DEU NA FOLHA DE S. PAULO
Pré-candidata atribuiu omissão de seu nome em evento a cautela em relação à lei, mas juiz contesta explicação
Responsável por fazer fiscalização do pleito no Rio afirma que nome da verde em faixas de ato de Gabeira não fere a lei
Bernardo Mello Franco
Pré-candidata atribuiu omissão de seu nome em evento a cautela em relação à lei, mas juiz contesta explicação
Responsável por fazer fiscalização do pleito no Rio afirma que nome da verde em faixas de ato de Gabeira não fere a lei
Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - O juiz que fiscaliza as eleições no Rio descartou a versão de Marina Silva para a censura ao seu nome no lançamento do pré-candidato verde ao governo fluminense, Fernando Gabeira. O episódio abriu crise no PV. Para disfarçar o incômodo com o aliado, que também é apoiado por José Serra (PSDB), Marina alegou que as faixas foram tampadas para evitar multa eleitoral.
"Não tem nada a ver com política", afirmou, em entrevista à rádio CBN. "Foi uma orientação de quem entende da legislação e não quer extrapolar, como estão extrapolando aí a torto e a direito." A explicação foi contestada pelo juiz Paulo César Vieira de Carvalho. "Não havia propaganda antecipada", disse à Folha. "O evento era do PV, e ela é pré-candidata do partido à Presidência."
A lei eleitoral permite a exposição dos nomes de políticos em reuniões partidárias em ambiente fechado. Como o evento de domingo foi realizado no ginásio de um clube carioca, o juiz disse não ver motivos para a censura ao nome de Marina.
"Se as faixas ficaram na parte interna, não havia problema algum", disse.
EXPLICAÇÃO FREUDIANA
Integrantes da campanha da senadora manifestaram desconforto com o episódio. "É estranho, porque o Gabeira tem compromisso com o partido. Quero vê-lo empunhando a bandeira da Marina", cobrou Luciano Zica, da Executiva Nacional do PV.
Rompido com Gabeira, o coordenador da campanha verde, Alfredo Sirkis, ironizou a repercussão do caso. "Freud explica. Em termos freudianos, é a volta do sublimado. Você sublima uma pessoa e no dia seguinte ela reaparece em todos os jornais", disse ele, que não compareceu à festa.
Uma semana antes, o nome de Gabeira havia aparecido em faixas e cartazes de Marina no lançamento pré-candidatura dela, em Nova Iguaçu (RJ). A festa teve fiscalização do TRE, que não viu irregularidades.
No domingo, além do incidente com as faixas, Gabeira omitiu o nome da aliada em seu discurso. Serra foi citado uma vez. Por acordo de bastidores, nenhum dos presidenciáveis compareceu à festa.
Ontem, Marina e Gabeira passaram o dia tentando negar problemas na aliança. A presidenciável admitiu que a coligação do deputado é "muito delicada", por reunir os partidos serristas PSDB, DEM e PPS, mas disse estar certa de que ele a apoia.
Gabeira repetiu a versão ao ser cobrado por eleitores no Twitter, dizendo que a polêmica estaria "resolvida" e que Marina é sua candidata. O Rio tem importância estratégica para a campanha do PV à Presidência. É o único Estado onde as pesquisas indicam chance de o partido chegar ao segundo turno na eleição para governador.
Para aliados de Marina, seria desastroso ter que dividir o pré-candidato verde com Serra. O tucano, por sua vez, ajudou a construir a aliança de Gabeira e não conta com outro palanque no Estado.
Na entrevista à CBN, Marina cobrou cautela sobre o acordo com o Irã. "O Brasil ainda deve ficar em compasso de espera. É bom não celebrar antes do tempo", disse.
Colaborou THAIS BILENKY, de São Paulo
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