Jarbas de Holanda
Jornalista
Reportagem de ontemontem da Folha de S. Paulo – “Fortalecido pelo DEM, Aécio decide dar ultimato ao PSDB – Mineiro quer oficializar intenção de disputar a Presidência e antecipar definição do partido” – mostra um dos reflexos que a ofensiva do governo pró-Dilma Rousseff está tendo no campo das lideranças tucanas. Colocadas sob pressão dos democratas, do PPS, e de suas próprias bases para a escolha do candidato oposicionista num prazo bem mais curto que o de março, defendido por José Serra, e sem as prévias, necessariamente demoradas, propostas por Aécio Neves, o nome alternativo. Este, pressentindo uma volta do
receio de Serra de participar da disputa presidencial, e estimulado pela preferência por seu nome que a maioria de deputados federais e senadores do DEM manifestou em pesquisa do Globo da semana passada, tratou de capitalizar tal pressão num jantar da cúpula do PSDB promovido anteontem em São Paulo por FHC, no qual afirmou estar pronto e à disposição do partido para a referida disputa.
A resistência de Serra à antecipação dessa escolha, baseada em cálculos e critérios há muito explicitados, tem o reforço, agora de razões bem plausíveis: a necessidade de esperar até março de 2010 para que possa avaliar os efeitos da ofensiva pró-Dilma desencadeada pelo presidente Lula (na montagem de alianças partidárias e de palanques estaduais, e no uso da vistoria de obras federais para a realização de verdadeiros comícios, objeto de incisivo
questionamento do chefe do Poder Judiciário, Gilmar Men-des). Ou seja, em que medida tais processos, combinados com a exploração dos impactos do pré-sal e das Olimpíadas de 2016, vão refletir-se nas pesquisas eleitorais e poderão produzir sinais indicativos de êxito ou fracasso do projeto oficial de transferência (plebiscitária) da popularidade do presidente para sua candidata. Para Serra, um prazo maior de definição do presidenciável tucano será também
importante para que se tenha, já em 2010, mais dados sobre outras variáveis significativas na disputa: o comportamento da economia e a minimização ou persistência do alto grau de tropeços e de gastança da gestão governamental.
É em função da existência, ao longo do primeiro trimestre do próximo ano, de um cenário político-eleitoral e político-econômico que propicie à oposição perspectiva ao menos de efetiva competitividade que o governador paulista quer decidir se parte para nova candidatura presidencial. Ou se, embora siga liderando as pesquisas, desiste dela, assumindo o plano B de reeleição (que teria de deslocar Geraldo Alckmin para a disputa de uma das vagas paulistas no Senado).
Já para o governador mineiro, a disposição de enfrentar todos os riscos do pleito federal e, agora, a defesa do apressamento da escolha do candidato do PSDB decorrem, basicamente, de uma aposta em que sua reconhecida capacidade de agregação de forças políticas conseguiria invi-
abilizar a formação de uma ampla aliança pró-Dilma (atraindo partidos da base governista, como o PP, o PTB e o PSB de Ciro Gomes, e boa parcela do PMDB), bem como inviabilizar ou esvaziar a estratégia do Planalto de converter o pleito num plebiscito em torno do lulismo. Mas Aécio tem pela frente, primeiro, os baixos índices obtidos até agora nas pesquisas, e,segundo, como obstáculo maior, a corrida do presidente Lula para antecipar forte composição multipartidária pró-Dilma, usando para isso todos os trunfos (da máquina e de sua elevada popularidade) para préformalizá-la com o PMDB, cedendo-lhe a indicação do candidato a vice, e atrair as demais legendas vinculadas ao governo. Cenário político hostil à oposição que está se configurando e que, concretizado, Aécio dificilmente poderia ou poderá mudar.
Jornalista
Reportagem de ontemontem da Folha de S. Paulo – “Fortalecido pelo DEM, Aécio decide dar ultimato ao PSDB – Mineiro quer oficializar intenção de disputar a Presidência e antecipar definição do partido” – mostra um dos reflexos que a ofensiva do governo pró-Dilma Rousseff está tendo no campo das lideranças tucanas. Colocadas sob pressão dos democratas, do PPS, e de suas próprias bases para a escolha do candidato oposicionista num prazo bem mais curto que o de março, defendido por José Serra, e sem as prévias, necessariamente demoradas, propostas por Aécio Neves, o nome alternativo. Este, pressentindo uma volta do
receio de Serra de participar da disputa presidencial, e estimulado pela preferência por seu nome que a maioria de deputados federais e senadores do DEM manifestou em pesquisa do Globo da semana passada, tratou de capitalizar tal pressão num jantar da cúpula do PSDB promovido anteontem em São Paulo por FHC, no qual afirmou estar pronto e à disposição do partido para a referida disputa.
A resistência de Serra à antecipação dessa escolha, baseada em cálculos e critérios há muito explicitados, tem o reforço, agora de razões bem plausíveis: a necessidade de esperar até março de 2010 para que possa avaliar os efeitos da ofensiva pró-Dilma desencadeada pelo presidente Lula (na montagem de alianças partidárias e de palanques estaduais, e no uso da vistoria de obras federais para a realização de verdadeiros comícios, objeto de incisivo
questionamento do chefe do Poder Judiciário, Gilmar Men-des). Ou seja, em que medida tais processos, combinados com a exploração dos impactos do pré-sal e das Olimpíadas de 2016, vão refletir-se nas pesquisas eleitorais e poderão produzir sinais indicativos de êxito ou fracasso do projeto oficial de transferência (plebiscitária) da popularidade do presidente para sua candidata. Para Serra, um prazo maior de definição do presidenciável tucano será também
importante para que se tenha, já em 2010, mais dados sobre outras variáveis significativas na disputa: o comportamento da economia e a minimização ou persistência do alto grau de tropeços e de gastança da gestão governamental.
É em função da existência, ao longo do primeiro trimestre do próximo ano, de um cenário político-eleitoral e político-econômico que propicie à oposição perspectiva ao menos de efetiva competitividade que o governador paulista quer decidir se parte para nova candidatura presidencial. Ou se, embora siga liderando as pesquisas, desiste dela, assumindo o plano B de reeleição (que teria de deslocar Geraldo Alckmin para a disputa de uma das vagas paulistas no Senado).
Já para o governador mineiro, a disposição de enfrentar todos os riscos do pleito federal e, agora, a defesa do apressamento da escolha do candidato do PSDB decorrem, basicamente, de uma aposta em que sua reconhecida capacidade de agregação de forças políticas conseguiria invi-
abilizar a formação de uma ampla aliança pró-Dilma (atraindo partidos da base governista, como o PP, o PTB e o PSB de Ciro Gomes, e boa parcela do PMDB), bem como inviabilizar ou esvaziar a estratégia do Planalto de converter o pleito num plebiscito em torno do lulismo. Mas Aécio tem pela frente, primeiro, os baixos índices obtidos até agora nas pesquisas, e,segundo, como obstáculo maior, a corrida do presidente Lula para antecipar forte composição multipartidária pró-Dilma, usando para isso todos os trunfos (da máquina e de sua elevada popularidade) para préformalizá-la com o PMDB, cedendo-lhe a indicação do candidato a vice, e atrair as demais legendas vinculadas ao governo. Cenário político hostil à oposição que está se configurando e que, concretizado, Aécio dificilmente poderia ou poderá mudar.
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