Villas-Bôas Corrêa
DEU NO JORNAL DO BRASIL
COM A MESMA DESENVOLTURA de outras proezas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu na CPI do Grampo a "discussão" sobre a virtual revogação do sigilo da fonte, um das normas éticas fundamentais do exercício da profissão de jornalista, em especial do jornalismo político. A proposta do ministro de todas as Armas é de tal maneira estapafúrdia, de amoralismo cínico e despropositado que não merece ser discutida ou levada a sério. Mas, repudiado pela categoria, a começar pelas entidades de classe, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Sindicato dos Jornalistas e o apoio da Academia Brasileira de Letra (ABL) e de todos os sensibilizados pela defesa da liberdade de imprensa. Nas minhas seis décadas de exercício como repórter político jamais trai uma fonte ou delatei o informante que em mim confiou. E, de logo, deixo claro de público que jamais revelarei a fonte que acreditou na minha dignidade. Quaisquer que sejam as conseqüências de uma recaída na esterqueira da ditadura.
Lula na sua campanha e na da Dilma
Como o presidente Lula conserva as barbas grisalhas, não cultiva o hábito do dialogo matinal com o espelho, enquanto espalha com o pincel o sabão pelo rosto e com a confiável gilete ou a navalha caída em desuso raspa os fios que enfeiam a fisionomia. Não precisa conferir a cada dia os índices de auto-estima, que disparam em velocidade superior aos dos seus índices recordistas de popularidade nas pesquisas que batem no teto de 62%, e com a pinta que alcançará os 70% com gosto doce da virtual unanimidade. E, se o comedimento nunca foi uma das características do seu temperamento, a série de êxitos emplacados pelo governo ativou os neurônios da confiança no seu esquema para as duas campanhas eleitorais.
A que se arrasta na gaiatice cafona do programa eleitoral e promete favorecer o bloco governista de 16 siglas, com o tempero democrático de esparsas vitórias oposicionistas, inclusive em capitais importantes. O ruído das comemorações e análises da eleição de prefeitos e vereadores será sufocado pelo vagalhão que desabará na praia com especulações, manobras, acordos e rompimentos sobre as eleições de 2010 para o sucessor de Lula, governadores, senadores e deputados federais.
E é aí, no gramado das decisões que Lula treina, para consolidar e ampliar a vitória que considera certa, favas contadas. Quem presta atenção nos conchavos do jogo político e distrai-se com as embaixadas e chutes a gol do presidente-artilheiro acompanhou a escalada nas mudanças do seu temperamento.
Lula diz o que lhe vem à cabeça na autolouvação delirante dos seus feitos, a bater recordes mundiais com a facilidade com que se descasca uma tangerina. E não está nem aí para críticas de uma oposição que está brigando mais para dentro, engasgada na rala sopa de siglas, do que com o adversário nacional, solto no ringue. Promessas e fanfarrices na agenda de todos os dias.
Na efusiva e recente amizade de infância com o governador fluminense, Sérgio Cabral, promessas atropelam a enxurrada de louvação: "Não tenho medo de dizer que Sérgio pode passar à História como o melhor governador que este Estado já teve". E, para enfeitar o buquê prometeu copiar o modelo do projeto das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) para construir 500 no Brasil até 2010. Nem precisava, pois, como o presidente alardeia, "nestes dois anos de mandato, em parceria com Sérgio Cabral, estamos fazendo mais pelo Rio do que foi feito nos últimos 30 anos".
Nos intervalos das folgas, cuida do PT que, depois da temporada dos escândalos do mensalão, do caixa 2, da compra de ambulâncias superfaturadas está mais dócil do que um cordeirinho. Na última rodada de conversa palaciana, o candidato escolhido para presidir o Partido dos Trabalhadores a partir de agosto de 2006 é o amigo de longa militância e seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho.
A ministra Dilma Rousseff não cria problemas e só dá satisfações ao presidente. Vestiu a blusa de candidata e tira excelentes notas no cursilho prático no Palácio do Planalto. Bem humorada, atenciosa, falante e com excelente desempenho nos palanques das viagens do presidente. Nem a pífia campanha da seleção de Dunga esquenta a sua cabeça. Ao contrário, deu razão aos seus reparos de peladeiro nos tempos de torneiro-mecânico em São Bernardo do Campo.
