Tiago Pariz
ELEIÇÕES 2010
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Enquanto os petistas priorizam os acordos com os peemedebistas, integrantes de legendas menores da base de sustentação do governo Lula demonstram insatisfação e encenam uma debandada política
Apesar de aprovarem a estratégia do PT de priorizar as conversas com o PMDB, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazem ameaças de que, se não forem bem tratados, têm opções diferentes para a eleição de 2010. Todo o tipo de cenário é traçado: candidatura própria, caminhar sem aliança e até apoiar um candidato da oposição. PDT, PP, PR, PCdoB, PTB, PSB compreendem que o PT não pode medir esforços para se aliar com o PMDB. Tudo deve ser feito para não deixar a maior legenda do país no colo do PSDB, que tem dois pré-candidatos a presidente, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.
As ameaças não significam que haverá uma debandada na base aliada, cada um fazendo o que bem entender, deixando o xadrez de 2010 ainda mais confuso. Os líderes das legendas menos prestigiadas ainda apostam que serão convocados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a conversa definitiva. Enquanto isso não acontece, cada um joga com a arma que tem.
O PR, legenda que apoiou o petista em 2002 quando ainda era Partido Liberal , indicando o vice José Alencar, é o mais incomodado com a estratégia. “É um erro. O PT deveria fazer uma conversa global com os aliados”, afirmou o deputado Luciano Castro (RR). A arma para ser lembrado pelo PT? A proximidade da bancada com Aécio, com quem recentemente teve um encontro. “A nossa prioridade é fazer uma eleição de uma grande bancada a partir de 2010, de modo que o próximo governo, seja ele qual for, vai ter que governar com o PR”, disse Castro. “A bancada tem uma relação bastante próxima com o governador Aécio”, acrescentou.
O PP, por sua vez, é o partido mais confortável no atual quadro político. O presidente da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ), fará reunião em 2 de julho entre os diretórios estaduais para saber o que eles almejam na eleição presidencial. Satisfeito em ocupar o Ministério das Cidades, com Márcio Fortes, há uma tendência pró-Dilma Rousseff na legenda. “Primeiro, quero saber e conhecer a posição do PP. Antes de saber, é difícil falar de estratégia. Fato é que temos um bom relacionamento com o governo e com o PT”, disse o senador.
O cientista político e sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Bahia explica que o voraz interesse pelo PMDB deve-se à capacidade do partido de levar a mensagem de um candidato aos rincões mais afastados do país. “O PMDB é o partido da capilaridade”, disse Bahia.
Na zona cinzenta, estão PDT, PSB, PCdoB e PTB. O PSB não desistiu de lançar o deputado Ciro Gomes (CE) na disputa, apesar das resistências do presidente da legenda e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido ainda espera ser convidado para uma conversa com Lula e definir sua estratégia. “O presidente Lula ainda não nos chamou para uma conversa.
Queremos saber o que ele quer, se ele quer ir só com a Dilma ou topa dois candidatos”, disse o deputado Márcio França (SP), tesoureiro dos socialistas. A arma do PSB? A ironia: “Lógico que a gente não descarta uma aliança com o PT, acharíamos ótimo ela (Dilma Rousseff) de vice do Ciro Gomes”. O governador pernambucano não gostaria de lançar o PSB sozinho na eleição presidencial e preferiria a aliança com o PT. Segundo aliados, ele não está tranquilo em relação à reeleição no cargo e precisaria do apoio dos petistas desde o primeiro turno.
E esse é o mesmo pensamento do PCdoB. Os comunistas fazem parte do bloco de esquerda ao lado do PSB, preferem aliar-se ao PT desde o primeiro turno, mas ainda aguardam a definição de Lula. “O bloco está em conversa. Temos alguns candidatos, como o Ciro Gomes, e também a opção de nos aliarmos com o PT”, disse o senador Inácio Arruda (CE). “O PT não pode largar o PMDB. Mas ele não deve priorizar e fazer de conta que os outros não existem”, acrescentou o comunista cearense.
"O PT não pode largar o PMDB. Mas ele não deve fazer de conta que os outros não existem"
(Inácio Arruda (PCdoB-CE), senador)
À espera da negociação
ELEIÇÕES 2010
DEU NO CORREIO BRAZILIENSE
Enquanto os petistas priorizam os acordos com os peemedebistas, integrantes de legendas menores da base de sustentação do governo Lula demonstram insatisfação e encenam uma debandada política
Apesar de aprovarem a estratégia do PT de priorizar as conversas com o PMDB, os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fazem ameaças de que, se não forem bem tratados, têm opções diferentes para a eleição de 2010. Todo o tipo de cenário é traçado: candidatura própria, caminhar sem aliança e até apoiar um candidato da oposição. PDT, PP, PR, PCdoB, PTB, PSB compreendem que o PT não pode medir esforços para se aliar com o PMDB. Tudo deve ser feito para não deixar a maior legenda do país no colo do PSDB, que tem dois pré-candidatos a presidente, os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas Gerais, Aécio Neves.
