DEU NO VALOR ECONÔMICO
Murillo Camarotto, do Recife e de Fortaleza
Apesar de compor os quadros da administração estadual e de participar da quase hegemônica base de apoio ao governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), o PSDB cearense está dividido em relação à posição que será adotada pelo partido nas eleições deste ano. Alguns deputados tucanos, inclusive, chegam a classificar de "administrativo", em vez de "político", o apoio que é dado ao governador, franco favorito à reeleição. A necessidade de um palanque para o provável candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra, no Estado, bem como as dúvidas que pairam sobre a distribuição de forças na aliança de Cid Gomes, dão margem a anseios de uma candidatura tucana ao governo cearense.
A presença do PSDB no governo é tida como uma das grandes jogadas de Cid para a conquista do maciço apoio do qual goza hoje. Ex-tucano, o governador utilizou seu prestígio e identificação com os antigos correligionários para atrair o PSDB para o seu lado. Assim que assumiu o governo, em 2007, convidou para a Secretaria de Justiça o deputado tucano Marco Cals, ex-presidente da Assembleia Legislativa e um campeão de votos no Estado. Além dele, levou para a Secretaria de Turismo o deputado e ex-presidente da Embratur Bismarck Maia, hoje fora do PSDB. Como resultado, Cid Gomes conta hoje com o apoio de nada menos de 43 dos 46 deputados estaduais do Ceará, unindo, inclusive, PT e PSDB sob o mesmo teto.
"A realidade da política é que cada Estado tem suas características e seus próprios atores. Aqui o PSDB tinha duas facções: a do ex-governador (Lúcio Alcântara) e a de Tasso Jereissati. A verdade é que nunca tive relação com o ex-governador e sempre com Tasso. E já fui do PSDB, isso facilitou", contou Cid Gomes ao Valor.
Em uma reunião realizada na semana passada em seu escritório, em Fortaleza, Tasso consultou os 14 deputados estaduais do PSDB quanto a suas intenções de apoio ao governador nas eleições. Segundo o deputado Tomás Figueiredo, o encontro acabou sem definição. "Um terço defende o apoio imediato à reeleição do governador, um terço prefere esperar mais um pouco e outro terço quer a candidatura própria", revelou. Uma nova reunião foi marcada para fevereiro.
Os que defendem a candidatura própria, entre os quais o próprio Figueiredo, sonham com Tasso Jereissati na disputa, apesar de admitirem que isso seja "quase impossível". Amigo tanto de Cid quanto de Ciro Gomes, o senador deve se limitar mesmo à renovação de seu cargo em Brasília. Ainda assim, os tucanos da corrente própria apostam em nomes novos para o governo, como o deputado estadual Luiz Pontes, o federal Raimundo Gomes e o empresário Beto Studart.
A disputa pelo Senado é outro ingrediente da indefinição do PSDB, que gostaria de contar com o apoio de Cid a Tasso. Ocorre que o PT, aliado de primeira hora do governador, já anuncia a quem quiser ouvir que o ministro da Previdência, José Pimentel, é seu candidato. Declara ainda apoio total ao ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira (PMDB) para a outra vaga, o que deixa o governador com três opções para duas vagas.
De seu lado, Cid Gomes prefere a cautela, em uma estratégia declarada de manutenção do apoio político e velada de conter pelo maior tempo possível uma provável debandada tucana. "Não tenho nada a ganhar antecipando o debate eleitoral. Vou esperar a definição nacional para ver como fica a situação estadual. A Assembleia tem 46 deputados, sendo que conto com o apoio de 43. Se eu antecipar o debate, vou perder muitos", admitiu o governador.
Instado a avaliar a gestão do governador, Figueiredo deu mostras da fragilidade do apoio tucano a Cid Gomes, o que justificaria a cautela do governador. "O governo tem muito projeto interessante, mas nada deslanchou até agora. Ainda não deu resultado algum", alfinetou o parlamentar tucano, que não descarta, inclusive, uma aliança com o provável adversário de Cid nas urnas, o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR). "Nada pode ser descartado", resumiu.
Opinião semelhante foi manifestada pelo deputado Heitor Ferrer (PDT), um dos três que faz oposição declarada ao governador. Ele centrou seu fogo principalmente sobre as áreas da segurança pública e da saúde e apontou o "DNA autoritário da família Gomes" como um dos motivos para a força política do governador.
Já o deputado Nelson Martins (PT), líder do governo na Assembleia, aponta a gestão de Cid Gomes como seu principal ativo político. O parlamentar destacou os investimentos recordes que estão realizados em obras estruturantes, em programas de ensino profissionalizante, em saúde, segurança pública e turismo. Também mencionou a geração de empregos no Estado, a segunda maior da região Nordeste entre janeiro e novembro de 2009, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Questionado sobre a possibilidade de dividir o palanque com o PSDB, Martins foi diplomático:
"O PT apoiou Cid Gomes desde a campanha, integra o governo e estará no palanque. Caberá ao PSDB decidir o que é melhor para eles", afirmou.
