Vinicius Torres Freire
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Ressurreição da candidatura Ciro altera alianças regionais e também o debate político e econômico da eleição de 2010
BASTOU o desempenho eleitoral de Dilma Rousseff deixar de ser excelente para que alguns preços do feirão do PMDB subissem, entre outros desarranjos da feira partidária. Desde sexta-feira passada, Michel Temer, presidente do condomínio ou do camelódromo político peemedebista, voltou a apregoar sua candidatura a vice de Dilma, ameaçada pelo tumulto nas alianças regionais entre seu partido e o lulismo-petismo. Há mais desordem e mais incerteza nas coalizões estaduais não apenas porque Dilma tremelicou nas pesquisas, mas porque desde meados do ano o PSDB (José Serra) resolveu trabalhar sua candidatura no interior do país.
Mais importante, a incerteza sobre Dilma aumentou devido a fatores permanentes: o lulismo-petismo expeliu Marina Silva, o que vitaminou Ciro Gomes.
Ciro é mais do que ele e sua circunstância de "plano B" de Lula. Sua presença na disputa vai desordenar muito mais que o páreo das pesquisas. José Serra e Dilma, apesar de não serem as candidaturas do sonho da grande banca e do empresariado, eram palatáveis e não causam inquietude maior. Ciro é outra história, pois também muito opinionado mas mais imprevisível e ainda desenquadrado nos grandes esquemas da política nacional. De resto, o deputado tem contas antigas a acertar com o PSDB, pode desarranjar rapidamente os acertos do PMDB com Dilma (e outros) e, como "novidade", ainda é uma candidatura que pode tomar vários formatos até o final da campanha, daqui a um ano.
A votação de Dilma nas pesquisas era de fato excelente para uma até ontem desconhecida sem experiência de urna e da demagogia de palco & palanque. Seu desempenho ainda é ótimo. Mas os preços no mercado eleitoral parecem muito elásticos, muito sensíveis, à variação de intenções de voto. Além disso, algumas variações se tornaram mais ou menos permanentes. Dilma perdeu pontos com o "noticiário negativo": currículo falso (317 votos a menos), ausência dos palanques lulianos devido ao tratamento de saúde, o caso Lina Vieira e os efeitos marginais da crise econômica, que morderam a popularidade de Lula (apenas um tico, mas morderam). Dilma deixou de ganhar votos e deve ter perdido alguns com a pré-temporada eleitoral da senadora Marina Silva (PV).
Ficou sem outros tantos devido à ressurreição do deputado federal Ciro Gomes (PSB).Note-se que, ainda em junho, a candidatura cirista ao governo de São Paulo era levada a sério pelo próprio deputado, o PSB encomendava pesquisa, o PT "cogitava" abrir mão de candidatura própria e o domicílio eleitoral de Ciro era assunto.
Foi também entre maio e junho que o PSDB procurou o PMDB para conversas, e que Serra passou a visitar o Nordeste -em junho, fechou acordo com o DEM da Bahia.
Dilma avariada, Marina, Ciro e um PSDB menos letárgico transtornaram de vez alianças regionais, ainda muito abertas e confusas, como o demonstrou Cátia Seabra, ontem na Folha. O fato de o PT ter perdido sua mania exclusivista, a mando de Lula, tornou a situação ainda mais instável, como na Bahia, em Minas, no Paraná, no Rio e em Goiás. Mas a ressurreição de Ciro vai bagunçar mais do que coalizões.
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Ressurreição da candidatura Ciro altera alianças regionais e também o debate político e econômico da eleição de 2010
BASTOU o desempenho eleitoral de Dilma Rousseff deixar de ser excelente para que alguns preços do feirão do PMDB subissem, entre outros desarranjos da feira partidária. Desde sexta-feira passada, Michel Temer, presidente do condomínio ou do camelódromo político peemedebista, voltou a apregoar sua candidatura a vice de Dilma, ameaçada pelo tumulto nas alianças regionais entre seu partido e o lulismo-petismo. Há mais desordem e mais incerteza nas coalizões estaduais não apenas porque Dilma tremelicou nas pesquisas, mas porque desde meados do ano o PSDB (José Serra) resolveu trabalhar sua candidatura no interior do país.
Mais importante, a incerteza sobre Dilma aumentou devido a fatores permanentes: o lulismo-petismo expeliu Marina Silva, o que vitaminou Ciro Gomes.
Ciro é mais do que ele e sua circunstância de "plano B" de Lula. Sua presença na disputa vai desordenar muito mais que o páreo das pesquisas. José Serra e Dilma, apesar de não serem as candidaturas do sonho da grande banca e do empresariado, eram palatáveis e não causam inquietude maior. Ciro é outra história, pois também muito opinionado mas mais imprevisível e ainda desenquadrado nos grandes esquemas da política nacional. De resto, o deputado tem contas antigas a acertar com o PSDB, pode desarranjar rapidamente os acertos do PMDB com Dilma (e outros) e, como "novidade", ainda é uma candidatura que pode tomar vários formatos até o final da campanha, daqui a um ano.
A votação de Dilma nas pesquisas era de fato excelente para uma até ontem desconhecida sem experiência de urna e da demagogia de palco & palanque. Seu desempenho ainda é ótimo. Mas os preços no mercado eleitoral parecem muito elásticos, muito sensíveis, à variação de intenções de voto. Além disso, algumas variações se tornaram mais ou menos permanentes. Dilma perdeu pontos com o "noticiário negativo": currículo falso (317 votos a menos), ausência dos palanques lulianos devido ao tratamento de saúde, o caso Lina Vieira e os efeitos marginais da crise econômica, que morderam a popularidade de Lula (apenas um tico, mas morderam). Dilma deixou de ganhar votos e deve ter perdido alguns com a pré-temporada eleitoral da senadora Marina Silva (PV).
Ficou sem outros tantos devido à ressurreição do deputado federal Ciro Gomes (PSB).Note-se que, ainda em junho, a candidatura cirista ao governo de São Paulo era levada a sério pelo próprio deputado, o PSB encomendava pesquisa, o PT "cogitava" abrir mão de candidatura própria e o domicílio eleitoral de Ciro era assunto.
Foi também entre maio e junho que o PSDB procurou o PMDB para conversas, e que Serra passou a visitar o Nordeste -em junho, fechou acordo com o DEM da Bahia.
Dilma avariada, Marina, Ciro e um PSDB menos letárgico transtornaram de vez alianças regionais, ainda muito abertas e confusas, como o demonstrou Cátia Seabra, ontem na Folha. O fato de o PT ter perdido sua mania exclusivista, a mando de Lula, tornou a situação ainda mais instável, como na Bahia, em Minas, no Paraná, no Rio e em Goiás. Mas a ressurreição de Ciro vai bagunçar mais do que coalizões.
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