CIVILIZAÇÃO
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - É fenomenal a capacidade de produzir disparates que demonstram, no Brasil, até pessoas aparentemente bem preparadas. O caso mais recente é o do juiz Fausto Martin De Sanctis, para quem o Brasil "não é um país civilizado".
OK, até aí eu vou.
Mas o corolário desse raciocínio é que configura o disparate: "Temos que fazer uma lei adequada ao nosso país. Não adianta querer fazer lei de país civilizado, porque esse país não é".Pronto, estão inventados o Código Penal Jabuticaba, o Código Civil Jabuticaba, a Lei de Trânsito Jabuticaba, enfim, todo o conjunto de regras que, como a deliciosa frutinha negra, só existiria no Brasil. Dane-se o acervo cultural civilizatório acumulado há séculos, milênios.
Vamos reinventar a roda.
Inacreditável, mas verdadeiro.
Foi dito não num papo de botequim, circunstância que aceita qualquer disparate, mas em depoimento no Congresso Nacional (aliás, para que Congresso, se se trata de uma invenção antiga de países supostamente civilizados e, portanto, inadaptável ao Brasil?).
Não seria mais sensato, mais lógico, mais tudo, civilizar o país para que nele caibam as boas invenções de seres humanos civilizados em vez de fazer leis adequadas ao estado de incivilidade?
Passemos a outra frase, esta do presidente Lula. É a sua tese de que, em vez de "xingar" os que mataram militantes contrários à ditadura, o brasileiro deveria reverenciar os que lutaram contra o regime militar. Glorificar os próprios sem ofender os adversários é civilizado, como tese abstrata (tese, aliás, que o PT de Lula e o próprio Lula jamais adotaram).
Aplicada à realidade brasileira concreta, aquela a que se refere o presidente, não vai "pegar", porque os dois lados que entraram em confronto nos anos 60 a 80 não aceitam nem a heroicidade do inimigo nem as culpas próprias.
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - É fenomenal a capacidade de produzir disparates que demonstram, no Brasil, até pessoas aparentemente bem preparadas. O caso mais recente é o do juiz Fausto Martin De Sanctis, para quem o Brasil "não é um país civilizado".
OK, até aí eu vou.
Mas o corolário desse raciocínio é que configura o disparate: "Temos que fazer uma lei adequada ao nosso país. Não adianta querer fazer lei de país civilizado, porque esse país não é".Pronto, estão inventados o Código Penal Jabuticaba, o Código Civil Jabuticaba, a Lei de Trânsito Jabuticaba, enfim, todo o conjunto de regras que, como a deliciosa frutinha negra, só existiria no Brasil. Dane-se o acervo cultural civilizatório acumulado há séculos, milênios.
Vamos reinventar a roda.
Inacreditável, mas verdadeiro.
Foi dito não num papo de botequim, circunstância que aceita qualquer disparate, mas em depoimento no Congresso Nacional (aliás, para que Congresso, se se trata de uma invenção antiga de países supostamente civilizados e, portanto, inadaptável ao Brasil?).
Não seria mais sensato, mais lógico, mais tudo, civilizar o país para que nele caibam as boas invenções de seres humanos civilizados em vez de fazer leis adequadas ao estado de incivilidade?
Passemos a outra frase, esta do presidente Lula. É a sua tese de que, em vez de "xingar" os que mataram militantes contrários à ditadura, o brasileiro deveria reverenciar os que lutaram contra o regime militar. Glorificar os próprios sem ofender os adversários é civilizado, como tese abstrata (tese, aliás, que o PT de Lula e o próprio Lula jamais adotaram).
Aplicada à realidade brasileira concreta, aquela a que se refere o presidente, não vai "pegar", porque os dois lados que entraram em confronto nos anos 60 a 80 não aceitam nem a heroicidade do inimigo nem as culpas próprias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário