DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Cúpula do partido evita associação entre críticas e bate-boca eleitoral
Julia Duailibi
Um dia após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ter falado em "inércia" da oposição, a cúpula do PSDB buscou desassociar as críticas do tucano de um bate-boca eleitoral com o PT. A cúpula do partido admite, no entanto, que as declarações de FHC e seu artigo publicado domingo no Estado, no qual atacou o governo federal e o PT, preenchem um vazio no momento em que o PSDB encontra dificuldade de afinar o discurso oposicionista.
"Ele falou fundo para formadores de opinião e setores empresariais, e a sociedade entendeu. Disse o que a sociedade pensa. Não tem a ver com oposição. Ele colocou a discussão política em outro patamar", defendeu o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, em referência ao artigo em que o ex-presidente afirma que o governo flerta com o "autoritarismo popular".
Os dois nomes cotados no PSDB para disputar a Presidência em 2010, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), têm evitado criticar o governo federal, que é bem avaliado pela maior parte do eleitorado.
Secretário da Casa Civil do governo Serra, Aloysio Nunes Ferreira avalia que as críticas de FHC estão "além do debate eleitoral". "São uma pancada que atinge o cerne da prática política e administrativa do governo federal", afirmou.
Ministro no governo FHC, Paulo Renato Souza, atual secretário paulista da Educação, afirmou que o tucano tocou nos "pontos mais importantes que ninguém tinha coragem, nem clareza de tocar". "Não acho que foi um bate-boca porque não foi ofensivo. Tratou de argumentos políticos. Ele tem expertise para fazer isso", declarou.
Para o deputado Jutahy Júnior, próximo de Serra, as declarações do ex-presidente não têm conotação eleitoral. "Comportamento eleitoral tem outro molde, tem uma dinâmica própria. Elas contribuem para o debate de qualidade no País."
Na opinião do deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES), as comparações entre as gestões petistas e tucanas devem ser feitas de acordo com a "tarefa histórica" de cada governo. "Ele fez uma análise precisa da realidade política", afirmou o parlamentar. O secretário-geral do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), próximo de Aécio, avaliou que as declarações são "um grito forte da oposição". "As declarações contribuem para o País e preenchem uma lacuna na oposição", declarou.
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