DEU NO JORNAL DO BRASIL
COM A MESMA DESENVOLTURA de outras proezas, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu na CPI do Grampo a "discussão" sobre a virtual revogação do sigilo da fonte, um das normas éticas fundamentais do exercício da profissão de jornalista, em especial do jornalismo político. A proposta do ministro de todas as Armas é de tal maneira estapafúrdia, de amoralismo cínico e despropositado que não merece ser discutida ou levada a sério. Mas, repudiado pela categoria, a começar pelas entidades de classe, como a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), o Sindicato dos Jornalistas e o apoio da Academia Brasileira de Letra (ABL) e de todos os sensibilizados pela defesa da liberdade de imprensa. Nas minhas seis décadas de exercício como repórter político jamais trai uma fonte ou delatei o informante que em mim confiou. E, de logo, deixo claro de público que jamais revelarei a fonte que acreditou na minha dignidade. Quaisquer que sejam as conseqüências de uma recaída na esterqueira da ditadura.
Lula na sua campanha e na da Dilma
Como o presidente Lula conserva as barbas grisalhas, não cultiva o hábito do dialogo matinal com o espelho, enquanto espalha com o pincel o sabão pelo rosto e com a confiável gilete ou a navalha caída em desuso raspa os fios que enfeiam a fisionomia. Não precisa conferir a cada dia os índices de auto-estima, que disparam em velocidade superior aos dos seus índices recordistas de popularidade nas pesquisas que batem no teto de 62%, e com a pinta que alcançará os 70% com gosto doce da virtual unanimidade. E, se o comedimento nunca foi uma das características do seu temperamento, a série de êxitos emplacados pelo governo ativou os neurônios da confiança no seu esquema para as duas campanhas eleitorais.
A que se arrasta na gaiatice cafona do programa eleitoral e promete favorecer o bloco governista de 16 siglas, com o tempero democrático de esparsas vitórias oposicionistas, inclusive em capitais importantes. O ruído das comemorações e análises da eleição de prefeitos e vereadores será sufocado pelo vagalhão que desabará na praia com especulações, manobras, acordos e rompimentos sobre as eleições de 2010 para o sucessor de Lula, governadores, senadores e deputados federais.
E é aí, no gramado das decisões que Lula treina, para consolidar e ampliar a vitória que considera certa, favas contadas. Quem presta atenção nos conchavos do jogo político e distrai-se com as embaixadas e chutes a gol do presidente-artilheiro acompanhou a escalada nas mudanças do seu temperamento.
Lula diz o que lhe vem à cabeça na autolouvação delirante dos seus feitos, a bater recordes mundiais com a facilidade com que se descasca uma tangerina. E não está nem aí para críticas de uma oposição que está brigando mais para dentro, engasgada na rala sopa de siglas, do que com o adversário nacional, solto no ringue. Promessas e fanfarrices na agenda de todos os dias.
Na efusiva e recente amizade de infância com o governador fluminense, Sérgio Cabral, promessas atropelam a enxurrada de louvação: "Não tenho medo de dizer que Sérgio pode passar à História como o melhor governador que este Estado já teve". E, para enfeitar o buquê prometeu copiar o modelo do projeto das Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) para construir 500 no Brasil até 2010. Nem precisava, pois, como o presidente alardeia, "nestes dois anos de mandato, em parceria com Sérgio Cabral, estamos fazendo mais pelo Rio do que foi feito nos últimos 30 anos".
Nos intervalos das folgas, cuida do PT que, depois da temporada dos escândalos do mensalão, do caixa 2, da compra de ambulâncias superfaturadas está mais dócil do que um cordeirinho. Na última rodada de conversa palaciana, o candidato escolhido para presidir o Partido dos Trabalhadores a partir de agosto de 2006 é o amigo de longa militância e seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho.
A ministra Dilma Rousseff não cria problemas e só dá satisfações ao presidente. Vestiu a blusa de candidata e tira excelentes notas no cursilho prático no Palácio do Planalto. Bem humorada, atenciosa, falante e com excelente desempenho nos palanques das viagens do presidente. Nem a pífia campanha da seleção de Dunga esquenta a sua cabeça. Ao contrário, deu razão aos seus reparos de peladeiro nos tempos de torneiro-mecânico em São Bernardo do Campo.
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