DEU EM O GLOBO
Na 10ª edição, participantes debatem como será a atuação do movimento no futuro. Lula participará de encontro
Soraya Aggege
Enviada Especial
PORTO ALEGRE. Dez anos depois de lançado, o Fórum Social Mundial (FSM) volta hoje ao berço, em Porto Alegre (RS), para uma edição compacta, mas toda programada para se tornar um tipo de divã das esquerdas. Em plena crise de identidade, o Fórum vai refletir, ao longo de toda a semana, como será sua atuação mundial. Pelo menos quatro vertentes dividem as personalidades históricas: se manter como espaço mundial de ideias avessas ao neoliberalismo, ganhar pernas de ação mais efetivas, se transformar em uma internacional dos movimentos sociais ou, até mesmo, basear uma 5ª Internacional Socialista, admitindo os partidos de esquerda, que frequentam, patrocinam, mas não têm poder no FSM.
— Vamos nos voltar um pouco mais para o próprio umbigo, mirando o futuro. Afinal, o FSM é uma grande articulação da sociedade civil internacional, que tenciona por um outro modelo mais focado no social — disse o educador Sérgio Haddad, um dos fundadores do Fórum.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará dessa análise amanhã à noite, em um evento especial, no Gigantinho, onde deve fazer uma avaliação de seus 10 anos de FSM, quase oito no poder. A ideia é fazer um balanço de seus feitos aos movimentos sociais, que têm criticado alguns setores do governo. A previsão é que Lula participe com a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência.
Neste ano, Lula estabeleceu condições: o encontro com os outros presidentes latinos deve ocorrer apenas na edição do FEM que tem início sextafeira, em Salvador (BA).
Presidente receberá chefes de estado em Salvador O presidente não quer repetir o constrangimento da edição de Belém, em 2009, quando o MST o excluiu de uma programação com outros chefes de estado.
Além disso, a edição de Salvador está sendo patrocinada pelo governo Jaques Wagner (PT) e pelo governo federal, fechados com as centrais sindicais, numa espécie de versão autorizada.
Assim, Lula desembarca do Fórum Econômico Mundial (FEM) em Salvador, entre os dias 30 e 31, para receber os chefes de estado. Dilma deve ter mais agendas nas duas edições. Em Porto Alegre, a pré-candidata do PV, senadora Marina Silva, terá espaços privilegiados.
O trabalho do governo Lula e do PT dentro do FSM segue no sentido de investir em uma das linhas da “terapia” do FSM. O PT e seus aliados, auxiliados pelos movimentos sindicais, querem que o Fórum deixe de ser “purista” e permita sua participação efetiva em todo o processo, inclusive nas decisões. Outros dois governos que pressionam são o de Hugo Chávez (Venezuela), que defende a criação da 5aInternacional dos partidos, ao lado da organização Fórum Mundial das Alternativas, e ainda o de Evo Morales (Bolívia), que tenta montar uma internacional única dos movimentos sociais, sob a grife do FSM.
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos apresentará uma proposta que exclui os partidos do mando e amplia a projeção dos movimentos.
Boaventura disse ao GLOBO que o FSM poderia ter duas pernas: se manter como processo e espaço aberto da sociedade civil e firmar uma voz sobre os grandes problemas do mundo.
— Seria um pensamento que pudesse ser apresentado como o do FSM, mesmo que não fosse único.
Colaborou: Carlos Souza
PORTO ALEGRE. Dez anos depois de lançado, o Fórum Social Mundial (FSM) volta hoje ao berço, em Porto Alegre (RS), para uma edição compacta, mas toda programada para se tornar um tipo de divã das esquerdas. Em plena crise de identidade, o Fórum vai refletir, ao longo de toda a semana, como será sua atuação mundial. Pelo menos quatro vertentes dividem as personalidades históricas: se manter como espaço mundial de ideias avessas ao neoliberalismo, ganhar pernas de ação mais efetivas, se transformar em uma internacional dos movimentos sociais ou, até mesmo, basear uma 5ª Internacional Socialista, admitindo os partidos de esquerda, que frequentam, patrocinam, mas não têm poder no FSM.
— Vamos nos voltar um pouco mais para o próprio umbigo, mirando o futuro. Afinal, o FSM é uma grande articulação da sociedade civil internacional, que tenciona por um outro modelo mais focado no social — disse o educador Sérgio Haddad, um dos fundadores do Fórum.
O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará dessa análise amanhã à noite, em um evento especial, no Gigantinho, onde deve fazer uma avaliação de seus 10 anos de FSM, quase oito no poder. A ideia é fazer um balanço de seus feitos aos movimentos sociais, que têm criticado alguns setores do governo. A previsão é que Lula participe com a ministra Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência.
Neste ano, Lula estabeleceu condições: o encontro com os outros presidentes latinos deve ocorrer apenas na edição do FEM que tem início sextafeira, em Salvador (BA).
Presidente receberá chefes de estado em Salvador O presidente não quer repetir o constrangimento da edição de Belém, em 2009, quando o MST o excluiu de uma programação com outros chefes de estado.
Além disso, a edição de Salvador está sendo patrocinada pelo governo Jaques Wagner (PT) e pelo governo federal, fechados com as centrais sindicais, numa espécie de versão autorizada.
Assim, Lula desembarca do Fórum Econômico Mundial (FEM) em Salvador, entre os dias 30 e 31, para receber os chefes de estado. Dilma deve ter mais agendas nas duas edições. Em Porto Alegre, a pré-candidata do PV, senadora Marina Silva, terá espaços privilegiados.
O trabalho do governo Lula e do PT dentro do FSM segue no sentido de investir em uma das linhas da “terapia” do FSM. O PT e seus aliados, auxiliados pelos movimentos sindicais, querem que o Fórum deixe de ser “purista” e permita sua participação efetiva em todo o processo, inclusive nas decisões. Outros dois governos que pressionam são o de Hugo Chávez (Venezuela), que defende a criação da 5aInternacional dos partidos, ao lado da organização Fórum Mundial das Alternativas, e ainda o de Evo Morales (Bolívia), que tenta montar uma internacional única dos movimentos sociais, sob a grife do FSM.
O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos apresentará uma proposta que exclui os partidos do mando e amplia a projeção dos movimentos.
Boaventura disse ao GLOBO que o FSM poderia ter duas pernas: se manter como processo e espaço aberto da sociedade civil e firmar uma voz sobre os grandes problemas do mundo.
— Seria um pensamento que pudesse ser apresentado como o do FSM, mesmo que não fosse único.
Colaborou: Carlos Souza
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