sexta-feira, 20 de março de 2009

Lula e o desemprego

Eliane Cantanhêde
DEU NA FOLHA DE S. PAULO

De novembro a fevereiro, foram fechadas 789 mil vagas de trabalho. De novembro a fevereiro/março (o Datafolha foi entre os dias 16 e 19 deste mês), Lula caiu 5 pontos. Não é, pois, por acaso. É a "marolinha" chegando não apenas à economia real e ao desemprego como também à sempre sólida popularidade do presidente.

O emprego vinha caindo, caindo, mas a queda estancou em fevereiro. Para os aliados do governo, é o início da recuperação. Mas, para os adversários, trata-se ainda do pior resultado no mês desde 1999. E a pesquisa Datafolha de hoje mostra cristalinamente que a popularidade de Lula vinha subindo, subindo, mas a subida estancou de fevereiro para março. Para os aliados do governo, ele ainda tem o recorde de 65%. Para os adversários, o que vale é que o "bom" e o "ótimo" de Lula caíram de 70% em novembro para 65% agora, recuando aos níveis de setembro.

Isso certamente vai acelerar o Bolsa Habitação, o Bolsa Geladeira, o Bolsa PAC e, quem sabe, até mesmo o Bolsa Família. Principalmente cruzando a popularidade de Lula com os dados sobre a disposição do digníssimo eleitor em relação aos candidatos até agora colocados para a sucessão em 2010. Depois de tanta exposição, com a plástica, os elogios públicos de Lula, as viagens, entrevistas e o encontro de prefeitos, a ministra Dilma não deu o salto previsto. Seja com Serra ou com Aécio na parada, ela avança, mas devagar.

Com Serra, que continua estável em 41%, Dilma passou de 3% em março de 2008 para 8% em novembro e está com 11%. Se o adversário é Aécio, que continua com 17%, ela foi de 4% para 9% e está com 12%. Devagar ou devagar e sempre?

É cedo para dizer. Mas a equação está formada: se a crise corrói empregos, tende a corroer a popularidade de Lula, que é fundamental para Dilma. Se, com Lula em alta, ela vai passo a passo, como irá se Lula começar a cair? Você conclui.

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