PITTSBURGH - Se o governo Luiz Inácio Lula da Silva pretende ser realmente um ator de peso na cena global, vai ter que definir-se mais claramente em relação a determinados temas e abandonar a parte "amor" do slogan "Lulinha, paz e amor".
Paz, tudo bem. Amor, reserva-se apenas para quem o merece.
Vejamos o caso do Irã. Tudo bem que Lula tenha cobrado, em privado, a negação do Holocausto, esse crime que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, comete com inquietante frequência. Mas o que adianta se, depois, em público, diz aos jornalistas que negar o Holocausto "é problema dele"?
Passemos agora a Marco Aurélio Garcia, o assessor diplomático de Lula, que reclama que, na falta de uma "atitude enérgica" em relação ao golpe em Honduras, o mau exemplo vai se disseminar pela América Latina.
Bom, nesse caso todo o mundo fica autorizado a imaginar que o mau exemplo de negar o Holocausto vai se disseminar pelo mundo muçulmano. Não obstante, o governo Lula, em vez de uma "atitude enérgica", convida Ahmadinejad para visitar o Brasil e se dispõe a ir ao Irã, como a natural contrapartida.
Claro que não é o caso de romper relações com Teerã, até porque há poucos santos no mundo real para que as relações de Estado sejam apenas com eles.
Mas tampouco é o caso de lavar as mãos, o que vale também para o problema nuclear.
Marco Aurélio justificou a aceitação pelo Brasil da explicação iraniana de que seu programa é exclusivamente para fins pacíficos, alegando que o Brasil não é a Agência Internacional de Energia Atômica, xerife nesse âmbito.
Não é mesmo, mas acabou passando por bobo quando se revelam instalações nucleares antes ocultas, o que levou o presidente Nicolas Sarkozy -aliado estratégico do Brasil- a dizer que "já estamos em uma séria crise de confiança".
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