"ESSE É O GABEIRA, GENTE", ANUNCIA ASSESSOR EM BANGU
Ana Paula Grabois, do Rio
Gabeira em campanha com Aladim, jogador do Bangu na década de 60, hoje vereador pelo PV de Curitiba
Quase como um desconhecido, o candidato a prefeito do Rio Fernando Gabeira (PV/PSDB/PPS) fez caminhada ontem no calçadão de Bangu, parada obrigatória de políticos em busca dos votos da zona Oeste carioca. No centro de comércio popular de um dos bairros com maior eleitorado da cidade, Gabeira precisava ser anunciado por um assessor munido com um megafone. "Esse é o Gabeira, gente. O candidato do povo", dizia o rapaz conhecido como Pulmão aos aposentados que lotavam as mesinhas de cimento no meio do calçadão.
Mais identificado com o eleitor da zona Sul, o candidato era menos reconhecido do que o vereador do PV de Curitiba, Aladim, ex-jogador do time do Bangu na década de 60. Depois de cumprimentada pelo candidato do PV, a aposentada Eliete Gomes de Araújo disse que iria votar nele, mas comentava com ironia: "Não é o homem do Partido Verde? É o homem da erva, da erva maldita."
Com um figurino que destoava daquele cenário, vestido com uma blusa florida de tons claros e manga comprida, calça jeans e tênis de skatista, o deputado seguiu firme por todo o calçadão. Entrava nas lojas, cumprimentava pessoas na fila de um banco e era recebido por rostos um tanto constrangidos. Vindo de um partido com apenas um representante na Câmara Municipal, o deputado federal defensor da liberação da maconha e dos direitos civis dos homossexuais, não teve nenhum dos seis vereadores do coligado PSDB na caminhada de ontem. Nem o seu vice, o deputado estadual tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha, apareceu.
"É uma caminhada como as outras. Há alguma simpatia, algumas pessoas cumprimentam e dizem que vão votar. Outras, simplesmente cumprimentam ou ficam espantadas porque não sabiam que as eleições estão começando. Há lugares e há dias mais densos, como um sábado em Madureira", disse o candidato.
Gabeira vai manter a campanha nas zonas Sul e Norte, mas quer avançar na zona Oeste, área que costuma definir as eleições na cidade. O principal entrave, diz, são as 26 milícias armadas que controlam comunidades da região e dificultam a entrada de políticos. "Tem uma parte da população que não pode votar livremente. Esse dado é muito importante na zona Oeste e nós vamos entrar nas comunidades, mas primeiro queremos que haja algum tipo de investigação", afirmou.
Ele pretende iniciar a campanha nessas comunidades na semana que vem sem a escolta da Polícia Militar. Na terça-feira, a candidata à Câmara Municipal Ingrid Gerolimich, do PT, foi à favela da Rocinha com policiais militares para garantir a segurança de sua panfletagem. "Vamos entrar sem polícia, vamos entrar na moral", disse Gabeira, para quem é preciso organizar uma campanha educativa na imprensa e no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de que voto é secreto, pois as milícias dizem que vão descobrir o voto de cada um. "O Rio é a única cidade do Brasil onde tem mais de 700 mil pessoas que não podem ser acessadas pelos candidatos."
A zona oeste é marcada pela política do voto comunitário. O prefeito Cesar Maia (DEM), eleito três vezes, criou uma rede forte de sustentação assistencialista por meio de vereadores das localidades com ligações com associações de moradores, centros sociais e obras. Ontem, o DEM decidiu expulsar o deputado estadual e chefe de milícia Natalino Guimarães, preso pela Polícia Civil na terça-feira.
