domingo, 17 de agosto de 2008

DEU NO CORREIO BRAZILIENSE - NAS ENTRELINHAS


OPOSIÇÃO EM APUROS
Luiz Carlos Azedo

O presidente Lula sentiu o cheiro de animal ferido e, como um predador, resolveu participar da campanha dos aliados já no primeiro turno

Está cada vez mais evidente que o governador José Serra (PSDB) deu um tremendo tiro no pé ao apoiar a reeleição do prefeito Gilberto Kassab (DEM) contra o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Já não se trata de criar um desafeto no próprio ninho tucano na prefeitura da maior cidade do país. O risco que o governador paulista corre é o de alavancar o PT para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010, comprometendo seu próprio favoritismo. O presidente Lula já sentiu o cheiro de animal ferido e, como um predador, resolveu participar da campanha dos aliados no primeiro turno, principalmente em São Paulo, onde Marta Suplicy (PT)agora é líder disparada.

Uma das duas

Marta Suplicy (PT) abriu 15 pontos de vantagem sobre Geraldo Alckmin (PSDB), com 41% dos votos contra 26%, segundo pesquisa do Ibope divulgada sexta-feira passada. Depois, vêm Paulo Maluf (PP), com 9%, e Gilberto Kassab (DEM), com 8%. Soninha (PPS) tem 2% das intenções de voto. Há menos de mês, Marta (PT) e Alckmin (PSDB) estavam em empate técnico. Como a campanha na tevê ainda não começou, o cenário não é definitivo. Uma vitória de Marta simplesmente pode levar Serra a jogar a toalha e disputar a reeleição em São Paulo, com risco até de perder. Tudo dependerá do cenário pós-eleitoral nas grandes cidades do interior paulista, onde o PT também está na ofensiva. É o caso de São Bernardo do Campo, por exemplo, onde eleger o ex-ministro Luiz Marinho virou uma obsessão do presidente Lula. Se vencer, Marta pode disputar o Palácio dos Bandeirantes ou a vaga de candidata petista à Presidência da República com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a preferida do Palácio do Planalto.

Muita fé

A arriscada aposta do presidente Lula no senador Marcelo Crivella (PRB), pastor da Igreja Universal, no Rio de Janeiro, está dando certo até agora. Crivella subiu cinco pontos no Ibope divulgado na sexta-feira, estando com 28% das intenções de voto. O candidato do governador Sérgio Cabral, Eduardo Paes, com 12%, subiu três pontos e passou Jandira Feghali(PCdoB), que caiu três pontos e está com 11%. Para o Palácio do Planalto, porém, o mais importante é que a candidata do prefeito Cesar Maia, Solange Amaral (DEM), cresceu apenas um ponto, estando com 6% das intenções de votos, Fernando Gabeira (PV-PSDB-PPS) desabou de 8% para 4% e está empatando com Chico Alencar (PSol). Ou seja, a oposição pode levar uma surra homérica no Rio.

Um poste

A comunista Jô Moraes (PCdoB) continua em primeiro lugar na disputa de Belo Horizonte, com 18% das intenções de voto, segundo o Ibope. Jô recebe o apoio velado dos ministros petistas Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e do vice-presidente José Alencar (PRB). Empatados tecnicamente, Leonardo Quintão (PMDB) tem 10%, Márcio Lacerda (PSB) 9% e Vanessa Portugal (PSTU), 5% das intenções de voto. Sérgio Miranda (PDT) está com 3% e Gustavo Valadares, do DEM, aparece com 2%. O governador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT) apóiam Lacerda, mas terão que suar muito as camisas para provar que são capazes de levantar um poste. A esperança, porém, não morreu: o candidato oficial subiu um pouquinho depois que tirou os óculos escuros.

A virada

Para complicar a vida da oposição, em Recife, o candidato do PT, João da Costa, passou o ex-governador José Mendonça Filho (DEM), segundo a mesma rodada de pesquisas do Ibope divulgada sexta-feira pela TV Globo. Cabeça de uma coligação de 15 partidos, Costa subiu 10 pontos e tem 30% das intenções de voto. Mendonça, caiu três pontos e está 27%. Cadoca (PSC), apoiado pelo ex-deputado Roberto Freire, presidente do PPS, caiu de 22% para 20%; e Raul Henry (PMDB), candidato do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), perdeu um ponto e está com 7%. Ou seja, mais uma capital estratégica onde a oposição está em apuros.

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