Murillo Camarotto, do Recife e de Fortaleza
Apesar de compor os quadros da administração estadual e de participar da quase hegemônica base de apoio ao governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), o PSDB cearense está dividido em relação à posição que será adotada pelo partido nas eleições deste ano. Alguns deputados tucanos, inclusive, chegam a classificar de "administrativo", em vez de "político", o apoio que é dado ao governador, franco favorito à reeleição. A necessidade de um palanque para o provável candidato do PSDB à Presidência, o governador de São Paulo, José Serra, no Estado, bem como as dúvidas que pairam sobre a distribuição de forças na aliança de Cid Gomes, dão margem a anseios de uma candidatura tucana ao governo cearense.
A presença do PSDB no governo é tida como uma das grandes jogadas de Cid para a conquista do maciço apoio do qual goza hoje. Ex-tucano, o governador utilizou seu prestígio e identificação com os antigos correligionários para atrair o PSDB para o seu lado. Assim que assumiu o governo, em 2007, convidou para a Secretaria de Justiça o deputado tucano Marco Cals, ex-presidente da Assembleia Legislativa e um campeão de votos no Estado. Além dele, levou para a Secretaria de Turismo o deputado e ex-presidente da Embratur Bismarck Maia, hoje fora do PSDB. Como resultado, Cid Gomes conta hoje com o apoio de nada menos de 43 dos 46 deputados estaduais do Ceará, unindo, inclusive, PT e PSDB sob o mesmo teto.
"A realidade da política é que cada Estado tem suas características e seus próprios atores. Aqui o PSDB tinha duas facções: a do ex-governador (Lúcio Alcântara) e a de Tasso Jereissati. A verdade é que nunca tive relação com o ex-governador e sempre com Tasso. E já fui do PSDB, isso facilitou", contou Cid Gomes ao Valor.
Em uma reunião realizada na semana passada em seu escritório, em Fortaleza, Tasso consultou os 14 deputados estaduais do PSDB quanto a suas intenções de apoio ao governador nas eleições. Segundo o deputado Tomás Figueiredo, o encontro acabou sem definição. "Um terço defende o apoio imediato à reeleição do governador, um terço prefere esperar mais um pouco e outro terço quer a candidatura própria", revelou. Uma nova reunião foi marcada para fevereiro.
Os que defendem a candidatura própria, entre os quais o próprio Figueiredo, sonham com Tasso Jereissati na disputa, apesar de admitirem que isso seja "quase impossível". Amigo tanto de Cid quanto de Ciro Gomes, o senador deve se limitar mesmo à renovação de seu cargo em Brasília. Ainda assim, os tucanos da corrente própria apostam em nomes novos para o governo, como o deputado estadual Luiz Pontes, o federal Raimundo Gomes e o empresário Beto Studart.
A disputa pelo Senado é outro ingrediente da indefinição do PSDB, que gostaria de contar com o apoio de Cid a Tasso. Ocorre que o PT, aliado de primeira hora do governador, já anuncia a quem quiser ouvir que o ministro da Previdência, José Pimentel, é seu candidato. Declara ainda apoio total ao ex-ministro das Comunicações Eunício Oliveira (PMDB) para a outra vaga, o que deixa o governador com três opções para duas vagas.
De seu lado, Cid Gomes prefere a cautela, em uma estratégia declarada de manutenção do apoio político e velada de conter pelo maior tempo possível uma provável debandada tucana. "Não tenho nada a ganhar antecipando o debate eleitoral. Vou esperar a definição nacional para ver como fica a situação estadual. A Assembleia tem 46 deputados, sendo que conto com o apoio de 43. Se eu antecipar o debate, vou perder muitos", admitiu o governador.
Instado a avaliar a gestão do governador, Figueiredo deu mostras da fragilidade do apoio tucano a Cid Gomes, o que justificaria a cautela do governador. "O governo tem muito projeto interessante, mas nada deslanchou até agora. Ainda não deu resultado algum", alfinetou o parlamentar tucano, que não descarta, inclusive, uma aliança com o provável adversário de Cid nas urnas, o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PR). "Nada pode ser descartado", resumiu.
Opinião semelhante foi manifestada pelo deputado Heitor Ferrer (PDT), um dos três que faz oposição declarada ao governador. Ele centrou seu fogo principalmente sobre as áreas da segurança pública e da saúde e apontou o "DNA autoritário da família Gomes" como um dos motivos para a força política do governador.
Já o deputado Nelson Martins (PT), líder do governo na Assembleia, aponta a gestão de Cid Gomes como seu principal ativo político. O parlamentar destacou os investimentos recordes que estão realizados em obras estruturantes, em programas de ensino profissionalizante, em saúde, segurança pública e turismo. Também mencionou a geração de empregos no Estado, a segunda maior da região Nordeste entre janeiro e novembro de 2009, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.
Questionado sobre a possibilidade de dividir o palanque com o PSDB, Martins foi diplomático:
"O PT apoiou Cid Gomes desde a campanha, integra o governo e estará no palanque. Caberá ao PSDB decidir o que é melhor para eles", afirmou.
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