O que é que Maria levou com a nossa intervenção na crise de Honduras? Publicações internacionais de peso disseram que o Brasil aumentou sua presença na América Central em detrimento, por exemplo, do México. E que atuou de forma mais ativa do que os Estados Unidos.
Mas isso foi antes do fim da crise. Ela acabou sob o signo de Barack Obama.
A se acreditar em Lula, entramos na crise sem querer quando Manoel Zelaya, o presidente deposto de Honduras, materializou-se há pouco mais de 40 dias dentro dos jardins da embaixada brasileira em Tegucigalpa. De nada sabíamos. Hugo Chávez, presidente da Venezuela e mentor de Zelaya, sabia de tudo. E providenciara os meios para que Zelaya batesse de repente à nossa porta.
Como negar o que Zelaya pedia? Que era bem o quê? Asilo não era. Zelaya havia sido deportado para a Costa Rica pelos militares no dia 28 de junho passado tão logo fora deposto pela Suprema Corte de Justiça. Ele voltou e pediu abrigo ao governo brasileiro. Além de ampla liberdade para usar a embaixada como escritório político. Ali comandou reuniões e concedeu entrevistas – o que um asilado não poderia fazer.
Dali emitiu ordens para manifestações contra o governo de fato de Honduras presidido por Roberto Micheletti, eleito por votação unânime do Congresso para sucedê-lo. Na verdade, o governo Lula acreditou que Zelaya tinha mais força política do que ele demonstrou. E que Micheletti não duraria tanto tempo no cargo enfrentando sanções econômicas e a condenação da comunidade internacional. Enganou-se.
A derrubada de Zelaya foi legal, segundo a Constituição. Afinal ele tentara mudá-la para introduzir a reeleição de presidente. A deportação foi ilegal. Micheletti resistiu mais do que se supunha. E o governo Barack Obama pressionou menos do que se esperava. De todo modo era preciso encontrar uma saída que salvasse muitas faces – a americana, influente no pedaço, a do resto do mundo e a da democracia hondurenha.
O tempo e o calendário eleitoral contribuíram para que se chegasse ao acordo anunciado na última sexta-feira. Está marcada para o próximo dia 29 a eleição do sucessor de Zelaya. Que tomará posse no dia 27 de janeiro. Manda a Constituição que a partir de hoje o comando das Forças Armadas obedeça à Suprema Corte de Justiça. A sorte de Zelaya será decidida pelo Congresso ainda esta semana.
O acordo prevê que o substituto de Micheletti comande um governo de união nacional até que o futuro presidente instale o seu. Mas não prevê que o substituto seja Zelaya. Micheletti e Zelaya pertencem ao Partido Liberal, que está rachado quanto ao retorno de Zelaya ao cargo. Ele só se dará se quiser o Partido Nacional, chefiado por Porfírio Lobo. Há quatro anos, Lobo perdeu a eleição para Zelaya. É de novo candidato – e dessa vez deve ganhar.
Foi com ele que se reuniu Thomas Shannon, subsecretário de Estado americano para a América Latina, antes de anunciar o desfecho da crise. Shannon arrancou de Lobo a promessa de que os liberais votarão a favor da restituição de Zelaya. Por sua vez, Lobo arrancou de Shannon a garantia de que os Estados Unidos reconhecerão a legitimidade das eleições hondurenhas quer Zelaya seja devolvido ao poder ou não.
Na tarde do último sábado, o deputado Ramón Velásques, secretário do Congresso, deu uma medida da “boa vontade” dos seus colegas com Zelaya. “Se nossa decisão for a de nomear um substituto para Zelaya na presidência, não vejo razão para que seja ele”, argumentou. “A restituição de Zelaya é uma questão jurídica e o Congresso é uma instituição eminentemente política”.
