Clarissa Thomé, Rio
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Número de inscritos no exame unificado de três instituições afetadas chega a 71 mil, o que gerou uma "situação absurda", diz reitor da Uerj
A decisão liminar do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, que suspendeu o sistema de reserva de vagas para negros e estudantes da rede pública nas universidades estaduais do Rio, deixou na incerteza 71 mil estudantes. Esse é o número de inscritos no vestibular unificado, que seleciona alunos para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade do Estado do Norte Fluminense (Uenf) e Centro Universitário da Zona Oeste (Uezo). A primeira prova está marcada para o próximo dia 21 e os cartões de confirmação começaram a ser distribuídos ontem.
"Essa é uma situação absurda, inconveniente", disse o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves. "O sistema de cotas existe desde 2002 no Rio e uma decisão liminar, que não avaliou o mérito da causa, não pode mudar tudo no meio do processo."
Vieiralves critica a falta de leis sobre o tema. Um projeto de lei regulamentando a matéria tramita há 10 anos no Congresso. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não julgou uma ação direta de inconstitucionalidade, que desde 2004 questiona a validade da lei de cotas.
A Uerj enfrenta anualmente cerca de 400 ações impetradas por alunos que tiveram desempenho no vestibular superior ao dos cotistas, mas não conseguiram vaga.
"O STF não pode ficar protelando grandes decisões, que definem políticas de Estado", criticou Vieiralves.
A Procuradoria-Geral do Rio encaminhou ontem ao Órgão Especial do TJ uma petição, na qual solicita que a decisão sobre as cotas não tenha efeito no vestibular em curso. Os procuradores irão recorrer da decisão em outro momento.
"O importante é que a regra não vai ser mudada depois de começado o jogo", garantiu o secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso.
A estudante de pré-vestibular Ana Clara Vargas, de 18 anos, que é contrária às cotas, disse que a liminar foi o assunto do dia entre estudantes. "Ela muda muita coisa. Para a medicina, por exemplo, há 56 vagas para não-cotistas e 46 para cotistas na Uerj. Se a liminar for mantida, a relação candidato-vaga cai vertiginosamente", observou.
O estudante Jhone Carlos Cruz, de 18 anos, defendeu as cotas. Aprovado em duas universidades federais, que não fazem reserva de vagas, ele optou por ingressar na Uerj pelo sistema de cotas: "É uma questão de autoafirmação. É um direito adquirido."
A liminar foi provocada por ação apresentada pelo deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP). Ele alegou que a cota acirra a discriminação. "É preciso estabelecer a ordem e a Constituição", disse.
DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Número de inscritos no exame unificado de três instituições afetadas chega a 71 mil, o que gerou uma "situação absurda", diz reitor da Uerj
A decisão liminar do Órgão Especial do Tribunal de Justiça, que suspendeu o sistema de reserva de vagas para negros e estudantes da rede pública nas universidades estaduais do Rio, deixou na incerteza 71 mil estudantes. Esse é o número de inscritos no vestibular unificado, que seleciona alunos para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade do Estado do Norte Fluminense (Uenf) e Centro Universitário da Zona Oeste (Uezo). A primeira prova está marcada para o próximo dia 21 e os cartões de confirmação começaram a ser distribuídos ontem.
"Essa é uma situação absurda, inconveniente", disse o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves. "O sistema de cotas existe desde 2002 no Rio e uma decisão liminar, que não avaliou o mérito da causa, não pode mudar tudo no meio do processo."
Vieiralves critica a falta de leis sobre o tema. Um projeto de lei regulamentando a matéria tramita há 10 anos no Congresso. Por outro lado, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não julgou uma ação direta de inconstitucionalidade, que desde 2004 questiona a validade da lei de cotas.
A Uerj enfrenta anualmente cerca de 400 ações impetradas por alunos que tiveram desempenho no vestibular superior ao dos cotistas, mas não conseguiram vaga.
"O STF não pode ficar protelando grandes decisões, que definem políticas de Estado", criticou Vieiralves.
A Procuradoria-Geral do Rio encaminhou ontem ao Órgão Especial do TJ uma petição, na qual solicita que a decisão sobre as cotas não tenha efeito no vestibular em curso. Os procuradores irão recorrer da decisão em outro momento.
"O importante é que a regra não vai ser mudada depois de começado o jogo", garantiu o secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso.
A estudante de pré-vestibular Ana Clara Vargas, de 18 anos, que é contrária às cotas, disse que a liminar foi o assunto do dia entre estudantes. "Ela muda muita coisa. Para a medicina, por exemplo, há 56 vagas para não-cotistas e 46 para cotistas na Uerj. Se a liminar for mantida, a relação candidato-vaga cai vertiginosamente", observou.
O estudante Jhone Carlos Cruz, de 18 anos, defendeu as cotas. Aprovado em duas universidades federais, que não fazem reserva de vagas, ele optou por ingressar na Uerj pelo sistema de cotas: "É uma questão de autoafirmação. É um direito adquirido."
A liminar foi provocada por ação apresentada pelo deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP). Ele alegou que a cota acirra a discriminação. "É preciso estabelecer a ordem e a Constituição", disse.
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