DEU EM O GLOBO
Três décadas de existência e quase oito anos no poder em Brasília fazem do PT uma legenda de peso na história republicana do país.
Não se pode negar que é positivo o balanço de todo esse tempo de estrada.
Mas ele pode ser mais positivo ou menos, a depender do ângulo pelo qual se avalie o partido.
Assunto encharcado de paixões, contaminado de ideologia, a política é terreno acidentado para quem busca visões equilibradas. Mas é possível fazer um balanço de lucros e perdas. E na coluna dos lucros do PT, está a subordinação ao jogo democrático — embora, por ser uma confederação de frações de esquerda, haja na legenda quem considere a democracia representativa apenas um estágio para a chegada ao “paraíso socialista”. Golpista e autoritária, a visão é minoritária na legenda, diga-se. Além disso, o estado democrático de direito tem antídotos para conter quem deseja derrubálo na marra.
Um salto histórico do PT se confunde com a percepção do seu único líder de expressão, Lula, de que jamais chegaria ao Planalto apenas com os 30% de votos militantes que a legenda costumava atrair. Lula, então, aposentou o discurso raivoso de inspiração revolucionária, abriu o partido a alianças e, ponto culminante da metamorfose — a primeira entre tantas que viriam —, assumiu, por meio da Carta ao Povo Brasileiro, na campanha de 2002, o compromisso de manter as bases da economia de mercado, sem calotes e outros delírios. Foi decisãochave para seu êxito no Planalto.
Lula e PT amadureceram, mas, ao negociarem alianças e apoios, derraparam no clientelismo, na fisiologia.
Como reconheceu o próprio Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, conhecedor dos meandros da legenda, o PT não ficou livre sequer da corrupção, da qual o caso do mensalão é símbolo.
Patrocinador, também, de avassalador aparelhamento da máquina pública, o PT adquiriu vícios de partidos tradicionais, e assim deu sua contribuição para o perigoso descrédito da sociedade na política.
Portanto, também é responsabilidade da legenda trabalhar pela limpeza da vida pública.
Uma faceta positiva desses 30 anos é o fato de a esquerda, ao passar pela experiência de administrar o governo federal, aprender que as velhas fórmulas salvacionistas, se são inadequadas em geral, jamais funcionarão num país com o tamanho e complexidades do Brasil.
Prova deste saudável entendimento é a cúpula do partido rejeitar propostas esquerdizantes para o programa de governo de sua candidata.
O fim do dogma da infalibilidade petista e a dessacralização da esquerda são positivos para a democracia brasileira.
Três décadas de existência e quase oito anos no poder em Brasília fazem do PT uma legenda de peso na história republicana do país.
Não se pode negar que é positivo o balanço de todo esse tempo de estrada.
Mas ele pode ser mais positivo ou menos, a depender do ângulo pelo qual se avalie o partido.
Assunto encharcado de paixões, contaminado de ideologia, a política é terreno acidentado para quem busca visões equilibradas. Mas é possível fazer um balanço de lucros e perdas. E na coluna dos lucros do PT, está a subordinação ao jogo democrático — embora, por ser uma confederação de frações de esquerda, haja na legenda quem considere a democracia representativa apenas um estágio para a chegada ao “paraíso socialista”. Golpista e autoritária, a visão é minoritária na legenda, diga-se. Além disso, o estado democrático de direito tem antídotos para conter quem deseja derrubálo na marra.
Um salto histórico do PT se confunde com a percepção do seu único líder de expressão, Lula, de que jamais chegaria ao Planalto apenas com os 30% de votos militantes que a legenda costumava atrair. Lula, então, aposentou o discurso raivoso de inspiração revolucionária, abriu o partido a alianças e, ponto culminante da metamorfose — a primeira entre tantas que viriam —, assumiu, por meio da Carta ao Povo Brasileiro, na campanha de 2002, o compromisso de manter as bases da economia de mercado, sem calotes e outros delírios. Foi decisãochave para seu êxito no Planalto.
Lula e PT amadureceram, mas, ao negociarem alianças e apoios, derraparam no clientelismo, na fisiologia.
Como reconheceu o próprio Gilberto Carvalho, chefe de gabinete de Lula, conhecedor dos meandros da legenda, o PT não ficou livre sequer da corrupção, da qual o caso do mensalão é símbolo.
Patrocinador, também, de avassalador aparelhamento da máquina pública, o PT adquiriu vícios de partidos tradicionais, e assim deu sua contribuição para o perigoso descrédito da sociedade na política.
Portanto, também é responsabilidade da legenda trabalhar pela limpeza da vida pública.
Uma faceta positiva desses 30 anos é o fato de a esquerda, ao passar pela experiência de administrar o governo federal, aprender que as velhas fórmulas salvacionistas, se são inadequadas em geral, jamais funcionarão num país com o tamanho e complexidades do Brasil.
Prova deste saudável entendimento é a cúpula do partido rejeitar propostas esquerdizantes para o programa de governo de sua candidata.
O fim do dogma da infalibilidade petista e a dessacralização da esquerda são positivos para a democracia brasileira.
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