quarta-feira, 3 de março de 2010

PSDB amplia Bolsa Família e líder do governo é contra

DEU EM O GLOBO

Senadora acusa tucanos de fazer uso eleitoral do principal programa de Lula

Projeto do senador tucano Tasso Jereissati que prevê um aumento do Bolsa Família vinculado ao bom desempenho escolar das crianças foi aprovado ontem na Comissão de Educação do Senado e seguirá diretamente para a Câmara. Contrariada com a proposta do tucano, que põe a digital do PSDB na grande bandeira de campanha da pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, a líder do governo no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), votou contra. Três outros petistas votaram a favor. "Não consigo entender o motivo esdrúxulo e cruel (da proposta do tucano). Isso vai provocar uma pressão sobre a criança", protestou Ideli, que disse ver um viés eleitoral no projeto e ameaçou recorrer para que haja votação no plenário. Já o senador Cristovam Buarque, do PDT, elogiou a aprovação, dizendo que o projeto "tenta resgatar a filosofia inicial do antigo Bolsa Escola".

Disputa pelo Bolsa Família

Proposta de tucano amplia benefício, mas líder do governo Lula protesta e diz que recorrerá

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA - A Comissão de Educação do Senado aprovou ontem, em caráter terminativo, projeto de lei do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) que prevê aumento do benefício do Bolsa Família para famílias em que as crianças tenham um bom desempenho escolar. Mesmo contrariados com a proposta do tucano, que põe a digital do PSDB na grande bandeira de campanha do presidente Lula e da ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, os líderes governistas não impediram a aprovação da matéria, que agora segue para apreciação da Câmara. Mas a líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), votou contra.

O Bolsa Família é a grande vedete do governo para a campanha de Dilma, e os petistas viram na proposta de Tasso um interesse eleitoral. O projeto foi aprovado por 17 votos a um (o da Ideli). Dos 17 que aprovaram, sete são da oposição, três do PT e os demais aliados do governo. Votaram a favor os petistas Eduardo Suplicy (SP), Paulo Paim (RS) e Augusto Botelho (RR).

Para Ideli, a iniciativa é uma crueldade e representa um retrocesso, uma vez que joga nas costas do menor a responsabilidade pelo aumento da renda familiar: — Não consigo entender o motivo esdrúxulo e cruel (da proposta do tucano).

Isso vai provocar uma pressão sobre a criança, que passa a ser responsável pela renda maior da família.

Quando você coloca essa questão do rendimento escolar no Bolsa Família , como quer o senador Jereissati, você joga nos ombros da criança a responsabilidade de levar dinheiro para casa, e pode gerar situações de maus tratos, de conflito, se a criança não corresponder à expectativa das famílias.

A petista acusou a oposição de querer fazer uso político do projeto em ano eleitoral.

— É uma contradição social, pedagógica e um contrassenso político — acrescentou, dizendo que pretende apresentar recurso para que o projeto seja votado no plenário do Senado e não remetido à Câmara.

Os tucanos admitiram que a ideia é mesmo vincular o nome do partido ao Bolsa Família, que, alegam, é originário do antigo Bolsa Escola do governo de Fernando Henrique Cardoso.

— Este projeto amplia e melhora o Bolsa Família, além de ser um argumento importante para a luta futura do PSDB — admitiu o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra (PE).

Volta a filosofia do antigo Bolsa Escola

Um dos nomes do PSDB cotados para ser vice na chapa presidencial de Serra, Tasso Jereissati disse ter ficado surpreso com a tentativa do governo de barrar seu projeto: — Jogaram pesado para que a proposta não fosse votada, mas a maioria governista não teve coragem de votar contra. O projeto vincula de forma definitiva o PSDB ao Bolsa Família e resgata a proposta do Bolsa Escola, que criamos, ao vincular o adicional do benefício ao desempenho educacional.

A aposta de Tasso é que o valor do benefício do Bolsa Família pode até dobrar.

Os valores do “prêmio” serão definidos em projeto de lei complementar se a proposta for aprovada pela Câmara e sancionada pelo presidente da República. Além do ganho financeiro, alega Tasso, incentivaria também as cobranças por um ensino de melhor qualidade nas escolas públicas.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que implementou programa semelhante quando governou o Distrito Federal, elogiou a proposta: — O projeto tenta resgatar a filosofia inicial do antigo Bolsa Escola.

Apesar da insatisfação de setores do governo, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), provocou: — No governo Dilma, a gente implanta isso — provocou Jucá.

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