sábado, 13 de dezembro de 2008

Todo mundo em pânico


Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - No dia em que o mundo inteiro anuncia mais pacotes de ajuda ao setor privado (o Brasil, o Estado de São Paulo, os EUA, a União Européia), acho que vale a pena prestar um pouco de atenção em quem vai na contramão, o ministro alemão de Finanças, Peer Steinbrück.

Antes é bom saber que Steinbrück batalhou um bocado, nas vésperas da cúpula do G8 na Alemanha, em 2007, para que o clubão dos ricos e poderosos adotasse medidas (bastante moderadas, aliás) de controle dos mercados.

Foi vencido pela resistência do governo Bush. Um mês depois da cúpula, começou a crise então batizada de "subprime".

Em entrevista para a revista "Newsweek", o ministro alemão diz, por exemplo:

1 - "Por muito que qualquer governo faça, a recessão em que já estamos é inevitável".

2 - "Quando olho para o caótico e volátil debate em andamento, tanto na Alemanha como no resto do mundo, minha preocupação é que a barragem diária de propostas e declarações políticas está deixando os mercados e os consumidores mais nervosos" (atenção, Lula, pode ser com você também).

3 - "Há uma ansiedade pelo Grande Plano de Resgate. Não existe. Não existe. Lidar com uma crise sem precedentes é um quebra-cabeças, é tentativa-e-erro. Tendo a ser cético porque é da natureza humana ver a crise pior do que é. (...) 2009 parece que será um ano muito difícil. Mas não estamos à beira do colapso" (vai ver que Steinbrück leu a Folha de anteontem).

4 - Sobre a redução de impostos adotada, por exemplo, no Reino Unido: "Você vai mesmo comprar um DVD porque ele agora custa 39,10 libras em vez de 39,90?" (alô, alô, Mantega, pode ser com você).

Acho que o que o ministro quer dizer é simples: está todo mundo em pânico e atirando para todo o lado. Pode, eventualmente, atingir o próprio pé (ou o coração ou a cabeça) de mais de um.

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