Odilon Rios* e Luiza Damé**
Maceió E Palmeiras Dos Índios (AL)
DEU EM O GLOBO
Em Alagoas, Lula divide palanque com ex-presidente, a quem diz querer fazer justiça
Maceió E Palmeiras Dos Índios (AL)
DEU EM O GLOBO
Em Alagoas, Lula divide palanque com ex-presidente, a quem diz querer fazer justiça
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua candidata à Presidência, a ministra Dilma Rousseff, dividiram ontem um palanque com o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTBAL) no lançamento da primeira obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Alagoas, uma adutora em Palmeira dos Índios. Ao lado deles, também estava o governador tucano Teotonio Vilela. Lula tratou Collor e o senador Renan Calheiros, líder do PMDB no Senado e que não estava presente, como aliados: — Eu quero aqui fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan, que têm dado uma sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado — discursou Lula.
Apesar do clima de campanha, o presidente disse que não falaria de eleições, mas afirmou que vai eleger seu sucessor.
— Está chegando o ano eleitoral, não posso falar de eleição. Eu vou ajudar a eleger minha sucessora. Ou sucessor neste país.
Pré-candidato ao governo de Alagoas, Collor tinha sua foto estampada na primeira página de um jornal distribuído no evento, em que ele era citado como candidato apoiado por Lula. Teotonio foi vaiado três vezes, o que quase aconteceu com Dilma, mas por motivo diferente: o palanque era em Palmeira dos Índios, cidade conhecida do estado, mas a ministra trocou o nome mais de uma vez e citou Palmeira das Missões, que fica no Rio Grande do Sul. Houve ensaio de vaias, mas elas não aconteceram.
Dilma compara Lula a Graciliano Ramos
Nos discursos, Lula voltou a criticar seus antecessores: — Na verdade, ao invés de se governar, fazia-se a política da camaradagem, dos amigos — disse, ao reclamar do tratamento que, segundo ele, era dado pelo Planalto a adversários políticos: — Até outro dia, presidente da República que pertencia a um partido político não visitava governador de outro partido. Presidente não faria obra para os que pertencessem a outro partido. Assim, o Brasil sofria o desmazelo dos eleitos. O Bolsa Família era chamado de esmola. Quem fala isso não precisa do Bolsa Família.
Dilma também discursou, exaltando o PAC, sua principal bandeira, ao lado do Bolsa Família, para as eleições do ano que vem: — No Brasil se diz que o PAC estava no papel. Não é verdade. São obras que ocorrem com um grande esforço do presidente Lula. O Brasil voltou a superar obstáculos — disse ela, que comparou Lula ao alagoano Graciliano Ramos, prefeito de Palmeira dos Índios na década de 20. — Precisava vir um outro nordestino para que a vida do povo começasse a mudar.
O lançamento da primeira obra do PAC em Alagoas aconteceu no estádio do CSE, um clube de futebol, para uma multidão de sem-terra, agricultores, funcionários públicos municipais e estaduais, donas de casa, prefeitos e políticos da região. A obra de abastecimento de água abrange quatro cidades e custou R$ 75,7 milhões.
Em Maceió, onde inaugurou obras de revitalização da orla da capital alagoana, Lula voltou a reunir um palanque eclético, com adversários históricos, usineiros e políticos de variados matizes ideológicos. Lula dividiu novamente o espaço com Collor e Teotonio, além do usineiro e ex-deputado João Lyra, o deputado Augusto Farias (PP-AL) e o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP).
Em clima de campanha, a estrela foi Dilma, aplaudida sempre que seu nome era citado. Lula, ao final, chamou a atenção para que se evitasse o tom eleitoral.
— É impor tante que a gente entenda um ato público como um evento institucional, em que não tem partido, não tem candidato, porque senão a coisa não funciona. Daqui a pouco tem um juiz abrindo processo dizendo que tem campanha política para A ou B. Nós temos momento de governar e temos momento para disputar campanha — disse Lula.
No início do ato, o prefeito rasgou elogios a Lula e à ministra, pré-candidata à Presidência da República em 2010. Disse que Lula fará o sucessor e que torce para que seja Dilma.
— Chegou a vez das mulheres. Tomara que seja ela, porque ela é o braço direito e esquerdo da administração pública — afirmou Almeida.
Obra é contestada por MP de Alagoas
A ministra apenas sorriu, mas o público, de cerca de 500 pessoas, aplaudiu.
Dilma fez um discurso técnico, sobre obras federais em Maceió, mas com recheio político. Ao falar de saneamento, afirmou que o governo não está preocupado só com a cara, mas também com o coração das cidades.
No fim, agradeceu pelas manifestações de solidariedade por causa do câncer linfático, detectado em abril.
A obra inaugurada ontem, que custou R$ 5,6 milhões, é contestada pelo Ministério Público Federal de Alagoas.
A procuradora Niedja Kaspary deverá propor uma ação civil pública porque a prefeitura não cumpriu sugestões do MP em relação ao projeto, como padronização das barracas da orla.
NOTA DO BLOG:
Mais um ato da peça Macunaíma, o herói sem cárater, em plena campanha eleitoral.
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