As ameaças não significam que haverá uma debandada na base aliada, cada um fazendo o que bem entender, deixando o xadrez de 2010 ainda mais confuso. Os líderes das legendas menos prestigiadas ainda apostam que serão convocados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a conversa definitiva. Enquanto isso não acontece, cada um joga com a arma que tem.
O PR, legenda que apoiou o petista em 2002 quando ainda era Partido Liberal , indicando o vice José Alencar, é o mais incomodado com a estratégia. “É um erro. O PT deveria fazer uma conversa global com os aliados”, afirmou o deputado Luciano Castro (RR). A arma para ser lembrado pelo PT? A proximidade da bancada com Aécio, com quem recentemente teve um encontro. “A nossa prioridade é fazer uma eleição de uma grande bancada a partir de 2010, de modo que o próximo governo, seja ele qual for, vai ter que governar com o PR”, disse Castro. “A bancada tem uma relação bastante próxima com o governador Aécio”, acrescentou.
O PP, por sua vez, é o partido mais confortável no atual quadro político. O presidente da legenda, senador Francisco Dornelles (RJ), fará reunião em 2 de julho entre os diretórios estaduais para saber o que eles almejam na eleição presidencial. Satisfeito em ocupar o Ministério das Cidades, com Márcio Fortes, há uma tendência pró-Dilma Rousseff na legenda. “Primeiro, quero saber e conhecer a posição do PP. Antes de saber, é difícil falar de estratégia. Fato é que temos um bom relacionamento com o governo e com o PT”, disse o senador.
O cientista político e sociólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Bahia explica que o voraz interesse pelo PMDB deve-se à capacidade do partido de levar a mensagem de um candidato aos rincões mais afastados do país. “O PMDB é o partido da capilaridade”, disse Bahia.
Na zona cinzenta, estão PDT, PSB, PCdoB e PTB. O PSB não desistiu de lançar o deputado Ciro Gomes (CE) na disputa, apesar das resistências do presidente da legenda e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O partido ainda espera ser convidado para uma conversa com Lula e definir sua estratégia. “O presidente Lula ainda não nos chamou para uma conversa.
Queremos saber o que ele quer, se ele quer ir só com a Dilma ou topa dois candidatos”, disse o deputado Márcio França (SP), tesoureiro dos socialistas. A arma do PSB? A ironia: “Lógico que a gente não descarta uma aliança com o PT, acharíamos ótimo ela (Dilma Rousseff) de vice do Ciro Gomes”. O governador pernambucano não gostaria de lançar o PSB sozinho na eleição presidencial e preferiria a aliança com o PT. Segundo aliados, ele não está tranquilo em relação à reeleição no cargo e precisaria do apoio dos petistas desde o primeiro turno.
E esse é o mesmo pensamento do PCdoB. Os comunistas fazem parte do bloco de esquerda ao lado do PSB, preferem aliar-se ao PT desde o primeiro turno, mas ainda aguardam a definição de Lula. “O bloco está em conversa. Temos alguns candidatos, como o Ciro Gomes, e também a opção de nos aliarmos com o PT”, disse o senador Inácio Arruda (CE). “O PT não pode largar o PMDB. Mas ele não deve priorizar e fazer de conta que os outros não existem”, acrescentou o comunista cearense.
"O PT não pode largar o PMDB. Mas ele não deve fazer de conta que os outros não existem"
(Inácio Arruda (PCdoB-CE), senador)
À espera da negociação
O PDT, do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, já começou a trabalhar as bases para se jogar na candidatura de Dilma Rousseff. Mas enquanto os pedetistas aguardam ser procurados pelo presidente Lula e pelo PT para negociar as bases da aliança, ameaçam. “ Hoje, a nossa primeira opção é pela candidatura própria. E o nome mais lembrado é o do senador Cristovam Buarque”, afirmou o presidente em exercício do PDT, o deputado Vieira da Cunha (RS). Mas reconhece: “Existe um desejo por participar da candidatura petista, mas não há nenhum compromisso”.
O PTB também aguarda a convocação do presidente Lula para apresentar seus interesses em 2010. Mas o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), também espera por um encontro amistoso com o governador mineiro e gosta de lembrar que em São Paulo seu partido está ao lado de José Serra.
As cartas estão embaralhadas e há ciúmes em todos os lugares. O PT sabe que não pode desperdiçar nenhum apoio agora que se antecipou na campanha presidencial. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), acredita haver a possibilidade de 2010 ter dois candidatos da base aliada. Hoje, o mais forte é o deputado Ciro Gomes.
O PTB também aguarda a convocação do presidente Lula para apresentar seus interesses em 2010. Mas o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), também espera por um encontro amistoso com o governador mineiro e gosta de lembrar que em São Paulo seu partido está ao lado de José Serra.
As cartas estão embaralhadas e há ciúmes em todos os lugares. O PT sabe que não pode desperdiçar nenhum apoio agora que se antecipou na campanha presidencial. O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), acredita haver a possibilidade de 2010 ter dois candidatos da base aliada. Hoje, o mais forte é o deputado Ciro Gomes.
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