As pesquisas recém-divulgadas do Ibope (para a CNI) sobre a avaliação do presidente e do governo e a corrida para o comando do Palácio do Planalto de um lado mostram que Lula, com 83% de aprovação, praticamente recuperou o máximo de popularidade obtido antes da crise econômica internacional, 84%, de par com aumento de 3%, para 72%, dos índices de ótimo e bom atribuídos ao Executivo; e, de outro lado, mantêm a incerteza a respeito de uma variável relevante da disputa eleitoral maior de 2010: em que grau ele conseguirá transferir a popularidade para Dilma Rousseff. A qual, no levantamento específico, embora tenha crescido de 15% para 17%, viu crescer também, de 20% para 21%, a vantagem sobre ela do oposicionista José Serra, que aparece com 38% de intenções de voto.
As apostas de Serra em que esse grau poderá ser bem reduzido – numa campanha em que se empenhará em contrapor seu perfil ao da candidata governista e não à sedutora imagem do presidente – e em que preservará nos próximos meses a liderança até aqui mantida em todas as pesquisas constituem os argumentos básicos da sua persistente postura em defesa do retardamento para março da escolha do candidato do PSDB. Retardamento que lhe daria tempo para convencer o mineiro Aécio Neves a acertar a vice em sua chapa, ou para o plano B de uma reeleição considerada tranqüila para o governo de São Paulo.
Já o tempo político de Aécio, para tal escolha, apóiase em cálculos e objetivos bem diferentes. Seu argumento mais forte é que empurrar a definição para março favorece a montagem da ampla composição partidária pró-Dilma trabalhada pelo estado-maior do Planalto. Montagem que, avalia o governador de Minas, combinada com a alta popularidade de Lula e o bom horizonte da economia, encaminhará a disputa para um cenário muito desfavorável à oposição, mas que ele como candidato, com a reconhecida capacidade de agregação que tem, conseguiria frustrar, atraindo parte das legendas da base governista e criando grande dificuldade à formalização da aliança PT-PMDB. É na perspectiva de que poderá cumprir com sucesso um papel desse tipo, que o tornaria um concorrente bem competitivo ou o projetaria depois, no caso de derrota, como principal líder oposicionista, com largo futuro à vista por ser ainda bastante jovem, que Aécio afirmou enfaticamente esta semana em Belo Horizonte que no início de janeiro trocará o projeto presidencial pelo de senador por seu estado. Assim, e reiterando a exclusão da hipótese de candidatura a vice, ele busca forçar Serra a assumir logo a pró-prio candidatura (sacrificando o plano B de reeleição) ou a admitir o apoio a seu nome.
No encontro que ambos terão sexta-feira em Teresina, José Serra certamente rejeitará tais alternativas e tentará um entendimento que estenda pelo menos até fevereiro a definição da candidatura. Seu nome segue sendo o preferido da direção dos tucanos e também das dos partidos aliados – DEM e PPS -, o que é reforçado pelo novo levantamento do Ibope. Mas Aécio parece determinado a não acertar esse entendimento. Num contexto em que uma
evidência clara de caminhos divergentes dos dois terá inevitáveis desdobramentos negativos para o PSDB e o conjunto da oposição, já afetado neste final de ano pelo megaescândalo do governo do DEM no Distrito Federal (cujos efeitos iniciais não foram mensurados nas pesquisas do ibope, realizadas entre 26 e 30 de novembro).
Jarbas de Holanda é jornailista
As apostas de Serra em que esse grau poderá ser bem reduzido – numa campanha em que se empenhará em contrapor seu perfil ao da candidata governista e não à sedutora imagem do presidente – e em que preservará nos próximos meses a liderança até aqui mantida em todas as pesquisas constituem os argumentos básicos da sua persistente postura em defesa do retardamento para março da escolha do candidato do PSDB. Retardamento que lhe daria tempo para convencer o mineiro Aécio Neves a acertar a vice em sua chapa, ou para o plano B de uma reeleição considerada tranqüila para o governo de São Paulo.
Já o tempo político de Aécio, para tal escolha, apóiase em cálculos e objetivos bem diferentes. Seu argumento mais forte é que empurrar a definição para março favorece a montagem da ampla composição partidária pró-Dilma trabalhada pelo estado-maior do Planalto. Montagem que, avalia o governador de Minas, combinada com a alta popularidade de Lula e o bom horizonte da economia, encaminhará a disputa para um cenário muito desfavorável à oposição, mas que ele como candidato, com a reconhecida capacidade de agregação que tem, conseguiria frustrar, atraindo parte das legendas da base governista e criando grande dificuldade à formalização da aliança PT-PMDB. É na perspectiva de que poderá cumprir com sucesso um papel desse tipo, que o tornaria um concorrente bem competitivo ou o projetaria depois, no caso de derrota, como principal líder oposicionista, com largo futuro à vista por ser ainda bastante jovem, que Aécio afirmou enfaticamente esta semana em Belo Horizonte que no início de janeiro trocará o projeto presidencial pelo de senador por seu estado. Assim, e reiterando a exclusão da hipótese de candidatura a vice, ele busca forçar Serra a assumir logo a pró-prio candidatura (sacrificando o plano B de reeleição) ou a admitir o apoio a seu nome.
No encontro que ambos terão sexta-feira em Teresina, José Serra certamente rejeitará tais alternativas e tentará um entendimento que estenda pelo menos até fevereiro a definição da candidatura. Seu nome segue sendo o preferido da direção dos tucanos e também das dos partidos aliados – DEM e PPS -, o que é reforçado pelo novo levantamento do Ibope. Mas Aécio parece determinado a não acertar esse entendimento. Num contexto em que uma
evidência clara de caminhos divergentes dos dois terá inevitáveis desdobramentos negativos para o PSDB e o conjunto da oposição, já afetado neste final de ano pelo megaescândalo do governo do DEM no Distrito Federal (cujos efeitos iniciais não foram mensurados nas pesquisas do ibope, realizadas entre 26 e 30 de novembro).
Jarbas de Holanda é jornailista
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