviolência do Ministério da Justiça e, finalmente, com absurdo atraso, conferir mais poder de atuação da Polícia Federal – obviamente, com os correspondentes recursos financeiros e humanos.

O delator morto, Antônio Vinícius Gritzbach, que vem sendo equivocadamente chamado de “empresário”, era parte do esquema criminoso, foi preso sob acusação de assassinato e, só então, com patrimônio milionário, decidiu fazer delação premiada para amenizar sua pena. Ele estava dentro do esquema, sabia muito, era uma testemunha-chave, um troféu para a investigação.

Não dava para brincar com sua segurança, mas brincaram. Um dos alvos da delação de Gritzbach era o aparato policial de São Paulo, mas não é que delegaram sua segurança justamente a policiais paulistas? Na hora H, com o delator vulnerável, no aeroporto de Guarulhos, três dos quatro seguranças estavam num posto de gasolina. O carro deles “não pegou”. Brincadeira de mau gosto. Nem quem acha que vacina causa aids acredita numa coisa dessas.

Portanto, a PF é fundamental contra crime organizado, tráfico, milícias e corrupção nas polícias estaduais. É assim no caso do delator do PCC em São Paulo como foi no dos mandantes do assassinato de Marielle Franco no Rio. A então PGR, Raquel Dodge, insistia na federalização, mas autoridades do Rio resistiram. Claro! Os mandantes eram o próprio chefe da Polícia Civil, um conselheiro do TCE-RJ e um deputado federal. Como Dodge previra, o crime só foi solucionado e essa turma presa com a entrada da PF.

O pacote antiviolência do ministro Ricardo Lewandowski pode ser aperfeiçoado por governadores e especialistas. O que não pode é ficar trancado na Casa Civil, empoeirando, por falta de consenso e por conveniência política. Todos sabemos do grau de contaminação do crime nos Estados e que governadores correm para Brasília quando a coisa aperta. Como rejeitar atualização das leis para nacionalizar e ampliar a ação da PF e da PRF no enfrentamento dessa crise, hoje federal, até transnacional?

Não se trata de “interferência federal”, nem “quebra da autonomia dos Estados”, como gritam certos governadores mais preocupados com ideologia e política do que com a segurança. Se estivessem vencendo a guerra, vá lá. Mas, definitivamente, não é o que acontece.l

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Tarcísio trazendo o modus operandi carioca para São Paulo. Só falta viatura azul e branca...

marcos disse...

Anonimo à esquerda é imbecil. Não é carioca, jumento invejoso, é fluminense. MAM

ADEMAR AMANCIO disse...

Verdade.