O que Maria levou mesmo com a crise de Honduras? Revelou-se uma boa hospedeira. Ganhou espaço favorável na mídia internacional. Meteu-se de forma acintosa nos assuntos internos de outro país, o que fere antigos tratados. Na hora H, não foi ouvida nem cheirada sobre o acordo que pôs fim à crise.
A se acreditar em Lula, entramos na crise sem querer quando Manoel Zelaya, o presidente deposto de Honduras, materializou-se há pouco mais de 40 dias dentro dos jardins da embaixada brasileira em Tegucigalpa. De nada sabíamos. Hugo Chávez, presidente da Venezuela e mentor de Zelaya, sabia de tudo. E providenciara os meios para que Zelaya batesse de repente à nossa porta.
Como negar o que Zelaya pedia? Que era bem o quê? Asilo não era. Zelaya havia sido deportado para a Costa Rica pelos militares no dia 28 de junho passado tão logo fora deposto pela Suprema Corte de Justiça. Ele voltou e pediu abrigo ao governo brasileiro. Além de ampla liberdade para usar a embaixada como escritório político. Ali comandou reuniões e concedeu entrevistas – o que um asilado não poderia fazer.
Dali emitiu ordens para manifestações contra o governo de fato de Honduras presidido por Roberto Micheletti, eleito por votação unânime do Congresso para sucedê-lo. Na verdade, o governo Lula acreditou que Zelaya tinha mais força política do que ele demonstrou. E que Micheletti não duraria tanto tempo no cargo enfrentando sanções econômicas e a condenação da comunidade internacional. Enganou-se.
A derrubada de Zelaya foi legal, segundo a Constituição. Afinal ele tentara mudá-la para introduzir a reeleição de presidente. A deportação foi ilegal. Micheletti resistiu mais do que se supunha. E o governo Barack Obama pressionou menos do que se esperava. De todo modo era preciso encontrar uma saída que salvasse muitas faces – a americana, influente no pedaço, a do resto do mundo e a da democracia hondurenha.
O tempo e o calendário eleitoral contribuíram para que se chegasse ao acordo anunciado na última sexta-feira. Está marcada para o próximo dia 29 a eleição do sucessor de Zelaya. Que tomará posse no dia 27 de janeiro. Manda a Constituição que a partir de hoje o comando das Forças Armadas obedeça à Suprema Corte de Justiça. A sorte de Zelaya será decidida pelo Congresso ainda esta semana.
O acordo prevê que o substituto de Micheletti comande um governo de união nacional até que o futuro presidente instale o seu. Mas não prevê que o substituto seja Zelaya. Micheletti e Zelaya pertencem ao Partido Liberal, que está rachado quanto ao retorno de Zelaya ao cargo. Ele só se dará se quiser o Partido Nacional, chefiado por Porfírio Lobo. Há quatro anos, Lobo perdeu a eleição para Zelaya. É de novo candidato – e dessa vez deve ganhar.
Foi com ele que se reuniu Thomas Shannon, subsecretário de Estado americano para a América Latina, antes de anunciar o desfecho da crise. Shannon arrancou de Lobo a promessa de que os liberais votarão a favor da restituição de Zelaya. Por sua vez, Lobo arrancou de Shannon a garantia de que os Estados Unidos reconhecerão a legitimidade das eleições hondurenhas quer Zelaya seja devolvido ao poder ou não.
Na tarde do último sábado, o deputado Ramón Velásques, secretário do Congresso, deu uma medida da “boa vontade” dos seus colegas com Zelaya. “Se nossa decisão for a de nomear um substituto para Zelaya na presidência, não vejo razão para que seja ele”, argumentou. “A restituição de Zelaya é uma questão jurídica e o Congresso é uma instituição eminentemente política”.
O que Maria levou mesmo com a crise de Honduras? Revelou-se uma boa hospedeira. Ganhou espaço favorável na mídia internacional. Meteu-se de forma acintosa nos assuntos internos de outro país, o que fere antigos tratados. Na hora H, não foi ouvida nem cheirada sobre o acordo que pôs fim à crise.
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