DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Bloco vai condicionar novos acordos comerciais ao tema
Jamil Chade
Correspondente - Genebra
A Europa exige a libertação de todos os prisioneiros de consciência em Cuba e, em uma mensagem clara a governos latino-americanos, alerta que exigirá cláusulas de direitos humanos nos novos acordos comerciais que o bloco assinará com a região nos próximos meses.
Ontem, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, exigiu que Cuba tome medidas para libertar todos os presos políticos, mas insistiu que prefere o diálogo à estratégia americana de impor embargo contra a ilha.
O debate na Europa sobre como lidar com Cuba voltou ao centro da agenda após a morte do preso político Orlando Zapata, que estava havia 85 dias em greve de fome. A Espanha preside a UE até julho e, como um dos principais pontos em sua agenda, defende uma reavaliação do diálogo com os cubanos.
O que Madri quer é mudar a forma pela qual a UE dialoga com Cuba. Em 1996, ficou estabelecido que o avanço na relação bilateral dependeria de avanços na questão dos direitos humanos em Cuba. Agora, a Espanha quer uma reavaliação objetiva e com visão de futuro dessa estratégia.
Para o governo espanhol, a fórmula de diálogo estabelecida nos anos 90 "não funcionou", já que Havana não apenas não se abriu, como endureceu a repressão. "Queremos resultados", disse o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que também insistiu no diálogo. Mas Grã-Bretanha e Alemanha estão entre os governos europeus que não aceitam uma aproximação com Cuba enquanto não houver um sinal claro do regime de que haverá mais liberdade na ilha.
Zapatero também tentou mostrar que essa aproximação não seria incondicional e cobrou "a devolução da liberdade aos prisioneiros de consciência e o respeito aos direitos humanos". Para Zapatero, essa deve ser uma "exigência fundamental da comunidade internacional".
Catherine Ashton, a chefe da diplomacia europeia, usou exatamente os mesmos termos e exigiu "a libertação incondicional de todos os presos políticos, incluindo os (membros do grupo de 75 dissidentes) detidos e condenados em 2003".
COMÉRCIO
Ontem, os espanhóis deixaram claro que os direitos humanos farão parte da aproximação comercial entre a Europa e a América Latina e não será mais apenas uma questão de retórica. Em março, por exemplo, o Mercosul e a UE voltarão a negociar um acordo de liberalização comercial, paralisado há cinco anos por causa de diferenças de posições entre os dois blocos. Neste semestre, devem ser fimados acordos com Colômbia e Peru. A condicionante europeia, nesse caso, não cita a questão cubana diretamente. Mas é um sinal aos demais governos da região de que a democracia precisa ser mantida. Nos bastidores, uma das preocupações de Bruxelas é com o comportamento de governos como o da Venezuela, que está em processo de adesão ao Mercosul.
CRÍTICA A LULA
O jornal espanhol El País, em editorial, criticou o Brasil e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo silêncio em relação à situação dos direitos humanos em Cuba. "Nem a Europa nem a América Latina, especialmente o Brasil, pode ignorar a morte de um dissidente", assinalou o diário, que instou Lula a "não manter seu silêncio frente a uma ditadura como a castrista", a qual qualificou de "uma das mais liberticidas do mundos". COM EFE E AP
Bloco vai condicionar novos acordos comerciais ao tema
Jamil Chade
Correspondente - Genebra
A Europa exige a libertação de todos os prisioneiros de consciência em Cuba e, em uma mensagem clara a governos latino-americanos, alerta que exigirá cláusulas de direitos humanos nos novos acordos comerciais que o bloco assinará com a região nos próximos meses.
Ontem, o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, exigiu que Cuba tome medidas para libertar todos os presos políticos, mas insistiu que prefere o diálogo à estratégia americana de impor embargo contra a ilha.
O debate na Europa sobre como lidar com Cuba voltou ao centro da agenda após a morte do preso político Orlando Zapata, que estava havia 85 dias em greve de fome. A Espanha preside a UE até julho e, como um dos principais pontos em sua agenda, defende uma reavaliação do diálogo com os cubanos.
O que Madri quer é mudar a forma pela qual a UE dialoga com Cuba. Em 1996, ficou estabelecido que o avanço na relação bilateral dependeria de avanços na questão dos direitos humanos em Cuba. Agora, a Espanha quer uma reavaliação objetiva e com visão de futuro dessa estratégia.
Para o governo espanhol, a fórmula de diálogo estabelecida nos anos 90 "não funcionou", já que Havana não apenas não se abriu, como endureceu a repressão. "Queremos resultados", disse o chanceler espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que também insistiu no diálogo. Mas Grã-Bretanha e Alemanha estão entre os governos europeus que não aceitam uma aproximação com Cuba enquanto não houver um sinal claro do regime de que haverá mais liberdade na ilha.
Zapatero também tentou mostrar que essa aproximação não seria incondicional e cobrou "a devolução da liberdade aos prisioneiros de consciência e o respeito aos direitos humanos". Para Zapatero, essa deve ser uma "exigência fundamental da comunidade internacional".
Catherine Ashton, a chefe da diplomacia europeia, usou exatamente os mesmos termos e exigiu "a libertação incondicional de todos os presos políticos, incluindo os (membros do grupo de 75 dissidentes) detidos e condenados em 2003".
COMÉRCIO
Ontem, os espanhóis deixaram claro que os direitos humanos farão parte da aproximação comercial entre a Europa e a América Latina e não será mais apenas uma questão de retórica. Em março, por exemplo, o Mercosul e a UE voltarão a negociar um acordo de liberalização comercial, paralisado há cinco anos por causa de diferenças de posições entre os dois blocos. Neste semestre, devem ser fimados acordos com Colômbia e Peru. A condicionante europeia, nesse caso, não cita a questão cubana diretamente. Mas é um sinal aos demais governos da região de que a democracia precisa ser mantida. Nos bastidores, uma das preocupações de Bruxelas é com o comportamento de governos como o da Venezuela, que está em processo de adesão ao Mercosul.
CRÍTICA A LULA
O jornal espanhol El País, em editorial, criticou o Brasil e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo silêncio em relação à situação dos direitos humanos em Cuba. "Nem a Europa nem a América Latina, especialmente o Brasil, pode ignorar a morte de um dissidente", assinalou o diário, que instou Lula a "não manter seu silêncio frente a uma ditadura como a castrista", a qual qualificou de "uma das mais liberticidas do mundos". COM EFE E AP
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