DEU EM O GLOBO
Governo fechou mais de mil lojas em uma semana por alta de preço
CARACAS. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou ontem que vai expropriar a rede de hipermercados Exito, controlada pelo grupo francês Casino, por reincidência em especulação de preços. Desde segunda-feira passada, o governo venezuelano vem fechando temporariamente estabelecimentos comerciais que têm elevado preços "sem justificativa econômica". Mais de mil já foram fechados, segundo o último o informe divulgado no fim de semana.
- Até quando vamos permitir que uma multinacional venha aqui fazer isso? Ordeno que seja aberto um processo e espero a nova lei para iniciar a expropriação da rede Exito - disse Chávez em seu programa de rádio e televisão, "Alô Presidente".
Ele também ordenou a retomada do processo de expropriação do shopping Sambil La Candelaria.
Na sexta-feira passada, Chávez pedira à Assembleia Nacional para alterar a lei de proteção ao consumidor, de modo a expropriar lojas e mercados que remarquem o preço de seus produtos. As instalações passariam a ser usadas pela rede estatal de distribuição e venda no varejo Corporação de Mercados Socialistas (Comerso), que abarca desde restaurantes até concessionárias de veículos e oferece produtos a preços baixos.
- Isso (a rede Exito) tem que passar para a propriedade da nação. Isso pode ser perfeitamente da Comerso. Passará a ser da República e não há como voltar atrás - disse Chávez, segundo o jornal "El Universal".
Chávez já estatizou diversas empresas dos setores siderúrgico - como a Sidor -, elétrico, de comunicações, entre outros.
Quatro filiais da Exito foram punidas semana passada com fechamento por 24 horas pelo órgão de proteção ao consumidor, o Indepabis. O grupo colombiano Antioqueño detém fatia minoritária na rede. O Casino, acionista majoritário da Exito, é aqui no Brasil um dos donos do Pão de Açúcar.
Durante a primeira semana do Plano Nacional contra a Especulação do Indepabis, foram fechados 1.031 estabelecimentos comerciais, entre padarias, lojas de eletrodomésticos, mercados etc.
Em entrevista a seu ex-vice-presidente José Vicente Rangel, que tem um programa no canal Televen, Chávez minimizou a maxidesvalorização do bolívar, anunciada no dia 8. A entrevista foi reproduzida ontem pela France Presse.
- Ali (Rodríguez, ministro de Energia) comentou comigo sobre um analista que dizia que na Venezuela a moeda não foi desvalorizada e sim reavaliada, porque aqui os comerciantes estavam colocando os preços muito acima do dólar paralelo.
Ex-diretor do BC estima inflação em 45% este ano
Sexta-feira retrasada, Chávez anunciou a criação de duas cotações para o bolívar - uma para bens supérfluos (4,30 bolívares por dólar) e outra para bens essenciais (2,60). O anúncio representou a desvalorização de até 50% da moeda venezuelana que, desde 2005, era fixada em 2,15 bolívares por dólar.
Em entrevista ao "El Nacional", o ex-diretor do Banco Central da Venezuela Domingo Maza Zavala afirmou que a situação das estatais venezuelanas é deplorável e que a inflação no país, hoje em mais de 20% anuais, não ficará abaixo de 45% em 2010.
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