quarta-feira, 3 de março de 2010

"Ninguém terá mais dúvida da candidatura Serra", diz Guerra

DEU NO VALOR ECONÔMICO

Raquel Ulhôa, de Brasília

A direção nacional do PSDB estabeleceu prazo até o fim desta semana para que o governador José Serra, de São Paulo, sinalize claramente que será candidato a presidente da República. Para superar a inanição da campanha oposicionista ao Palácio do Planalto, o partido decidiu anunciar o início da formação do "staff" de Serra e transformar dois eventos políticos - um em Brasília, hoje, e outro em Belo Horizonte, amanhã - em atos de afirmação e impulso da candidatura. "Ao término desta semana, ninguém vai ter mais dúvida de que Serra é o candidato", afirmou o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

O PSDB preparou uma recepção festiva para o governador paulista hoje, às 10h, na liderança do PSDB no Senado, onde participará de sessão solene conjunta do Congresso Nacional, em comemoração do centenário de nascimento de Tancredo Neves. Foram convocados para receber Serra deputados e senadores do PSDB e dos aliados DEM e PPS.

O governador paulista, que ainda resiste a se lançar pré-candidato a presidente, foi convencido a participar da sessão no Senado. O governador Aécio Neves (MG), neto de Tancredo, é outro convidado de honra. Amanhã, o mineiro será o anfitrião de outra festa, que vai reunir as principais lideranças tucanas do país - em torno da qual recaem as principais expectativas do PSDB sobre uma posição afirmativa de Serra. Será a inauguração da nova Cidade Administrativa do Estado, que recebeu o nome de Tancredo Neves.

Na sessão solene de Brasília e na inauguração em Belo Horizonte a intenção da cúpula tucana é reforçar publicamente a unidade entre Serra e Aécio. O mineiro ainda não dá segurança ao partido de que será vice na chapa de Serra, mas seu empenho na campanha - independentemente da posição em que estiver - é essencial para a vitória da oposição. Minas é o segundo colégio eleitoral do país e considerado decisivo na eleição presidencial.

A direção do PSDB tem menos pressa com relação à definição sobre o candidato a vice de Serra. As especulações em torno da escolha do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como plano "B" causaram problemas ao PSDB com o DEM. Dirigentes demistas dizem que o partido abriu mão da vice para Aécio mas, não sendo o mineiro, a questão é reaberta.

O fato é que entre os tucanos começam a surgir discussões sobre alternativas a Aécio. Tasso - que publicamente não leva o assunto a sério - é considerado, de fato, um nome forte para compor a chapa com Serra. É nordestino e ganhou conceito de bom gestor como governador do Ceará (por três mandatos). Além disso, como é amigo do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), poderia amenizar os ataques do socialista à chapa oposicionista. Tasso causou fissura no PSDB ao apoiar a candidatura de Ciro a presidente, em 1998.

Os tucanos preferem deixar a questão da vice para um segundo momento. A pressa, agora, é anunciar o nome do governador paulista como cabeça da chapa, para que os tucanos possam começar a se movimentar nos Estados e reagir à ofensiva da campanha de Dilma. A pressão da base partidária sobre a cúpula nacional aumenta a cada notícia de crescimento da ministra Dilma Rousseff nas pesquisas.

O que mais assustou os dirigentes do PSDB foi o Datafolha do domingo, mostrando uma crescimento das intenções de voto em Dilma, queda do desempenho de Serra e redução de 14 para 4 pontos percentuais do favoritismo do pré-candidato tucano.

O fator considerado mais preocupante pelos tucanos é a queda de Serra em São Paulo, maior colégio eleitoral do país e histórico reduto do partido. Na avaliação do tucanato, os estragos causados pelas fortes chuvas conseguiram arranhar a imagem de bom gestor de Serra.

Somou-se a esse fato o desgaste do prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), aliado de Serra. Ele foi alvo de uma decisão da Justiça Eleitoral de primeira instância cassando seu mandato por recebimento de doações supostamente ilegais. Após recurso de efeito suspensivo no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), ganhou o direito de permanecer no cargo até o julgamento final. A acusação não preocupa os tucanos, que admitem o prejuízo eleitoral - ao menos no primeiro momento.

Ontem a executiva nacional do PPS aprovou manifesto em defesa da chapa Serra-Aécio. "Seria sinalizar a toda a sociedade que um novo projeto ético na vida pública e na política é possível. Também simbolizaria a união dois grandes Estados - São Paulo e Minas Gerais - para a construção de um novo pacto federativo, reclamado pelas regiões e demais Estados brasileiros".

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