quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A AUSÊNCIA

EDITORIAL
GAZETA DO POVO (PR)
26/11/2008


Quando alguma nação é atingida por grandes tragédias, uma presença comum, principalmente nos países desenvolvidos, é a do chefe de Estado ou de governo. Presidentes, primeiros-ministros ou monarcas visitam a área atingida e manifestam solidariedade às vítimas. Um exemplo de como este comportamento virou a regra é a crítica a George W. Bush, que em 2005 agiu de forma considerada insensível após a passagem do furacão Katrina por Nova Orleans.

Em 1961, durante uma das várias enchentes que atingiram a cidade de Blumenau (SC), o então presidente João Goulart sobrevoou a cidade para determinar as medidas de recuperação da área. Quase três décadas depois, o presidente da República praticamente não se pronuncia sobre a calamidade que volta a atingir Santa Catarina. Lula limitou-se a pedir um minuto de silêncio durante um evento e a mandar para lá alguns ministros. É a mesma atitude tomada há um ano, na tragédia com o Airbus da TAM. E o descaso em relação aos compatriotas fica ainda mais evidente quando comparado à atitude de Lula em setembro, após a passagem dos furacões Gustav e Ike por Cuba. Na época, houve reunião de emergência com sete ministérios e a criação de um grupo de trabalho para envio imediato de ajuda humanitária. Era de se esperar que Lula demonstrasse pela dor dos catarinenses uma consideração ao menos equivalente à exibida diante dos cubanos.

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