Nesta semana, porém, Maia fez duras críticas ao candidato em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Marcelo Crivella (PRB), por adotar práticas clientelistas nas comunidades pobres do Rio. O prefeito chama o ex-bispo da Igreja Universal de neo-chaguista ao lembrar o projeto de reformas de casas "Cimento Social" no Morro da Providência, cujas obras foram interrompidas pela Justiça Eleitoral. Na avaliação de Gabeira, os vereadores não são tão importantes. "O importante é conquistar a sociedade", disse. (Com Agência O Globo)
Ana Paula Grabois, do Rio
Gabeira em campanha com Aladim, jogador do Bangu na década de 60, hoje vereador pelo PV de Curitiba
Quase como um desconhecido, o candidato a prefeito do Rio Fernando Gabeira (PV/PSDB/PPS) fez caminhada ontem no calçadão de Bangu, parada obrigatória de políticos em busca dos votos da zona Oeste carioca. No centro de comércio popular de um dos bairros com maior eleitorado da cidade, Gabeira precisava ser anunciado por um assessor munido com um megafone. "Esse é o Gabeira, gente. O candidato do povo", dizia o rapaz conhecido como Pulmão aos aposentados que lotavam as mesinhas de cimento no meio do calçadão.
Mais identificado com o eleitor da zona Sul, o candidato era menos reconhecido do que o vereador do PV de Curitiba, Aladim, ex-jogador do time do Bangu na década de 60. Depois de cumprimentada pelo candidato do PV, a aposentada Eliete Gomes de Araújo disse que iria votar nele, mas comentava com ironia: "Não é o homem do Partido Verde? É o homem da erva, da erva maldita."
Com um figurino que destoava daquele cenário, vestido com uma blusa florida de tons claros e manga comprida, calça jeans e tênis de skatista, o deputado seguiu firme por todo o calçadão. Entrava nas lojas, cumprimentava pessoas na fila de um banco e era recebido por rostos um tanto constrangidos. Vindo de um partido com apenas um representante na Câmara Municipal, o deputado federal defensor da liberação da maconha e dos direitos civis dos homossexuais, não teve nenhum dos seis vereadores do coligado PSDB na caminhada de ontem. Nem o seu vice, o deputado estadual tucano Luiz Paulo Corrêa da Rocha, apareceu.
"É uma caminhada como as outras. Há alguma simpatia, algumas pessoas cumprimentam e dizem que vão votar. Outras, simplesmente cumprimentam ou ficam espantadas porque não sabiam que as eleições estão começando. Há lugares e há dias mais densos, como um sábado em Madureira", disse o candidato.
Gabeira vai manter a campanha nas zonas Sul e Norte, mas quer avançar na zona Oeste, área que costuma definir as eleições na cidade. O principal entrave, diz, são as 26 milícias armadas que controlam comunidades da região e dificultam a entrada de políticos. "Tem uma parte da população que não pode votar livremente. Esse dado é muito importante na zona Oeste e nós vamos entrar nas comunidades, mas primeiro queremos que haja algum tipo de investigação", afirmou.
Ele pretende iniciar a campanha nessas comunidades na semana que vem sem a escolta da Polícia Militar. Na terça-feira, a candidata à Câmara Municipal Ingrid Gerolimich, do PT, foi à favela da Rocinha com policiais militares para garantir a segurança de sua panfletagem. "Vamos entrar sem polícia, vamos entrar na moral", disse Gabeira, para quem é preciso organizar uma campanha educativa na imprensa e no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de que voto é secreto, pois as milícias dizem que vão descobrir o voto de cada um. "O Rio é a única cidade do Brasil onde tem mais de 700 mil pessoas que não podem ser acessadas pelos candidatos."
A zona oeste é marcada pela política do voto comunitário. O prefeito Cesar Maia (DEM), eleito três vezes, criou uma rede forte de sustentação assistencialista por meio de vereadores das localidades com ligações com associações de moradores, centros sociais e obras. Ontem, o DEM decidiu expulsar o deputado estadual e chefe de milícia Natalino Guimarães, preso pela Polícia Civil na terça-feira.
Nesta semana, porém, Maia fez duras críticas ao candidato em primeiro lugar nas pesquisas de intenção de voto, Marcelo Crivella (PRB), por adotar práticas clientelistas nas comunidades pobres do Rio. O prefeito chama o ex-bispo da Igreja Universal de neo-chaguista ao lembrar o projeto de reformas de casas "Cimento Social" no Morro da Providência, cujas obras foram interrompidas pela Justiça Eleitoral. Na avaliação de Gabeira, os vereadores não são tão importantes. "O importante é conquistar a sociedade", disse. (Com Agência O Globo)
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