O Estado de S. Paulo
A cantoria da virada fala em muito dinheiro no bolso e, na ceia do réveillon, recomendam-se boas garfadas em um prato de lentilhas, com o mesmo objetivo de atrair melhoras na vida financeira. Mas 2025 promete menos, começa mais ranheta do que 2024.
Lá fora, é Donald Trump na Casa Branca
despejando dardos para os quatro cantos da Terra. É mais “America first”, mais
protecionismo, mais subsídios à indústria local e mais negacionismo a recobrir
a crise ambiental.
O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, avisou que vai acionar menos seu fole dos juros e isso significa menos crescimento econômico global, provável queda nos preços das commodities e valorização do dólar em relação às outras moedas.
A China, segunda maior caldeira econômica do
mundo, continua a enfrentar problemas na área imobiliária, os quais vêm
desacelerando seu dinamismo. E a União Europeia, submetida a fortes solavancos
energéticos, enfrenta travas crescentes na sua atividade econômica, a começar
pelas suas duas maiores potências: Alemanha e França.
Enfim, é o que sumariamente o Banco Central
do Brasil quis resumir no comunicado divulgado dia 11, logo após a última
reunião do Copom: “O ambiente externo permanece desafiador”.
Aqui no Brasil, não dá para ignorar os
avanços da reforma tributária e o aumento da consciência de que não há política
social que permaneça em pé sem que se garanta antes solidez na área fiscal.
Pois a economia em 2025 deverá passar por
novas contorções. O PIB já não avançará os 3,5% de 2024. Provavelmente, o
crescimento da atividade econômica não passará dos 2%. Os juros básicos já
contratados a 14,25% ao ano a partir de março, um dólar caro, inflação acima da
meta, investimento chinfrim, a perspectiva de mais desorganização das contas
públicas (rombo fiscal) e alastramento da dívida tendem a aumentar os riscos da
economia.
Apesar de tudo, o desemprego deverá continuar
em queda ou baixo para os padrões brasileiros. E, em que pesará o maior avanço
das importações e da provável contenção do investimento estrangeiro, as contas
externas (que registram entrada e saída de moeda estrangeira) deverão continuar
robustas. Não é por aí que se pode esperar por uma crise.
Economia e política não dançam isoladas. O
resultado das eleições de 2026 dependerá em grande parte do que a economia
entregará a partir de 2025.
Falta saber qual será a escolha do presidente Lula, ele que não faz muita questão de conter as despesas públicas: se tratará de colocar em prática uma política de austeridade destinada a melhorar o ambiente de negócios e de consumo – como aconteceu nos tempos do seu ministro Antonio Palocci; ou se persistirá nessa sua vibe de despejar bondades e recursos públicos, para conquistar a boa vontade do eleitor.
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