Marcelo Rehder
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Em dezembro, foram 130 mil demissões, maior nível em 14 anos
Sob pressão da crise financeira global, a indústria paulista bateu recorde de demissões no mês passado. Levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que as empresas do setor fecharam 130 mil postos de trabalho em dezembro, o equivalente a uma queda de 5,64% no nível de emprego - pior resultado mensal da série histórica iniciada em 1994. Foi também a primeira vez em que todos os 21 setores pesquisados pela entidade demitiram mais do que contrataram em um único mês.
"Essa crise tem demonstrado uma extrema velocidade na mudança e uma violência sem precedentes na queda do emprego", afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, ao divulgar os dados de dezembro.
Só no último trimestre de 2008, quando a indústria paulista começou a sentir o impacto mais forte da crise, as empresas do setor fecharam 174 mil postos de trabalho. Foi mais que suficiente para eliminar o efeito positivo da criação de 167 mil vagas até setembro. O setor fechou o ano com saldo negativo de 7 mil postos de trabalho e déficit de 0,27% no nível de emprego.
Francini observou que a velocidade da crise mundial fez as empresas do setor industrial mudarem de comportamento em relação a demissões. Segundo ele, normalmente, as dispensas só ocorriam depois de quatro meses da primeira redução do ritmo de atividade. Durante esse período, as empresas seguravam as demissões até ter certeza de que a retração nos negócios era para valer.
"Nesta crise, as empresas não tiveram a menor dúvida em relação ao futuro: ele será pior que o presente ", disse Francini.
A indústria sucroalcooleira foi a que mais demitiu em dezembro. Dos 130 mil postos fechados no período, as usinas de açúcar e álcool foram responsáveis pela eliminação de 79,2 mil vagas.
Por causa da sazonalidade do plantio e corte da cana, as usinas contratam milhares de trabalhadores ao longo do ano e costumam demitir a maioria deles em novembro e dezembro, encerrando o ano com saldo positivo de contrações. Em 2008, no entanto, a queda no preço das commodities agrícolas e do petróleo afetou a rentabilidade do setor, que fechou o ano com saldo de 4,3 mil demissões.
Uma boa notícia veio com os resultados da pesquisa Sensor, indicador antecedente que mede o sentimento do empresário sobre a atividade do setor. Na primeira quinzena de janeiro, o índice subiu para 43,5 pontos, ante 34 pontos em igual período de dezembro, embora continue abaixo da linha de 50 pontos que divide a contração do crescimento."O resultado é menos ruim, mas não deixa de ser uma perspectiva de que a queda vai continuar ocorrendo".
Para Francini, o Banco Central agiu tardiamente na redução dos juros e ainda é preciso uma ação forte na redução dos spreads.
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Em dezembro, foram 130 mil demissões, maior nível em 14 anos
Sob pressão da crise financeira global, a indústria paulista bateu recorde de demissões no mês passado. Levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) mostra que as empresas do setor fecharam 130 mil postos de trabalho em dezembro, o equivalente a uma queda de 5,64% no nível de emprego - pior resultado mensal da série histórica iniciada em 1994. Foi também a primeira vez em que todos os 21 setores pesquisados pela entidade demitiram mais do que contrataram em um único mês.
"Essa crise tem demonstrado uma extrema velocidade na mudança e uma violência sem precedentes na queda do emprego", afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, ao divulgar os dados de dezembro.
Só no último trimestre de 2008, quando a indústria paulista começou a sentir o impacto mais forte da crise, as empresas do setor fecharam 174 mil postos de trabalho. Foi mais que suficiente para eliminar o efeito positivo da criação de 167 mil vagas até setembro. O setor fechou o ano com saldo negativo de 7 mil postos de trabalho e déficit de 0,27% no nível de emprego.
Francini observou que a velocidade da crise mundial fez as empresas do setor industrial mudarem de comportamento em relação a demissões. Segundo ele, normalmente, as dispensas só ocorriam depois de quatro meses da primeira redução do ritmo de atividade. Durante esse período, as empresas seguravam as demissões até ter certeza de que a retração nos negócios era para valer.
"Nesta crise, as empresas não tiveram a menor dúvida em relação ao futuro: ele será pior que o presente ", disse Francini.
A indústria sucroalcooleira foi a que mais demitiu em dezembro. Dos 130 mil postos fechados no período, as usinas de açúcar e álcool foram responsáveis pela eliminação de 79,2 mil vagas.
Por causa da sazonalidade do plantio e corte da cana, as usinas contratam milhares de trabalhadores ao longo do ano e costumam demitir a maioria deles em novembro e dezembro, encerrando o ano com saldo positivo de contrações. Em 2008, no entanto, a queda no preço das commodities agrícolas e do petróleo afetou a rentabilidade do setor, que fechou o ano com saldo de 4,3 mil demissões.
Uma boa notícia veio com os resultados da pesquisa Sensor, indicador antecedente que mede o sentimento do empresário sobre a atividade do setor. Na primeira quinzena de janeiro, o índice subiu para 43,5 pontos, ante 34 pontos em igual período de dezembro, embora continue abaixo da linha de 50 pontos que divide a contração do crescimento."O resultado é menos ruim, mas não deixa de ser uma perspectiva de que a queda vai continuar ocorrendo".
Para Francini, o Banco Central agiu tardiamente na redução dos juros e ainda é preciso uma ação forte na redução dos spreads.
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